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quinta-feira, 10 de junho de 2010

DEPOIMENTOS !! TDAH


VEJA A SEGUIR ALGUNS DEPOIMENTOS DE ADULTOS PORTADORES DE TDAH


O homem que enrolava

Eu sempre fui assim, sabe? Desde pequeno, só que agora minha vida mudou, as coisas são diferentes quando você é adulto. Tem o trabalho, as outras pessoas que dependem de você e o que você faz. Mas sempre fui um cara que estudava na véspera e acabava passando. Dava uma "enrolada" aqui, outra ali e tudo se ajeitava. Ainda achavam que eu era ótimo aluno. Só que agora, na faculdade, não tem como "enrolar", porque a quantidade de material para estudar é absurda e também muito complexa. Leu, leu; não leu, não consegue "enrolar". Pelo menos a média dos professores. Acontece que acabo me sentindo burro, uma verdadeira fraude, porque consegui chegar até aqui "enrolando" todo mundo sem nunca ter estudado a fundo e me aprofundado nas coisas que deveria.

As pessoas acham que sou pedante quando digo que nunca estudei direito, mas é a pura verdade. Estudar, mesmo, só conseguia quando era em grupo. Aí eu conseguia ficar mais tempo concentrado e decorar a matéria. Sozinho, nunca estudava muito tempo. Levantava, ia fazer outra coisa, beber água, ligar o rádio. Ou então passava de uma matéria para a outra, sem acabar a primeira. Hoje, a impressão que tenho é que minha capacidade de aprendizado se esgotou completamente: não consigo aprender mais nada. Leio, leio e não "fixo" mais nada. Sempre estou voltando para as páginas anteriores para ler de novo e ver se consigo memorizar. Quando memorizo, só dura pouco tempo. O mais impressionante é que isto não ocorre apenas com estudo, mas com as coisas em geral. Vale para pessoas que conheci há algum tempo (e não me lembro, volta-e-meia passo vexames), coisas que aconteceram (e os outros lembram, mas eu não) e até mesmo coisas que comprei e nem lembrava que tinha.

O médico disse que sempre fui assim e que agora que minha vida virou uma loucura de tanto estudo e trabalho é que meu déficit de atenção ficou tão evidente. Segundo ele, o DDA não aumenta, mas a impressão que eu tenho é que fiquei muito pior do que era antes.


A mulher que não fazia as coisas

Você acredita que alguém tenha 35 coisas para fazer num dia? Pois é exatamente isto que eu tenho para fazer na data de hoje, está numerado na minha agenda eletrônica. E sabe por quê? Simplesmente vou repassando coisas que não fiz (e deveria ter feito) para os dias seguintes e a lista vai aumentando. O mais absurdo é que eu não fiz metade do que tinha que ter feito porque fiquei em casa, despreocupada, descansando, "na boa". Ao contrário, fiz um monte de coisas e ainda inventei outras tantas para fazer. Resultado: cada dia que passa me sinto mais estressada e cheia de coisas para fazer e acho que não vou dar conta, mesmo. Não tem jeito de me organizar ou escolher apenas o que é importante. Faço coisas menos importantes na frente (ou no meio, o que é mais comum) de coisas importantes que deveria fazer.

E não tem jeito. Já tentei me organizar, usar uma agenda como uma pessoa normal. Eu anoto e depois não consulto. Ou então anoto e nunca acho a anotação que queria. Procuro algo que eu tenho a absoluta certeza que anotei - o número de um documento, por exemplo - e não lembro sequer de que período foi feita a anotação (não lembro nem da época do fato) e tenho que procurar dia por dia, por meses a fio. Isto quando eu não "olho por cima", sem realmente ler cada coisa.

Esta lista atual mesmo provavelmente não corresponde à realidade. Tem ítens que já estavam há tanto tempo que eu deletei e não coloquei mais para os dias seguintes. Outros importantíssimos (acabei de lembrar de um neste exato momento que estou falando com o Sr.) nem estão listados.
Esta história de agenda e lista de coisas a fazer é recente; decidi isto porque sou muito desorganizada. Só para se ter uma idéia, tenho que despejar um inquilino que não paga o IPTU. Pois bem: não sei onde está o contrato, não acho os carnês anteriores do imposto e meu advogado diz que não pode me ajudar se eu não encontrar os documentos. E os meu clientes ainda têm uma enorme confiança em mim e no meu trabalho, me acham super-competente e organizada ! Como, eu não sei...


Achei o que não procurava!

Tenho 36 anos, separado, cinco filhos uma neta e estou agora aqui na frente do meu PC com os olhos cheios d'água porque acabei de ler um depoimento chamado...(tive que voltar a página para ler novamente)... O HOMEM QUE ENROLAVA. Lendo esse texto vi minha vida passar na minha mente, praticamente 80% do que está escrito já se passou na minha vida e a razão desta minha emoção é saber que isso, que me acompanha desde garoto e já me prejudicou bastante, tem cura, tem controle, tem parâmetros para se identificar em que grau se encontra. Não imaginam como estou contente em ter aberto, novamente, ontem, a revista EXAME e ter encontrado uma matéria fantástica sobre o DDA. Já são 18.05 hs de quinta-feira e preciso ir agora, mas garanto que estou indo confiante (e emocionado) que minha vida pode melhorar - ou melhor, vai melhorar. Amanhã mesmo vou ligar nestes números que encontrei aqui e procurar ajuda, logo que puder vou dar meu depoimento do que é minha vida e o que já passei, e quem sabe, mais tarde, dar outro contando os resultados. Estou muito feliz, obrigado a todos que estão engajados neste trabalho. Obrigado.


A mulher distraída

Lendo a matéria da revista EXAME e alguns dos depoimentos deste site, me reconheci em muitos deles: sou distraída (meu namorado diz que não posso ter nada caro porque perco tudo...), nunca consigo me fixar por muito tempo em conversas, estudo ou aulas, sempre me pego "viajando" quando mais queria prestar atenção (embora não tenha dificuldades de concentração em coisas bobas, como literatura "fácil" ou filmes), me distraio até fazendo sexo!

Não aguento mais sonhar acordada, eu sofro por não estar "fixada" no que preciso...


O Eterno Insatisfeito

Das minhas lembranças da infância, existem três que me acompanham sempre. Na verdade, a primeira não pode ser uma lembrança, segundo minha ex-psiquiatra, pois isso é impossível. Mas continuo a afirmar: é uma lembrança! Desde minha mais tenra idade, isso quer dizer, logo que nasci, há como que um vulcão dentro de mim querendo explodir. Lembro de estar no berço e sentir uma extrema angústia, como se não deveria estar ali, como que se quisesse voar, me libertar, fugir. Era muito angustiante estar ali preso, sem pode falar ou caminhar. Estranho lembrar disso, mas eu lembro!!! A segunda é sobre o maior prazer da minha infância e que me proporcionava tamanha alegria que nunca mais senti igual: minhas brincadeiras ao ar livre, no mato, correndo na rua, sem ter que prestar atenção em nada, em ninguém. Subia em árvores e me atirava de dois, três metros de altura sobre arbustos. Entrava nas partes de mato mais fechadas, onde ninguém se arriscava. A terceira, é sobre minhas dificuldades na escola e nos estudos. Dos sete aos doze anos de idade, NUNCA estudei. Não conseguia, simplesmente. Era uma tortura! As escolas em que estudei eram públicas e não era exigido muito de seus alunos. Assim, nunca precisei estudar e tirava sempre notas boas. Meus professores ficavam irritados, pois nunca parava quieto nas aulas, conversava durante a aula e dispersava a todos. No boletim, o de sempre: bom aluno, tira boas notas, mas seu comportamento é muito ruim. Precisa melhorar! Ou então: é bom aluno mas não se esforça o suficiente! Todos diziam que eu era indisciplinado e que não respeitava ninguém. Isso me deixava triste, pois não podia controlar isso. Tinha fama de relaxado e pouco esforçado.

Minha mãe sempre fala que eu era um terremoto, um capeta. Até os quatro anos, gritava e fazia o maior fiasco quando queria alguma coisa, como subir na mesa de doces no aniversário de algum amigo. Conta ela que meu primo, bem mais tranqüilo que eu, ganhou uma caixa para ficar dentro brincado quando tínhamos quatro anos (temos a mesma idade. Meu primo passava o dia dentro da caixa brincando. Então ela resolveu fazer uma para mim. Quando me colocou dentro, o fiasco: comecei a gritar e gritar até que me tiraram de lá. E sempre foi assim segundo ela. Nada me satisfazia, não ficava quieto nunca, não conseguia brincar nem por meia hora dentro de casa ou com algum brinquedo que tivesse ganhado. Ela (e outras pessoas mais próximas) sempre diz: ninguém conseguia te agüentar. Sempre me senti muito, mas muito diferente. Nada me satisfazia durante muito tempo, tudo passava a ser um tédio com o tempo, principalmente depois que as minhas brincadeiras na rua (correndo, pulando e escalando sem parar) não faziam mais sentido, pois já era adolescente. Então comecei a procurar uma resposta de forma incessante para minha angústia, minha insatisfação. Freqüentei diversas religiões, tentei trabalhar num escritório (um terror, esquecia as coisas, me atrasava, levava bronca toda semana). Lia livros de toda espécie, sempre procurando uma explicação (nem preciso dizer que não conseguia ler o livro inteiro). Então, até que enfim, aos 15 anos, achei o alívio que tanto procurava: nas drogas. Usei muita, mas muita droga durante quatro anos. As minhas preferidas eram do tipo estimulante cocaína, anfetaminas. Não gostava de maconha e álcool. Isso durou até os dezenove anos, quando decidi por conta própria abandonar o vício. E consegui, graças a Deus! Eu sou do interior do RS e me mudei para Porto Alegre há sete anos. Aqui, fiz de tudo. Dei aulas de computação, fiz um semestre de engenharia, um ano de jornalismo, trabalhei um ano na companhia de telefonia, fiz um pouco de tudo. Mas nada me satisfazia. De uma hora para outra, resolvi fazer medicina. Estudei durante oito meses de uma forma absurda. Hoje nem acredito que pude fazer aquilo. Se ficasse acordado por dezesseis horas num dia, estudava pelo menos doze. Mas consegui, passei. Só que após algum tempo de entusiasmo e empolgação, tudo voltou ao normal. Fico entediado de estudar. Demoro para fazer as coisas que devem ser feitas. Agora estou no internato. E agora a cobra está fumando. A exigência é grande, não tem moleza. Os residentes nos cobram muito, preciso ficar atento a tudo, preciso chegar na hora... E isso para mim é um verdadeiro sacrifício sobre-humano. Vejo meus colegas levarem numa boa e não entendo como eu me enrolo tanto, me canso tanto. Após três horas atendendo, me sinto um trapo, um traste de tão cansando. Bem, nesse meio tempo, fiz sete anos de psicoterapia. Mas nada mudou em todas as tentativas de orientação, medicação. Continuo sofrendo esse eterno dilema de querer fazer as coisas e simplesmente não conseguir. Por exemplo, ler um bom livro, ler periodicamente artigos e outras coisas de medicina, sair para me divertir, conversar conseguindo expressar as milhões de coisas que vão me passando pela cabeça, parar de ler todas as placas de anúncio, de trânsito e de carro quando caminho pelas ruas, usar internet sem ter que abrir quatro, cinco, seis janelas ao mesmo tempo, organizar meu dia seguinte, parar de sentir tédio. Mas agora estou feliz! Encontrei pessoas muito parecidas comigo e fiz o meu diagnóstico: déficit de atenção. Vou procurar nesta semana o serviço do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, pois preciso de orientação. Estou feliz, mas ainda assim entediado.


Menina diferente

Minha mãe conta que desde que sou pequena sabe que tenho algo diferente... Sempre tive dificuldades de me concentrar em tudo o que fazia. Procurei ajuda para entender porque estudava tanto e meu rendimento era tão baixo, pois esquecia 50 por cento do que já tinha estudado ou então me dispersava muito na prova. Agora tenho 23 anos e ainda sofro muito com isso. Também passei a ter depressão, a ponto de ficar boa parte do dia deitada sem fazer nada. Quanto aos sintomas de TDAH, acho que eles são: minha incrível capacidade de sonhar acordada (passo muito tempo do dia assim), não conseguir cumprir metas, respeitar horários, ter disciplina. Tento me esforçar para ter mais organização e força de vontade, mas não consigo. Algumas vezes acordo e quero fazer tudo naquele dia, planejo, etc. Mas ao final do dia já estou com preguiça e adio tudo mais uma vez. A preguiça é um sintoma constante na minha vida... e me odeio por isso... gostaria de ter autocontrole total de mim.


Férias terrivelmente relaxantes

Meu marido nunca tinha percebido com tanta clareza a minha total incapacidade de relaxar e permanecer quieta. Como ambos trabalhamos muito e eu levo trabalho das crianças da escola para casa, estou sempre ocupada. Nos fins-de-semana estou sempre preparando algo ("é inadiável, desculpe querido") ou então me ocupando dos filhos. Quando não estou me ocupando dos filhos, estou resolvendo problemas da casa.

Pois bem, ele resolveu nos dar de presente um final de semana num desses hotéis tipo resort, no Nordeste, que só tem praia e mais nada para fazer. Nada, mesmo ! Logo no final do primeiro dia eu parecia uma doida andando de um lado para outro procurando o que fazer. Andava na praia, corria na areia, ia para a piscina, voltava para a praia. Abria e fechava o livro. Inventava alguma coisa o tempo todo. No segundo dia já estava querendo ir embora. É engraçado que eu sempre fantasio situações de relaxamento, como uma casa no campo, coisas assim. Mas descobri que sou incapaz de suportar uma vida monótona.

Sabe de uma coisa? A tal da hiperatividade do DDA não é apenas física, é mental também. Minha mente não consegue ficar parada nem por um instante. Até mesmo na fila do banco (que é um suplício, imagino que para todo mundo que tem DDA) eu fico fazendo brincadeiras mentais com os dizeres dos pôsters ou fantasiando situações, "voando" como se diz. Por isso é que me ocupo o tempo todo. Eu costumo dizer que descanso carregando pedras. Não consigo ficar sem fazer nada. Bem, no final da viagem meu marido tirou uma conclusão (que eu já estava cansada de saber): nossa filha tinha a quem puxar. Ela estava em tratamento para DDA há pouco menos de um ano.

Mas, por outro lado, é justamente esta energia toda que me fez chegar até onde cheguei, ser considerada uma excelente profisssional. As pessoas não me vêem como "estressada" ou "hiperativa", apesar de ser exatamente assim que eu me sinto.




Qualquer pessoa se enquadra nestes depoimentos descritos.

Procure ajuda ainda é tempo!
Fonte do Texto

Imagem do google

http://www.tdah.org.br/