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segunda-feira, 18 de julho de 2016

Educando uma Criança com TDAH




A maioria das crianças se entusiasmam pela escola. Mas para a minha filha de oito anos, a escola representa sérios desafios. As probabilidades são colocadas pesadamente contra ela. Eu posso ver e sentir sua apreensão enquanto ela verifica seu material uma última vez. Ela sobe ao meu colo precisando de um apoio extra. Ao me abraçar, acaricio seu cabelo recém-lavado, e suavemente falo uma vez mais o quanto eu a amo Que ela vai conseguir e que será bem sucedida. Em sua forma única e original.

Em sua testa há um rótulo invisível onde se lê: “TDAH" Esta palavra entrou na minha vida e se tornou parte do meu vocabulário há nove meses, em um consultório médico. Olhando para trás, percebo que com a idade de dois anos tornou-se evidente que ela era mais ativa e mais difícil de controlar do que a média das crianças. No entanto, não me ocorreu naquele momento que algo estava realmente errado. Achava que estava lidando com um tipo de personalidade.

Lembro-me que eu estava ocupada com ela a partir do momento em que ela acordava até a hora em que ia dormir e fechava os olhos. A fim de lidar com a sua hiperatividade e sua capacidade de destruir a casa (literalmente), eu praticamente me mudei para o parque, que felizmente, ficava ao virar a esquina do meu apartamento. Acho que eu poderia ter vencido o Guinness em "a mãe que fica mais tempo no parque"! Eu sentei lá por praticamente sete anos! Com chuva ou sol, lá estávamos nós.

No inverno, eu aquecia nós duas com camadas de roupas. Na chuva, usávamos botas de borracha e capas de chuva plásticas. No verão, passávamos protetor solar! Eu estava bem equipada. Eu embrulhava o jantar para dois e levava ao parque. A mesa do parque não tinha uma toalha que ela poderia tirar fora! O parque não possuia paredes para escalar, armários para desmontar, ou camas para saltar. Tinha gangorras, escorregadores, barras e balanços além de muita grama para correr. Exatamente o que ela precisava! E foi assim que consegui administrar. Sou uma pessoa do tipo orientada a soluções; então para mim esta foi a solução.

Infelizmente, isto não solucionou os problemas acadêmicos e questões sociais e emocionais de minha filha que vieram à tona, ao longo do tempo. Nossas finanças também sofreram, como os meus planos para "voltar ao trabalho depois que o bebê se torna-se grande o suficiente" nunca se concretizaram. Ela era sinônimo de trabalho em tempo integral. O que nos restou foi ter que administrar o modesto salário do meu marido.

Um dia, no meio de seu ano letivo da primeira série, recebi um telefonema de sua escola informando-me que uma reunião havia sido programada e eu deveria estar lá. No fundo, eu sabia que a hora de enfrentar os obstáculos havia chegado. Então lá estava eu em uma cadeira dobrável de metal (meu marido sentiu-se incapaz de deixar o trabalho para comparecer), olhando através de uma mesa para o diretor da escola, seu assistente e professores! Embora tivessem sido muito educados e estivessem realmente preocupados com o bem-estar da minha filha, me senti como uma ovelha enfrentando lobos. Não morderam minha cabeça como eu esperava, mas declararam que minha filha estava ficando para trás em seus estudos, tanto em Inglês quanto Hebraico, e que perturbava muito as aulas. Continuaram dando mais detalhes como o fato de ela levantar-se-se a hora que queria no meio da aula, não obedecia regras nem instruções, respondia questões sem ser chamada… Como se isso não bastasse, me informaram que ela era socialmente um "desastre". Eles me instruiram a levá-la a um psiquiatra, para avaliá-la e receber tratamento necessário.

Não perdi tempo em resolver este assunto o quenato antes. Fiz muitos telefonemas e uma extensa pesquisa tentando encontrar o psiquiatra mais competente. Quando minha filha foi finalmente diagnosticada, senti uma mistura de emoções. Fiquei aliviada ao saber que uma situação até então incompreensível, ao menos estava agora fazendo algum sentido. Também senti que um problema que possui uma classificação, também pode ter uma solução. No entanto, ao mesmo tempo, senti-me esmagada e isolada. Eu estava preocupada que o diagnóstico se tornaria um rótulo usado para julgar e condenar minha filha. Eu me questionava como ela conseguiria lidar com a escola e o mundo lá fora.

Não tive qualquer apoio do meu marido, que negava tudo e continuava a insistir que TDAH não é uma desordem real. "O que ela precisa", insistia ele, "é uma mão de ferro!" Ele, como ocorre com muitos pais, tinha dificuldade em admitir o fato de que sua filha não era como todo mundo.

Tendo uma aversão permanente ao uso de qualquer tipo de medicamento, para mim aceitar o fato de que minha filha pudesse precisar de estimulantes, a fim de capacitá-la a funcionar na escola não foi nada fácil. (aliás, tenho certeza que muitos de vocês estão se perguntando por que uma criança hiperativa precisa de estimulantes. Minha filha e suas colegas de TDAH parecem ser orgulhosas proprietárias de cérebros subdesenvolvidos que têm falta de atenção. Ritalina atinge essa parte do cérebro e ajuda a melhorar a concentração e foco.) Após exaustiva pesquisa cedi a cumprir as recomendações médicas e ela começou a tomar uma dose bem baixa. Embora no início ela tenha tido alguns efeitos colaterais, como dificuldade para adormecer e uma diminuição do apetite, com o tempo esses sintomas diminuíram consideravelmente, e devo confessar que a medicação fez uma enorme diferença em nossas vidas.

As coisas pareciam resolvidas e terem entrado em uma rotina. Surpreendentemente, esta semi-pausa me deu tempo de parar e pensar (um luxo que eu não tinha há muito tempo), e percebi que por trás de meu alívio havia um forte sentimento de perda e decepção. Inconscientemente, eu tinha imaginado uma criança que, como eu, seria uma estudante destacada e popular entre as colegas.

Uma onda de raiva e auto piedade tomou conta de mim. Por que justo eu havia sido eleita para enfrentar este problema? Por que minha filha, tão inocente precisa lutar com esta deficiência? Por que meu marido não poderia ser mais solidário? Por que as pessoas de fora não eram mais compassivas e compreensivas com minha filha?

Estas questões permaneciam em minha mente ao longo dos dias. Uma noite, depois de um dia cansativo como sempre, afundei no sofá, recostei minha cabeça e fechei os olhos. Alguns segundos depois (é assim que me pareceu, mas poderia ter sido mais), abri meus olhos, pronta para terminar as tarefas da noite, quando vi minha filha em pé, parada ao meu lado. Estava mais do que um pouco surpresa, pois não conseguia lembrar de tê-la visto assim desta forma, ao meu lado em pé. Ela olhou para mim com um ar sério como um adulto, e perguntou: "Mamãe, você me ama?" Fiquei parada sentindo um aperto forte na garganta. Estendi minha mão e puxei-a para meu colo abraçando-a bem forte: “Claro que sim!” E sussurrei. "Eu te amo muito!"

Depois que ela tinha adormecido e eu estava lavando os pratos na cozinha, pensei sobre o que tinha recém acontecido. Eu estava cuidando das tarefas, de tudo o que precisava ser feito, mas não estava cuidando de mim mesma. Eu não estava estava me alimentando fisicamente, emocionalmente e espiritualmente, e foi isto que resultou em meus ressentimentos. Minha filha percebeu isto. Comecei a prestar atenção aos meus hábitos alimentares, cortando alimentos nocivos, incluindo alimentos ricos em vitaminas e suplementos adicionais a minha dieta. Entrei para um grupo de danças e adicionei uma série de "vitaminas e exercícios espirituais", que gostaria de compartilhar com vocês.

A primeira, é claro, é a vitamina A-Aceitação. Aprendi a aceitar minha vida como ela é.

A segunda é a vitamina E- Evidência. Evidencio que nada na vida acontece por acaso. Tudo é parte de um plano mestre orquestrado por um D’us amoroso, e ambos nossos dons e nossas lutas são feitos sob medida para nos guiar em direção ao crescimento e desenvolvimento espiritual.

A vitamina C é a Coragem. Eu tenho a coragem de seguir em frente apesar das incertezas e medos.

A vitamina D está para Determinação. Estou determinada a superar as minhas fraquezas e focar em D’us ao invés de em mim mesma.

Vitamina F? Você adivinhou- Fé. Reafirmo diariamente que D’us nos acompanha e nos apoia em cada passo do caminho.

Vitamina G é a Gratidão. Quando eu procurar com vontade as coisas pelas quais devo agradecer, ficarei surpresa. Em todas as direções que olho vejo bênçãos. Às vezes observo minha filha comportando-se bem e tornando-se maleável. Eu comecei a dizer "obrigado" a D’us pelo milagre da vida. Comecei a sorrir.

Vitamina H –Humor. Estou começando a reagir com alegria ao invés de frustração. Estou começando a me iluminar. Há tanta coisa para se rir.

E por último, mas não menos importante, é a vitamina P – Prece, que tanto quanto eu saiba, é muito mais eficaz do que Prozac. Ao recitar o Salmo 121, "Levanto meus olhos para o céu, de onde virá a minha ajuda?" Minhas perguntas se dissolvem. "O meu socorro virá do Altíssimo! Aquele que criou o céu ea terra. "

Sentamos juntas na varanda da frente e examinamos o conteúdo de sua mochila, para termos certeza de que nada está faltando. O ônibus escolar amarelo chega e abre a porta. Minha filha corre em sua direção, os cabelos loiros ondulados voando sobre seu rosto em desordem. Ela olha para mim e, nesse segundo, o olhar em seus olhos me diz o que está em seu coração e mente. Ela sabe que de mim sempre receberá amor incondicional. Enquanto ela sobe as escadas do ônibus, sei que ela terá as habilidades necessárias para marchar ao longo do dia. Se houver algo que ela não conseguirá controlar, ela irá informar-me e receber a validação e apoio. Nem sempre posso resgatá-la. Nem sempre poderei resolver seus problemas. Mas posso oferecer um bom ouvido e, quando ela estiver pronta, discutir formas de como ela poderá lidar com a questão. Em situações intensas poderei intervir e lutar por ela. Eu sou sua assistente social, e ela é minha única cliente.

O ônibus escolar parte barulhento pela rua, e minha vizinha do andar de cima desce para me entregar seu bebê de dois meses e uma sacola repleta de suprimentos. Ela está muito feliz em poder sair de casa por algumas horas, e me considera a babá ideal. Minha vizinha se apressa para ir trabalhar na loja de doces de seu tio, onde ela irá decorar cestas e encontrar pessoas. Ela sente-se mais do que feliz em dividir o seu salário comigo, o que lhe rende um dinheirinho e para mim uma renda extra necessária para fechar o mês. Eu mantenho o bebezinho de minha vizinha em meus braços e ele sorri para mim. Depois que eu alimentá-lo e trocá-lo me fará companhia enquanto executo o trabalho doméstico. Seu comportamento plácido nunca deixa de me surpreender. No momento em que minha filha chega da escola, eu vou estar pronta para levá-la ao parque, onde vamos saborear o jantar e fazer algum trabalho de casa.

Minha vida não acabou como retratado ou planejado, e isso está ok para mim. Em vez de uma princesa mimada, estou me tornando uma heroína corajosa. Minha filha olha para mim e seus olhos transmitem confiança e admiração. Nossa jornada está longe de terminar, mas juntas estamos aprendendo a desfrutar do passeio.

http://www.pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/1854988/jewish/Educando-uma-Criana-com-TDAH.html

Janela do Meu Filho






Como pais, nós sabemos mais que os nossos filhos. Somos mais velhos e mais sábios. Temos mais experiência e esta experiência muitas vezes nos torna mais práticos, mais espertos nos caminhos do mundo.
Em nosso desejo de ajudar os nossos filhos, com freqüência nos sentimos inclinados a partilhar este conhecimento com eles, dar-lhes conselho, ou simplesmente dizer a ele o que achamos que pode ser útil.
Mas quando refletimos sobre nossa própria vida podemos achar que ter recebido o conhecimento de uma outra pessoa, ser aconselhado com base na sabedoria dos outros, não ajudou muito. Em vez disso, preferimos descobrir a verdade por nós mesmos. E apreciamos aqueles que ajudaram neste processo de descoberta, em vez de interrompê-lo.
Como pais, desempenhamos muitos papéis e muitas formas de relacionamento são possíveis com nossos filhos. Dentre eles, guia e mentor, amigo, aliado, companheiro e apoio. Devemos dançar delicadamente na corda bamba da sabedoria, autoridade e disciplina, enquanto permanecemos como fontes de amor e aceitação incondicionais.
Vejo estes papéis como complementares, não contraditórios. O fato de sermos próximos aos nossos filhos não enfraquece nossa autoridade; desenvolver a amizade não diminui o respeito; aceitá-los como são não nega a oportunidade de aperfeiçoamento. Ao contrário, é uma questão de tempo, de julgar cada oportunidade para julgar qual aspecto de nosso relacionamento desejamos melhorar num determinado momento.
Em nosso desejo de ensinar e orientar nossos filhos, podemos passar muito depressa por uma etapa essencial: conhecê-los e aceitá-los como são, entender como eles percebem e sentem o mundo que os cerca. Sem este passo, talvez achemos nossos esforços para educar não apenas fúteis, mas também provocar uma rebelião. Conhecer e aceitar nosso filho por aquilo que é, tentando entender como ele vê o mundo, partilhando uma sensação mútua de admiração sobre o mundo, ajudará em nossos esforços na educação e orientação e, ao mesmo tempo, ajudará a nos aproximamos deles.
Em vez de enxergarmos nossos filhos como recipientes vazios esperando para serem cheios, e a nós mesmos como fontes transbordantes de sabedoria ansiosas para enchê-los, vamos imaginar por um momento que possuem seu próprio nível de conhecimento e experiência. E embora não sejamos recipientes vazios, sejamos pelo menos vazios de preconceitos sobre quem são eles e o que eles sabem, e abordar nossos filhos com genuína curiosidade e senso de admiração.
Nem sempre os filhos fazem sentido, porém geralmente há algum sentido naquilo que à primeira vista pode parecer sem sentido. Se você como pai acredita nisso, então sua conversa com seus filhos ajudará a revelar o sentido deles, o significado e a lógica que se escondem por trás das suas palavras. Quando você age assim, passa a fazer parte de uma deliciosa aventura na descoberta daquilo que seu filho pensa sobre o mundo. E se você puder fazer isso sem tentar corrigir o pensamento dele, começará a ver o mundo como ele vê, não importando se ele se conforma ao sentido adulto da realidade como você a percebe.
Assim, um ingrediente chave para esta jornada ao ser interior do seu filho é uma curiosidade genuína sobre quem ele é. Esta curiosidade é isenta de um motivo oculto e vem tanto com o carinho pelo seu filho quanto pela afirmação que a realidade para vocês dois é mais uma questão de percepção que uma declaração de fato. Em outras palavras, o mundo é aquilo que fazemos dele. Aquilo que sentimos e pensamos na verdade depende das lentes através das quais nós vemos o mundo.
Você procura, simplesmente, ter um vislumbre do mundo através das lentes do seu filho, Será uma lente única. Cada um de nós, criança e adulto, vê e entende o mundo de maneira única. Isso desenvolverá confiança e proximidade? Examine os seus relacionamentos com as pessoas que o rodeiam. Num ambiente receptivo, com pessoas que estão realmente curiosas sobre nossa maneira de ver o mundo e que nos encorajam a partilhar nossas percepções; quem entre nós não se torna amigável? Com freqüência, ficamos lisonjeados por tanta atenção, gratificados por que nossas opiniões são procuradas e valorizadas.
Os filhos não são diferentes. Eles também florescem à luz da sua genuína curiosidade e interesse, em sua aceitação e apreciação. Eles sentirão não apenas o seu interesse e carinho, como também como você é enriquecido pelo privilégio de partilhar o ponto de vista de outra pessoa, especialmente a opinião de alguém que você ama.
Você será enriquecido? Certamente. Pois um dos maiores prazeres dessas jornada de descoberta é o presente de partilhar o mundo de outra pessoa. É como se você tivesse recebido a capacidade de ver o mundo com olhos novos, descobrir um mundo tão autêntico quanto o seu, porém completamente desconhecido para você.
Você não está descobrindo o mundo de uma criança, está descobrindo o mundo como ele é visto pelo seu filho. E é um mundo tão real quanto o seu ou outro qualquer. É tão novo quanto uma tela de Rembrandt, tão abrangente quanto Einstein, tão incomum quanto um Van Gogh, tão assustador quanto um livro de Edgar Allan Poe. Um mundo que tem sua própria harmonia e lógica, se você conseguir entrar nele com tempo suficiente para ouvi-lo e entendê-lo.
Um pai relata:
Olhando pela janela, meu filho viu uma árvore cujos galhos balançam sem parar.
"Como a árvore mexe os galhos dessa maneira?" pergunta ele.
Sem me levantar da cadeira, nem tirar os olhos do livro, começo a responder: "A árvore não está movendo os galhos. É o vento…" Mas antes de deixar as palavras saírem, caio em mim. Em vez de falar, levanto-me da cadeira e vou até a janela, para perto do meu filho. Olho para a árvore. Dentro do quarto, por trás da janela fechada, não posso sentir nem ouvir o vento. Vejo apenas uma árvore com os galhos balançando e penso comigo mesmo: dentro desse quarto, como posso ter certeza de que os galhos estão se movendo por causa do vento, em vez de por vontade própria? Enquanto estou ali com meu filho observando a árvore, fico hipnotizado pelo movimento dos galhos, pelo tremular das folhas. Minha mente se aquieta e fico menos seguro sobre o que fazia os galhos se moverem. Seria o vento, ou alguma expressão independente da árvore?
"Percebo o que você quer dizer" – eu disse ao meu filho. "O movimento da árvore é muito bonito."
"Você acha que a árvore está dançando?" ele perguntou.
"Por que ela estaria dançando?"
"Talvez esteja contente porque o sol está brilhando" – disse ele.
"Talvez" – respondo.
"Ou porque é primavera" – acrescenta ele – e não faz mais frio."
"Talvez" – digo novamente.
Enquanto estávamos ali observando a árvore, eu também comecei a discernir a dança da árvore, o movimento e o ondular dos seus galhos, notando algumas nuanças que não conseguira ver antes. Parecia haver um certo ritmo no movimento, primeiro forte, depois suave e gentil, então vigoroso novamente, às vezes quase violento.
"As árvores estão vivas?" pergunta meu filho.
"Sim," respondo, "estão vivas."
"Elas sentem as coisas?"
"Não sei" – respondo. "Por que pergunta?"
"Porque esta árvore parece feliz. Uma árvore pode ficar triste ou feliz?"
"O que quer dizer?" pergunto.
"No inverno, as árvores parecem tristes" – disse ele. "Os galhos ficam caídos, e parecem frias e solitárias. Mas agora, com as folhas no lugar, o sol brilhando e os pássaros cantando, ela parece feliz."
"Deixe-me ver" – eu digo.
Olhamos em silêncio. Observo outras árvores e elas, também estão se movendo com o vento, cada qual num ritmo diferente, e pareciam expressar algo singular e único em seu movimento. Nem toda árvore estava dançando.
"Olhe aquele carvalho grande lá longe" – eu digo. "O que acha que ele está sentindo?"
"Ele também está feliz. Mas não está dançando muito. Acho que isso é porque ele é velho, e talvez seus galhos sejam mais duros. Ou talvez não se entusiasme com o sol e a primavera. Já os viu muitas vezes antes e está acostumado."
"Sim" – concordo, sorrindo por dentro.
Dessa vez, eu amei aquela árvore. Ou pelo menos estava sentindo tanto amor, que era impossível excluir a árvore dos meus sentimentos. E comecei a me perguntar se a árvore estava causando aquelas sensações em mim. Ou a árvore seria um simples catalisador, como o vento, que criava uma reação em mim, assim como o vento provocava uma reação na árvore?
"Você acha mesmo que a árvore está dançando?" perguntei ao meu filho.
"Não sei."
"Não sabe?" perguntei, surpreso pela sua súbita incerteza.
"Se ela estivesse dançando, precisaria de música."
"Ah, entendo" – disse eu – "ela precisaria de música."
E então ele disse:
"Mas talvez a música esteja no vento. Talvez o vento toque uma música que só as árvores consigam ouvir."
"Sim, meu filho, talvez o vento toque uma música que só as árvores possam ouvir."
E comecei a sonhar com cientistas com ouvidos e instrumentos para escutar a música do vento.
Meu filho interrompeu meus pensamentos.
"Pai?" disse ele.
"Sim, filho,"
"Não gosto muito da minha professora na escola."
E então conversamos sobre isso durante algum tempo, ali perto da janela. E embora eu não pudesse ter certeza, tive a sensação de que a árvore estava nos observando, e perguntei-me se nós – a árvore, meu filho e eu – partilhávamos a sensação daquele momento.

BY JAY LITVIN

http://www.pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/607447/jewish/Janela-do-Meu-Filho.html