
A exclusão nas escolas lança as sementes do descontentamento e da
discriminação social. A educação é uma questão de direitos humanos, e as
pessoas portadoras de deficiências devem fazer parte das escolas, que devem
modificar seu funcionamento para incluir todos os alunos. Esta é a mensagem
que foi claramente transmitida pela Conferência Mundial de 1944 da UNESCO
sobre as Necessidades Educacionais Especiais (Liga Internacional das
Sociedades para Pessoas com Deficiência Mental, 1994). Em um sentido mais
amplo, o ensino inclusivo é a prática da inclusão de todos - independente do
seu talento, deficiência, origem socioeconômica ou origem cultural -em escolas
e salas de aula provedoras onde todas as necessidades dos alunos são
satisfeitas. A Constituição Federal de 1988 traz em seu artigo 208, inciso III que
é dever do estado dar o antendimento especializado aos portadores de
deficiências, preferencialmente na rede regular de ensino. Educando todos os
alunos juntos, as pessoas com deficiências têm a oportunidade para se
preparar para a vida na comunidade, os professores melhoram suas
habilidades profissionais e a sociedade toma a decisão consciente de funcionar
de acordo com o valor social da igualdade para todas as pessoas, com os
conseqüentes resultados de melhora da paz social. Para conseguir realizar o
ensino inclusivo, os educadores gerais e especiais e os recursos devem se
juntar em um esforço unificado e consistente.
5 .O ALUNO COM TDAH E A EDUCAÇÃO
Segundo o site www.tdha.org.br o TDAH é um transtorno neurobiológico
de causas genéticas, Razera (2001) p.34 complementa que a maioria dos
pesquisadores suspeita que há uma leve disfunção no metabolismo
neuroquímico ou na produção de determinados neurotransmissores. É
consenso de vários autores de que os principais sintomas do TDAH sáo:
desatenção, hiperatividade psicomotora e impulsividade nas ações. Um ponto
importante ao analisarmos os sintomas do TDAH em relação a escola não é a
forma em que se manifestam, mas sim o contexto em que o aluno está
inserido, ou seja, a forma em que o ambiente escolar, familiar e social acolhe
esse aluno é que vai catalisar seus sintomas, tornando-os mais graves do que
parecem ou amenizando-os a ponto de nem serem percebidos, tendo o aluno
rendimento cognitivo e social igual ou até melhor que os colegas. Essa
afirmação pode ser comprovada em GOLDSTEIN (2006 p. 22) que nos diz:
..., os problemas não se originam das poucas habilidades, mas resultam da
incapacidade da criança de satisfazer as demandas impostas pelo mundo
exterior. Assim uma criança hiperativa que vive numa ilha tropical deserta pode
não desenvolver problemas significativos decorrentes dessas características
do seu temperamento. (...) crianças hiperativas podem apresentar problemas
muito diferentes por terem pais diferentes, professores diferentes, familiares
diferentes e assim por diante.
Portanto é preciso a princípio olhar para dentro da escola, observar
quais as ações adotadas com o objetivo o de acolher não só o aluno com
TDAH, mas sim qualquer aluno com necessidades especiais, a escola tem que
ter a vontade de se desenvolver e acolher esses alunos, o compromisso da
educação tem de ir além da mera transmissão de conhecimentos, GOLDSTEIN
(2006 p. 23) também reforça essa afirmação ao colocar que:
Na nossa sociedade e cultura, seja bom ou ruim, certo ou errado, nós
valorizamos muito as crianças que permanecem calmamente sentadas,
prestam atenção, planejam e conseguem alcançar seus objetivos. Essas
exigências recaem mesmo sobre crianças muito pequenas. A criança
hiperativa, incapaz de satisfazer essas exigências, é uma candidata imediata a
uma infinidade de problemas.
Para que a escola possa favorecer a inclusão desses alunos, a adoção
de metodologias e estratégias adequadas se torna primordial para o seu
sucesso. Aprender a analisar as características de comportamento do aluno
com TDAH é de suma importância, pois essas não condizem com a educação
de ensino tradicional tecnicista e reprodutivista, onde o comportamento
esperado é o citado anteriormente.
A desatenção e distração em crianças com TDAH é muito maior, assim
se a atividade for enfadonha, desinteressante ou repetitiva, maior a dificuldade
encontrada, e essa é uma característica de aulas com pouco compromisso
metodológico. A impulsividade e a excitação excessiva também não vão de
encontro com aulas com poucos recursos e repetitivas.
6 . CARACTERÍSTICAS DO TDAH
Existem muitos comportamentos que possam caracterizar o portador de
“TDAH”, aqui citaremos apenas os que possam ser perceptíveis aos
professores e equipe pedagógica. Segundo Silva (2003) p.20 o comportamento
do TDAH nasce do que se chama de trio de base alterada que são as
seguintes:
4.1. Alteração da atenção: A falta de atenção é o sintoma mais
importantes no comportamento do TDAH, podendo não apresentar apresentar
hiperatividade física, mas jamais deixará de apresentar forte tendência à
dispersão. Para um adulto com TDAH, manter-se atento pode ser um desafio
enorme. O próprio TDAH se irrita com seus lapsos de dispersão.
4.2. Impulsividade: Sua mente funciona como um receptor de alta
sensibilidade, que, ao captar um pequeno sinal, reage automaticamente sem
avaliar as características do objeto gerador do sinal captado. Crianças
costumam dizer o que lhes vem a cabeça, evolver-se em brincadeiras
perigosas, brincar de brigar com reações exageradas e tudo isso pode renderlhes
rótulos desgradaveis.
4.3. Hiperatividade física e mental: Quando crianças se mostram
agitados, movendo-se sem parar em qualquer lugar. A energia hiperativa de um
TDAH pode causar-lhe incômodos cotidianos, principalmente se ele precisar se
adequar a ritmos não tão elétricos.
Ainda segundo Silva (2203) p.28 nos é colocado várias características
do TDAH divididas em quatro grupos decorrentes dos sintomas primários
(desatenção, hiperatividade e impulsividade) e de situações secundárias. Vale
lembrar que se, pelo menos, trinta e cinco das opções forem positivas podem
caracterizar o aluno com TDAH.
1º Grupo: Instabilidade da atenção
1. Desvia facilmente a atenção do que está fazendo.
2. Tem dificuldade em prestar atenção à fala dos outros.
3. Desorganização cotidiana.
4. Apresenta “brancos” durante uma conversa.
5. Tendência a interromper a fala do outro.
6. Costuma cometer erros de fala, leitura ou escrita.
7. Presença de hiperfoco (concentração intensa em um único assunto num
determinado período.
8. Dificuldade de permanecer em atividades obrigatórias de longa duração.
9. Interrompe tarefas no meio.
2º Grupo: Hiperatividade física e/ou mental
10. Dificuldade em permanecer sentado por muito tempo.
11. Está sempre mexendo com os pés ou as mãos.
12. Constante sensação de inquietação ou ansiedade.
13. Tendência a estar sempre ocupado com alguma problemática em
relação a si ou com os outros.
14. Costuma fazer várias coisas ao mesmo tempo.
15. Envolve-se em vários projetos ao mesmo tempo e tende a não concluílos.
16. Às vezes se envolve em situações de alto risco em busca de estímulos
fortes.
17. Freqüentemente fala sem parar.
3º Grupo: Impulsividade
18. Baixa tolerância à frustação.
19. Costuma responder a alguém antes que este complete a pergunta.
20. Costuma provocar situações constrangedoras, por falar o que vem à
mente sem filtrar o que vai ser dito.
21. Impaciência marcante no ato de esperar ou aguardar por algo.
22. Impulsividade para comprar, sair de empregos, romper
relacionamentos, praticar esportes radicais, comer, jogar e etc.
23. Reage irrefletidamente às provocações, críticas ou rejeição.
24. Tendência a não seguir regras ou normas preestabelecidas.
25. Compulsividade
26. Sexualidade instável.
27. Ações contraditórias.
28. Hipersensibilidade.
29. Hiper-reatividade.
30. Tendência a culpar os outros.
31. Mudanças bruscas e repentinas de humor.
32. Tendência a ser muito criativo e intuitivo.
33. Tendência ao desespero.
4º Grupo: Sintomas secundários
34. Tendência a ter um desempenho profissional abaixo do esperado para sua realidade
35. Baixa auto-estima.
36. Dependência química.
37. Depressões freqüentes.
38. Intensa dificuldade em manter relacionamentos afetivos.
39. Demora excessiva para iniciar ou executar algum trabalho.
40. Baixa tolerância ao estresse.
41. Tendência a apresentar intensa capacidade de fantasiar fatos e
histórias.
42. Tendência a tropeçar, cair ou derrubar objetos.
43. Tendência a apresentar uma caligrafia de difícil entendimento.
44. Tensão pré-menstrual muito marcada.
45. Dificuldade em orientação espacial.
46. Avaliação temporal prejudicada.
47. Tendência à inversão dos horários de dormir.
48. Hipersensibilidade a ruídos, principalmente se repetitivos.
49. Tendência a exercer mais de uma atividade profissional, simultânea ou
não.
50. E por último, não se enquadrando em nenhum dos grupos, mas de
suma relevância, história familiar positiva para TDAH.
Pode parecer, ao analisarmos esta lista, que todos somos TDAH, mas a
avaliação deve ser realizada de forma consciente, com apoio de profissionais
capacitados para tal e analisando a intensidade e o comportamento dos
sintomas. Pois a diversidade de características e intensidade pode ser muito
grande.
7 . O ALUNO COM TDAH E A ESCOLA
As estratégias para encaminhar as medidas pedagógicas com o aluno
TDAH não podem se limitar apenas as ações do professor. O encaminhamento
deve envolver também a família e intervenções clinicas e até medicamentosas,
mas para que o professor possa dar sua colaboração no processo é importante
ressaltar alguns fatores que veremos a seguir de acordo com
1. O professor sabe sobre hiperatividade em crianças e está disposto a
reconhecer que este problema tem um impacto significativo sobre as
crianças da classe.
2. O professor parece entender a diferença entre problemas resultantes de
incompetência e problemas resultantes de desobediência.
3. O professor não emprega como primeira ação o reforço negativo ou a
punição como meios para lidar com problemas e para motivar na sala de
aula.
4. A sala de aula é organizada.
5. Existe um conjunto claro e consistente de regras na classe. Exige-se
que todos alunos aprendam as regras.
6. As regras da sala de aula estão num cartaz colocado na sala para que
todos vejam.
7. Existe uma rotina consistente e previsível na sala de aula.
8. O professor exige e segue estritamente as exigências específicas
referentes a comportamento e produtividade.
9. O trabalho escolar fornecido é compatível com o nível de capacidade da
criança.
10.O professor está mais interessado no processo ( compeensão de um
conceito) que no produto (conclusão de 50 problemas de subtração).
11. A disposição da sala de aula é definida, com carteiras separadas
colocadas em fileiras.
12.O professor distribui pequenas recompensas sociais e materiais
relevantes e freqüentes.
13.O professor da classe é capaz de usar um programa modificado de
custo resposta.
14.O professor emprega punições leves acompanhadas de instruções para
retornar ao trabalho quando a criança hiperativa interrompe o trabalho
dos outras.
15.O professor ignora o devaneio ou a desatenção em relação a lição que
não perturbe as outras crianças e , então, uma atenção diferenciada
quando ela volta ao trabalho.
16.A menor razão aluno para professor possível (preferencialmente, um
professor para oito alunos.
17.O professor está disposto a alternar atividades de alto e baixo interesse
durante todo o dia em lugar de fazer com que o aluno faça todo o
trabalho de manhã com tarefas repetitivas uma após a outra.
18.O professor está disposto a oferecer supervisão adicional durante o
período de transição entre aulas, intervalos e durante outras atividades
longas como reuniões.
19.O professor é capaz de antecipar os problemas e fazer planejamentos
de antemão para evitar problemas.
20.O professor está disposto a auxiliar a criança hiperativa a aprender,
praticar e manter aptidões organizacionais.
21. O professor está disposto a aceitar a responsabilidade de verificar se a
criança hiperativa aprende e usa um sistema eficaz para manter-se em
dia com o dever de casa, e conferir se ela quando sai do prédio da
escola, todos os dias, leva esse dever para casa.
22.O professor aceita a responsabilidade de comunicar continuamente com
os pais. Para alunos o curso elementar, um bilhete diário e enviado para
casa. Para estudantes das últimas séries do 1º e 2º grau, usam-se notas
de progresso semanal.
23.O professor fornece instruções curtas diretamente à criança hiperativa e
em nível que ela possa entender.
24.O professor é capaz de manter um controle eficaz sobre toda a classe,
bem como sobre a criança hiperativa.
25.Preferencialmente a classe é fechada (quatro paredes ) nunca em
ambiente aberto.
26.O professor está disposto a desenvolver um sistema no qual as
instruções são repetidas e oferecidas de várias maneiras.
27.O professor está disposto a oferecer pistas para ajudar a criança
hiperativa a voltar para o trabalho e a evitar que ela fique super excitada.
28.O professor está disposto a permitir movimentos na sala de aula.
29.O professor prepara todos os alunos para mudanças na rotina.
30.O professor entende como e quando variar seu método.
31.O professor é capaz de fazer um rodízio e uma alternância de estímulos
e reconhece que aquilo pode ser recompensador para um aluno, pode
não ser para outro.
32.Todos os estudantes aprendem um modelo lógico de resolução de
problemas para lidar com problemas na sala de aula e entre eles
mesmos (por exemplo: parar, ver, ouvir).
33.Um sistema de treinamento em atenção ou auto monitoramento é usado
em sala de aula.
34.O professor parece capaz de encontrar algo positivo, bom e valioso em
toda criança. Este professor valoriza as crianças por aquilo que são, não
por aquilo que conseguem produzir.
8 . ESTILO DE ATUAÇÃO DOS PROFESSORES
É importante analisarmos mais alguns pontos essenciais ao sucesso do
aluno com TDAH
Segundo Bellini (2003), os professores são bem diferentes em seus
estilos pessoais:
1º O professor autoritário intolerante e rígido, valoriza somente as
necessidades acadêmicas do aluno, focalizando apenas a produção de tarefas,
tornando-se impaciente com a criança a medida que esta não consegue
corresponder às suas expectativas.
2º O professor pessimista, desanimado e infeliz, com tendência a ter uma visão
categórica de todo mal comportamento e das tarefas inacabadas como
proposital e por desconsideração a ele, não conseguirá estabelecer um bom
relacionamento com a criança.
3º O professor hiper crítico, ameaçador e “nunca erra”- certamente ficará
frustrado pela dificuldade da criança com TDAH em fazer mudanças
adequadas rapidamente.
4º O professor do tipo impulsivo, temperamental e desorganizado- poderá ter
também uma experiência difícil dada à similaridade de seu comportamento com
aquele tipicamente apresentado pela criança com TDAH.
5º O professor que parece mais se ajustar às necessidades dos alunos com
TDAH é aquele que se mostra:
•Democrático, solícito, compreensivo.
•Otimista, amigo e empático.
•Dar respostas consistentes e rápidas para o comportamento inadequado da
criança, não manifestando raiva ou insultando o aluno.
•Bem organizado e administra bem o tempo.
•Flexível no manejo dos vários tipos de tarefa.
•Objetivo e descobre meios de auxiliar o aluno a atingir as suas metas.
9 . CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esperamos através desta unidade temática, auxiliar na correção de erros
históricos cometidos com os alunos com TDAH, que por muitas vezes eram
excluídos e taxados de alunos sem inteligência e malcriados erroneamente,
trazendo conseqüências terríveis para sua vida.
A boa vontade do professor em ser algo mais que um simples
repassador de conhecimentos é primordial no futuro desses alunos.
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