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sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Falta de acessibilidade

 



Falta de acessibilidade…de quem é a culpa?

Infelizmente a gente tem que se virar de qualquer forma. Seja para ir numa loja, pagar uma conta ou passear, a gente esbarra com esses obstáculos pela cidade, como carros estacionados em rampas, por exemplo. – Atleta Tiago Pimentel, que sofreu um acidente na adolescência e hoje se locomove com cadeira de rodas.


Para muitos, esse relato não passa de mais um rotineiro desabafo, mas, afinal de contas, basta entender o problema tomando posicionamento de telespectadores ou devemos ir a fundo nessas questões e descobrir efetivamente, de quem é a culpa?




Inicialmente, muitas respostas apresentarão certa ambiguidade, afinal, esse não é um dos mais fáceis assuntos de se conversar, mas, a falta de acessibilidade hoje é gerada por questões sociais e éticas sérias como o desrespeito e grosseria.


Um absurdo olharmos para a sociedade como a grande culpada, afinal de contas, os asfaltos não estão adequados, a ausência de rampas é extremamente visível, não há sinalização, adaptação, inclusão e diversas outras requisições.


Sim, de fato esses problemas existem e adjacente a eles está o DESRESPEITO, que acomete os infratores de leis vigentes.




Está na hora de ponderar diversas questões e principalmente a falta de ética ou conscientização daqueles que usam a clássica desculpa de que ‘’não vai demorar’’ ao estacionarem em vagas que não lhes são destinadas, ou dos proprietários de muitos estabelecimentos irregulares que utilizam 90% do espaço disponível para circulação nas calçadas.


Enfim, paremos!


Antes de julgar, reflita, afinal ‘’parece ser muito mais fácil culpar as coisas em vez de arrumá-las’’…


Falta acessibilidade e isso é um problema considerável, então, AJA, MOBILIZE, CONSCIENTIZE, E RESPEITE!


Somos o que fazemos, mas somos principalmente o que fazemos para mudar o que somos – Eduardo Galeano


Referência:


http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2015/02/pessoas-com-deficiencia-reclamam-de-acessibilidade-em-imperatriz-ma.html

TDAH: o transtorno que atinge crianças e adultos

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Quem não conhece aquela criança agitada, que vive no mundo da lua, não presta atenção na escola, não para quieta? Você sabia que algumas delas sofrem com um problema chamado TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade?


Esse é o transtorno mais comum em crianças, ocorrendo de 3 a 5% da população infantil por todo o mundo. Mesmo assim, muita gente ainda não acredita que isso seja realmente um problema de saúde, o que dificulta muito a adesão ao tratamento e traz danos ao indivíduo que sofre com o transtorno. Vamos conhecer um pouco mais sobre o TDAH? Continue lendo!


O que é o TDAH?

Basicamente, o TDAH é um transtorno neurobiológico que tem como principais características falta de atenção, agitação e impulsividade. Surge na infância e em muitos casos acompanha o indivíduo na vida adulta.





Os portadores de TDAH têm alterações na região frontal e suas conexões com o resto do cérebro. Essa parte do cérebro é responsável por inibir comportamentos inadequados, como também pela memória, atenção, autocontrole, organização e planejamento. O transtorno é reconhecido pela OMS e há o Consenso Internacional, publicado depois de um profundo debate sobre o tema, com profissionais, instituições e grupos de especialistas.


Como diagnosticar o TDAH?

O TDAH possui 18 sintomas divididos em 3 grupos: 9 relacionados à desatenção, 6 à hiperatividade e 3 à impulsividade. Durante a infância, o TDAH se manifesta através de dificuldades na escola e no relacionamento com os colegas, pais e professores. Geralmente os meninos apresentam mais sintomas de hiperatividade e impulsividade, mas meninos e meninas com TDAH são desatentos.


Na adolescência, o transtorno pode ser caracterizado por dificuldades em lidar com regras e limites. Já na vida adulta, surgem problemas com desatenção, falta de memória e impulsividade. Muitos adultos com TDAH têm outros problemas associados, como abuso de drogas, álcool, ansiedade e depressão. É muito comum também que a predominância dos sintomas mude durante a vida, ou seja, uma criança muito hiperativa pode se tornar um adulto muito desatento.


Faça agora o Quiz sobre Ansiedade!

O diagnóstico do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade é bastante complexo, sendo predominantemente clínico, baseado na observação e relato dos sintomas pelo paciente e pelos seus responsáveis. Para começar a validar a hipótese do transtorno, é necessário que se faça presente, no mínimo, 6 sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade em crianças e 5 em adultos.


É completamente normal que pessoas saudáveis apresentem alguns sintomas do TDAH, mas quando eles são muitos e apresentam prejuízos funcionais, aí sim deve-se considerar procurar ajuda de um profissional.





O TDAH possui tratamento e ele é feito através de uma equipe multidisciplinar com psiquiatra, psicólogo, pedagogo e os responsáveis pela criança.


As intervenções psicoterápicas que mais apresentaram eficácia foram as cognitivo-comportamentais e muitas vezes é necessário também o tratamento psicofarmacológico, através de medicamentos receitados pelo psiquiatra.


É muito importante que haja a educação da família por parte dos profissionais de saúde, com informações claras para lidar da melhor maneira possível com os sintomas do paciente. Além disso, é importante que haja intervenções no âmbito escolar para garantir o melhor desempenho possível da criança. Também pode ser necessário tratamento reeducativo psicomotor para melhorar o controle do movimento.


O que causa o TDAH?

Ainda não se tem uma resposta exata para essa pergunta e acredita-se que é a combinação de alguns fatores ambientais, genéticos e biológicos. Como o transtorno aparece em diferentes regiões do mundo, acredita-se que o transtorno não é secundário a fatores culturais ou conflitos psicológicos.


Alguns genes parecem estar relacionados a uma predisposição para o TDAH, muito mais do que a criação dos pais, que parece não influenciar muito. Estudos também apontam que consumir álcool e nicotina durante a gravidez pode causar alterações no cérebro do bebê, que levam ao desenvolvimento do transtorno, assim como o sofrimento fetal na hora do parto, mas nada muito conclusivo.





https://psiquiatriapaulista.com.br/tdah-sintomas-adultos-criancas/

terça-feira, 24 de novembro de 2020

TDAH em adultos: ll


Problemas de impulsividade e hiperatividade do TDAH em adultos

A impulsividade no TDAH está ligada a uma baixa tolerância à frustração. Essa característica é estável e duradoura no TDAH adulto e infantil.


As pessoas que têm TDAH parecem preferir as recompensas de curto prazo e ter uma incapacidade para esperar muito tempo pela gratificação. Isso pode levar a problemas com a espera.


O que acabamos de descrever é a razão pela qual as pessoas que têm TDAH podem parecer exigentes ou egocêntricas.


Além disso, as pessoas com TDAH têm dificuldade para considerar as consequências de seu comportamento antes de agir, já que as consequências de sua impulsividade podem piorar na vida adulta.


Um controle deficiente dos impulsos junto com um “mau temperamento” podem levar a um comportamento antissocial, violento, agressivo ou uma mistura desses aspectos.


Também pode levar, por exemplo, a multas por excesso de velocidade, violência no trânsito, acidentes e atos criminosos. Como podemos ver, o TDAH em adultos existe e suas consequências podem ser, em muitos casos, mais graves do que na infância.



https://amenteemaravilhosa.com.br/tdah-em-adultos-o-que-sabemos-sobre-ele/














TDAH em adultos: l




No início, pensava-se que o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) era um distúrbio da infância. No entanto, o TDAH em adultos também é uma realidade.


Ao mesmo tempo, pensava-se que os sintomas principais de hiperatividade, impulsividade e dificuldades de atenção se dissipavam durante a adolescência, mas esta crença estava equivocada.


Os estudos prospectivos que examinam os resultados a longo prazo do TDAH na infância indicam que esse transtorno pode persistir na idade adulta. Além disso, é possível que 2% dos adultos se encaixem nos critérios diagnósticos do Manual diagnóstico de transtornos mentais (DSM-IV TR).


O TDAH não é apenas coisa de criança

Foi comprovado que até dois terços dos jovens adultos conservam, pelo menos, um sintoma incapacitante de TDAH (Weiss, 1993). A expressão dos sintomas na idade adulta parece mudar conforme o transtorno avança.


Várias pesquisas do Maudsley Hospital, em Londres, indicam que a impulsividade e a hiperatividade parecem diminuir com a idade. No entanto, os problemas de atenção ainda estão presentes na metade da vida adulta.








A genética influencia

Os estudos determinaram que o TDAH tem um forte componente genético. Existe um componente de hereditariedade de 60 a 90%. Isso significa que gêmeos idênticos mostram uma maior correspondência de sintomas de falta de atenção e de hiperatividade em comparação com gêmeos não idênticos.


O risco de que um pai com TDAH tenha um filho com o transtorno é de 57%. Mas nem tudo é herança genética no TDAH, pois parece que existe uma relação entre os genes e os riscos ambientais.


Esses fatores de risco incluem problemas congênitos, consumo de álcool e tabaco, traumatismos cranioencefálicos, etc.


Principais sintomas do TDAH em adultos

A falta de atenção, a impulsividade e a hiperatividade são os sintomas principais do TDAH. Na idade adulta esses sintomas estão intimamente associados com a desorganização, a má administração do tempo e habilidades inadequadas na resolução de problemas.


Vamos analisar alguns desses sintomas a seguir:


Problemas de atenção no TDAH em adultos

Os problemas de atenção costumam ser a reclamação principal do TDAH em adultos. Essas pessoas experimentam dificuldades para se concentrar em uma tarefa e mudar o foco de atenção quando é necessário.


Existem quatro facetas da atenção que costumam ser afetadas no TDAH (seletiva, dividida, mutável e contínua).


Esses problemas de atenção podem levar a muitos outros problemas no funcionamento cotidiano. Como exemplos, podemos citar as dificuldades para escutar, a incapacidade de finalizar tarefas e a facilidade de se distrair.


Para os adultos com TDAH, a dificuldade para manter a atenção pode ser o problema mais incapacitante. Esses adultos se esforçam para conseguir ficar envolvidos em atividades prolongadas, entediantes, repetitivas ou tediosas.


Em contrapartida, conseguem se concentrar sem dificuldade quando as atividades são motivadoras ou envolvem uma gratificação imediata.


Problemas na administração do tempo no TDAH em adultos

Os adultos com TDAH administram deficientemente seu tempo devido a suas dificuldades de atenção. Ao mesmo tempo, suas habilidades para se organizar são deficitárias. Esses problemas são mais marcados em adultos com TDAH do que nos jovens que apresentam o transtorno.


A habilidade de organizar e priorizar constitui um desafio para as pessoas que tendem a voar por aí como borboletas entre uma tarefa e outra. Isso se torna mais evidente quando uma atividade é trivial ou quando se sentem atraídas por uma tarefa que parece ser mais importante.


Dessa forma, as pessoas com TDAH respondem bem a uma estrutura imposta, particularmente em termos de organização de horários. É por isso que é imprescindível que elas trabalhem formas de se integrar a um planejamento, estabelecer prioridades e evitar a procrastinação.





quarta-feira, 18 de novembro de 2020

RELAÇÃO ENTRE INSÔNIA E CONSUMO DE ÁLCOOL COM SINTOMAS DE TDAH


Um estudo publicado no Frontiers in Psychology encontrou uma associação significativa entre a severidade dos sintomas de TDAH e abuso de álcool e insônia.


Pesquisadores da Universidade de Bergen na Noruega selecionaram randomicamente pacientes adultos com TDAH diagnosticados entre 1997 e 2005 e pacientes controle saudáveis do Registro Médico de Nascimentos da Noruega. Os participantes com diagnóstico de TDAH(n=235) e os controles(n-184) completaram um questionário que avaliava insônia, consumo de álcool e sintomas presentes de TDAH.


Os pesquisadores usaram a Escala de Insônia de Bergen, o Teste de Identificação de Transtorno de Uso de Álcool (AUDIT) e a Escala Adult  ADHD Self-Report Scale (ASRS) (a mesma usada pelo FOCUS) para avaliar os sintomas. Pacientes com TDAH tinham a opção de fornecer informações sobre o TDAH na infância e sintomas internalizantes ao longo da vida.


Comparado com o grupo controle, uma proporção significativamente menor de pacientes com TDAH havia completado a universidade (34.3% vs 77.8%; P <.001) ou estava empregada (40.2% vs 88.4%; P <.001). A média da soma de pontos do teste AUDIT foi significativamente maior no grupo TDAH vs controle (13.59 vs 12.32; P <.005), sugerindo maior severidade no consumo de álcool em pacientes com TDAH. O que vai de encontro com outros estudos que avaliaram a relação entre TDAH e abuso de substâncias. Além disso, a Insônia também foi mais frequente no grupo com TDAH (67.2% vs 28.8%; P <.001).


Entre os pacientes com insônia, 46,9% no grupo TDAH e 24,6% no grupo controle relataram beber ao menos 5-6 unidades de álcool quando bebiam. A Insônia foi associada a maior gravidade da pontuação na ASRS, tanto nos pacientes com TDAH quanto nos controles. A variação nos sintomas de TDAH em pacientes com esse diagnóstico foi explicada pela insônia e pelos sintomas internalizantes mas não pelo consumo de álcool. No grupo controle, contudo, os sintomas de TDAH foram significativamente associados com o uso de álcool.


Uma das limitações dos estudos é a de que os dados foram fornecidos através de uma auto avaliação, e os pacientes podem ter relatado um menor consumo de álcool.


O uso de álcool pode estar associado com sintomas de TDAH, mesmo em adultos sem diagnóstico clínico de TDAH. Adicionalmente, a insônia foi associada com aumento no consumo de álcool e maior gravidade dos sintomas de TDAH em ambos os grupos.


Artigo adaptado e traduzido de:  https://www.psychiatryadvisor.com/home/topics/sleep-wake-disorders/insomnia-disorder/insomnia-and-alcohol-consumption-linked-to-adhd-symptoms/


Referencia:


-Lundervold AJ, Jensen DA, Haavik J. Insomnia, alcohol consumption and ADHD symptoms in adults [published online May 27, 2020]. Front Psychol. doi: 10.3389/fpsyg.2020.01150



http://focustdah.com.br/

O SEGREDO PARA SUPERAR A PROCRASTINAÇÃO


 
Todos nós sucumbimos à procrastinação de tempos em tempos. Mas para as pessoas com TDAH, a tendência a adiar coisas pode se tornar especialmente problemática. Você provavelmente já descobriu que dizer a si mesmo que vai “fazer isso depois” é uma receita para o desastre. É provável que você não se lembre de que devia ter pago a conta ou feito o follow-up de um importante projeto no trabalho, até receber um aviso prévio pelo correio ou ter seu chefe “grudado” no seu pescoço.


O problema é que tendemos a pensar no ato de procrastinação como o problema quando, na verdade, é um efeito colateral.


Se estivermos dizendo a nós mesmos que o que estamos prestes a fazer é chato, sem sentido, problemático, ou que provavelmente falharemos, começaremos a experimentar sentimentos negativos como resultado. Em uma tentativa de aliviar esses sentimentos, evitamos ou adiamos o que precisamos fazer.


Para ilustrar esse ponto para meus clientes, peço que imaginem que recebem um telefonema meu numa manhã e que eu os convido para sair. Eu então digo a eles que essa será a coisa mais chata que já fizeram e que irão odiar cada minuto deste encontro.


É nesse momento que eu pergunto a eles quanto estão motivados para se encontrarem comigo. Eles riem e dizem: “Não muito”. Certamente!


Mesmo o meu cenário imaginário parecendo exagerado e ridículo, o fato é que fazemos isso o tempo todo!


Este ciclo de pensamento negativo compõe o que eu chamo de “Iceberg da Procrastinação”.


Para quem possui TDAH, reunir motivação para realizar uma tarefa é, muitas vezes, uma batalha difícil, mesmo nas melhores circunstâncias.


Quando você considera o efeito que essas crenças negativas têm sobre a motivação, não é de se admirar que muitas pessoas com TDAH também sofram de procrastinação.


A seguir, uma lista de gatilhos de procrastinação comuns e o que você pode fazer para superá-los:


“Eu não me sinto capaz”





Este é provavelmente o maior culpado quando se trata de procrastinação.


Como os portadores de TDAH tem muita dificuldade em manter o foco e acompanhamento, muitas vezes eles deixam as tarefas de lado e aguardam o “momento perfeito” para começar. Ou esperam para sentir o estresse e ansiedade até o último momento possível para impulsioná-los em uma ação, o que só cria um ciclo interminável de caos.


Você provavelmente nunca vai se sentir assim. Mas a boa notícia é que você não precisa sentir isto para executar uma tarefa.


Em vez de esperar pelo momento perfeito, prepare-se para o sucesso.


Faça um lanche; saia para uma caminhada rápida; comece com o que parece ser a parte mais fácil da tarefa primeiro; defina um cronômetro e trabalhe por 15 minutos; ouça uma música; mude o cenário; aproveite as horas do dia em que você tem mais energia.


“Há muitas etapas e tudo parece demais”


Se a tarefa/atividade parecer muito assustadora e você não souber por onde começar, pegue um pedaço de papel e escreva as etapas necessárias para concluí-la.


Escrever é importante, porque apenas o ato de colocar as ideias no papel e fora da sua cabeça, pode colocar as coisas em perspectiva. Os clientes sempre me dizem que, depois de mapearem as etapas em um papel, descobrem que a tarefa/atividade não é tão complicada quanto eles pensavam.


* O primeiro passo ainda parece muito grande? Divida-o ainda mais.


* Tem um e-mail que você adiou o envio? O primeiro passo poderia ser criar um rascunho e preencher o assunto.


* Quer organizar sua cozinha? Comece organizando uma gaveta, prateleira ou gabinete.


“Eu nunca fui bom nisso”


Eu ouço muito isso dos meus clientes. Infelizmente, muitas pessoas com TDAH têm histórias longas de se sentirem inadequadas e incapazes.


O primeiro passo para superar esses sentimentos é perguntar-se se é realmente verdade que você não é bom naquilo que você está fazendo.


Reserve um momento para pensar em situações em que você pode ter feito algo semelhante e obtido sucesso. Talvez você seja ótimo em organizar caixas na dispensa, mas colocar sua mesa em ordem foi um desafio.


Pergunte a si mesmo o que aconteceu com essa situação particular que lhe permitiu ter sucesso e pense em como você poderia abordar o novo projeto de maneira semelhante.


Se você não consegue lembrar de um sucesso passado, lembre-se: só porque você não teve sucesso no passado, não significa que você nunca terá.


Acolha o poder do “ainda”: “AINDA não obtive sucesso, mas estou trabalhando para melhorar”. Pense no que você poderia fazer diferente desta vez ou para quem você poderia pedir ajuda.


“Vai ser muito chato”


O tédio, ou mesmo a simples ameaça, é como criptonita para os cérebros dos portadores de TDAH.


Eu tenho clientes que me dizem que evitam chegar a compromissos com antecedência, pois temem ficar sentados na sala de espera sem nada para fazer.


Se você está adiando uma tarefa ou atividade porque está com medo de ficar entediado, pense em maneiras de torná-la mais divertida.


Talvez você possa criar uma playlist ou um audio book para quando estiver lavando a louça. Vá a um café ou restaurante favorito para trabalhar em seu relatório. Coloque uma música, dance, envolva um amigo … Seja o que for para mantê-lo ativo.


Da próxima vez que você quiser postergar uma tarefa, reserve um momento para se perguntar o que realmente está acontecendo.


O que você está dizendo a si mesmo? O que você está sentindo como resultado? Ansioso? Sobrecarregado? Confuso?


Depois de identificar a causa subjacente, você estará em uma posição melhor para tomar as medidas necessárias para superar a procrastinação e (FINALMENTE) fazer o que tem que ser feito.


Fonte:


Artigo adaptado e traduzido da matéria publicada em 16 de julho, 2019, no Psych Central.


Natalia van Rikxoort, MSW, ACC é assistente social, consultora de TDAH e coach. Sua prática, Lotus Life Coaching Services, fornece serviços de coaching para adultos, jovens e famílias impactados pelos desafios do TDAH e funções executivas.


https://blogs.psychcentral.com/navigating-adhd/2019/07/the-secret-to-overcoming-procrastination-is-exactly-what-you-think/

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

RELAÇÃO ENTRE TDAH E DEPRESSÃO NA VIDA ADULTA

 


O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) está relacionado com o desenvolvimento de depressão na vida adulta. A razão para isso poderia se dever tanto ao estresse psicológico advindo do transtorno quanto a alguma relação de base neurobioquímica.


Um artigo publicado na Psychological Medicine buscou avaliar se o TDAH e a predisposição genética ao TDAH teriam alguma relação causal com o desenvolvimento de depressão ao longo da vida. Uma relação desse tipo poderia indicar que o tratamento do TDAH é capaz de diminuir o risco de depressão.


Alguns estudos anteriores com gêmeos haviam postulado que a ocorrência simultânea de depressão e TDAH poderia se dever a riscos genéticos compartilhados. Nesse sentido, fatores de risco em comum poderiam fazer com que algumas pessoas desenvolvessem TDAH e outras depressão. Em contrapartida, o presente estudo buscou distinguir se o próprio TDAH seria fator de risco.


Os dados foram coletados da coorte prospectiva longitudinal “Avon Longitudinal Study of Parents and Children” (ALSPAC). Foram incluídos para análise 8310 indivíduos que foram avaliados para TDAH aos 7 anos de idade usando a subescala de avaliação parental de TDAH do Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ). Os dados sobre depressão foram coletados usando o Short Moods and Feeling Questionnaire (sMFQ) aos 18, 21, 22, 23 e 25 anos de idade. 57% (n=4771) dos participantes tiveram dados de depressão coletados ao menos uma vez nesses 5 períodos.


Para avaliar o efeito do risco genético de TDAH na depressão, dados de genética foram coletados do estudo de genética ampla de indivíduos com ascendência europeia para TDAH e Depressão maior.


Ao todo, 6,4% (n= 530) dos participantes foram diagnosticados com TDAH aos 7 anos e 26,7% tiveram depressão recorrente na idade adulta. Aproximadamente 32,7% daqueles com TDAH na infância tiveram depressão recorrente na idade adulta comparado com 26,5% daqueles sem TDAH. Alternativamente, entre aqueles que tinham depressão recorrente na vida adulta, aproximadamente 7,8% deles tiveram TDAH na infância comparado com 5,9% sem depressão.


O TDAH na infância foi associado com um aumento de risco de depressão recorrente na idade adulta (: OR 1.35, 95% CI 1.05–1.73, p = 0.02). Esses achados se mantiveram ao se controlar para sexo, adversidades na vida, educação materna e depressão materna (OR 1.38, 95% CI 1.07–1.79, p = 0.01).


Análises de randomização mendelianas sugeriram um efeito causal da susceptibilidade genética do TDAH na depressão maior (OR 1.21, 95% CI 1.12–1.31). Porém, análises feitas com definições mais amplas de depressão diferiram, mostrando uma influência fraca no desenvolvimento de depressão (OR 1.07, 95% CI 1.02–1.13).


Como os pesquisadores concluem, as análises longitudinais mostraram que o TDAH é um fator de risco para a depressão na vida adulta e as análises de randomização mendeliana reforçam um efeito causal do TDAH na depressão maior, apesar de que esses resultados variaram conforme a definição de depressão utilizada. Além disso, é importante notar que o TDAH em si não é um fator de risco forte para a depressão na vida adulta e muitos indivíduos desenvolverão depressão por outras razões.


Referencia:


-Riglin, L., Leppert, B., Dardani, C., Thapar, A. K., Rice, F., O’Donovan, M. C., … Thapar, A. (2020). ADHD and depression: investigating a causal explanation. Psychological Medicine, 1–8. doi:10.1017/s0033291720000665


http://focustdah.com.br/2020/09/11/relacao-entre-tdah-e-depressao-na-vida-adulta/










TDAH E ADOLESCÊNCIA: UM DESAFIO PARA OS PAIS

 




Grande parte das crianças diagnosticadas com TDAH chegam à adolescência com o transtorno. Sintomas de TDAH na adolescência são muito similares aos da infância: distração, desorganização, falta de concentração e impulsividade seguem presentes.


Mudanças hormonais, vida social e falta de controle dos pais entram no jogo: como agir daqui para frente?


Como o TDAH afeta a vida do meu filho adolescente?


Não existe um adolescente padrão com TDAH. Os sintomas variam conforme gênero, idade e tipo de TDAH, e podem mudar de acordo com a situação familiar, apoio dos amigos e outros transtornos dos quais possam sofrer.


Contudo, em termos gerais, as notícias são boas: adolescentes tendem a apresentar menos hiperatividade do que as crianças1. Mas, como surgem as questões hormonais e as demandas da escola aumentam, alguns sintomas podem se agravar.


Por causa das dificuldades com concentração e atenção, a maioria pode ter problemas na escola. As notas serão afetadas, especialmente se seu filho não estiver em tratamento. Não é incomum que esqueçam as tarefas, percam livros e cadernos ou fiquem entediados com as aulas. Eles também podem ficar irrequietos e interromper professores e colegas, impacientes para prosseguir com as lições.


Alguns dos mais notáveis sintomas nos adolescentes com TDAH estão relacionados ao déficit nas funções executivas, a habilidade cerebral de priorizar e administrar pensamentos e ações. Em outras palavras, a função executiva permite que os indivíduos prevejam consequências em longo prazo, façam planejamentos, avaliem progressos e mudem planos, se necessário. Além das dificuldades executivas, os jovens com TDAH podem também sofrer de intolerância à frustração, ter respostas emocionais exageradas ou até imaturas para a idade.2


Vamos passar por alguns dos mais típicos problemas enfrentados e lhe ajudar a encontrar a melhor solução.


Vida acadêmica: como dissemos, notas podem ser prejudicadas, bem como o relacionamento com professores e colegas.


Como você pode ajudar: garanta que seu filho tenha acesso a professores particulares ou colegas capazes de orientá-lo. Ajudar seu filho a se organizar é crítico aqui, seja construindo estruturas em casa (alarmes, lembretes, apps, quartos de estudo) ou contratando o serviço de um coach. O que você precisa saber é que sua presença será necessária para orientar seu filho na hora de dizer o que deve ser feito. Presumir que eles farão algo não dará muito certo.


Relacionamentos: quase metade dos adolescentes com TDAH manifestam dificuldades em se relacionar com os outros. Pesquisas apontam que eles tendem a criar menos amizades recíprocas e, infelizmente, têm mais chances de serem rejeitados pelos colegas. Por isso, são mais propensos ao bullying – sejam eles as vítimas ou os agressores.3


Como você pode ajudar: a questão mais importante é sempre saber com quem seu filho está e encorajá-lo a discutir suas amizades, dificuldades e medos com você ou outro adulto de confiança. Também é importante estimular diferentes atividades extracurriculares, que ofereçam outros grupos de apoio e redes de confiança. Se, mesmo com diversos grupos diferentes, seu filho ainda tiver dificuldade de ter amigos, considere buscar ajuda de um profissional capaz de ensiná-lo habilidades sociais.


Lidando com as emoções: todos sabemos que a adolescência é uma montanha-russa emocional, mas, no caso do TDAH, a regulação emocional é afetada, o que resulta em “altos” ainda mais altos e “baixos” ainda mais baixos. A impulsividade de um adolescente com TDAH pode se tornar mais difícil quando afeta a capacidade de lidar com a frustração. É muito dolorido para eles – e para a família, é claro.


Como você pode ajudar: ajude seu filho a desenvolver estratégias emocionais. Pratique situações possíveis e simule respostas com ele. Promova, em sua família, o pedido de desculpas após terem se excedido. Ensine ao seu filho, através do exemplo, como é importante voltar atrás sem se sentir menor por isso. Considere, também, a terapia cognitivo-comportamental – ela é muito eficiente para problemas de inconstância.


Comportamentos de risco: pesquisas mostram que adolescentes com TDAH tendem a fumar, beber e usar drogas ilícitas mais cedo do que crianças sem TDAH3. Posteriormente, eles atingem níveis elevados no uso de substâncias químicas e problemas ligados ao alcoolismo. Eles também tendem a iniciar suas vidas sexuais mais cedo e têm mais riscos de praticarem sexo sem proteção. Por isso, têm taxas mais altas de doenças sexualmente transmissíveis.


Como você pode ajudar: a regra básica é conversar com seu filho sobre os riscos e sobre como ele se sente a respeito de drogas, sexo e bebidas. Tenha regras, é claro, mas não a ponto de privar seu filho de conversar com você. Porém, o mais importante aqui é saber onde o adolescente está e com quem está. Por isso, é crucial que você encoraje atividades extracurriculares que promovam saúde e bem-estar para reduzir o tempo sem estrutura e sem supervisão. Esportes, clubes de leitura, jogos, cinema e outros grupos que promovam saúde mental e física serão o melhor apoio para o seu filho seguir seguro, longe de riscos sérios.


Fonte:


1 PARENTING TEENS WITH ADHD. THE NATIONAL RESOURCE ON ADHD. Disponível em: <http://www.chadd.org/Understanding-ADHD/For-Parents-Caregivers/Teens/Parenting-Teens-with-ADHD.aspx>. Acesso em: 31 de agosto de 2018.



http://focustdah.com.br/2019/04/08/tdah-e-adolescencia-um-desafio-para-os-pais-2/

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Colégios Desrespeitam Autistas

 



Sempre realizo meus textos tentando colocar positividade, tentando passar uma sensação que carrego comigo de que tudo está ou vai ficar bem. Dedico-me a, mesmo nos assuntos por vezes “pesados”, colocar algo de cômico, de leve, doce. Só que, por vezes, há que se encarar o papel de ser menos quem acalenta e ser quem denuncia. E é preciso denunciar a postura degradante do ensino nacional a nível de inclusão de crianças com transtorno global de desenvolvimento, em especial, crianças com autismo. O texto não será curto, não será leve, não será o que queríamos que fosse. Mas, garanto, será necessário, informativo e militante.


Minha jornada não é diferente de tantos e tantos pais que conheço, e a luta é muito maior do que qualquer pessoa que não tenha um filho com autismo possa imaginar. A situação é degradante e humilhante para crianças e pais e acontece a cada esquina nas cidades de nosso Brasil. Uma venda encobre os olhos daqueles que não vivem a situação e sequer imaginam a saga da busca de colégio para um filho com autismo.


Comecemos a tratar a partir da rede pública (mais adiante tratarei da rede particular e da rede particular em Curitiba, especialmente). A lei garante que deverá ser fornecido, em caso de necessidade, um “acompanhante especializado” para crianças com Autismo matriculadas em escolas regulares. E a lei é certeira quanto a essa necessidade. Grande parte das crianças autistas tem plena condição de se desenvolver na escola regular. Além de ser um benefício para a criança, é um benefício para os demais alunos, pois terão a oportunidade de aprender a lidar com a pluralidade da sociedade. Ocorre que, na grande maioria dos casos, as crianças precisam de um acompanhante para auxiliá-las a adaptar as questões escolares a suas peculiaridades.


Crianças autistas têm dificuldades de lidar com os momentos de ociosidade que são muitos em uma sala de aula. Momentos de brincadeiras livres também podem ser um problema, pois, sem orientação direcionada para aquela específica criança, ela poderá entrar em quadro de estereotipia ou ecolalia (ou seja, incorrer em comportamentos ritualísticos, movimentos inadequados repetitivos, entoação de palavras sem objetivo de comunicação etc). Algumas explicações do professor podem ser subjetivas demais, tendo que ser adaptadas (tais quais muitas tarefas a serem realizadas). Há também a necessidade de observar os sinais específicos da criança para entender quando entrará em um quadro de estresse extremo, a fim de não deixá-la recair em um momento de birra/crise. Isso sem falar que, em muitos casos, há atraso pedagógico. E tudo isso para dizer o mínimo.


Geralmente essas crianças precisam de um acompanhante especializado exclusivo, visto que as intervenções são comportamentais e contínuas. Olhos voltados diretamente para auxilia-lá a criar independência e poder, em algum momento, caminhar com os próprios passos sem auxílio tão direto.Ocorre que, mesmo com laudos médicos apontando explicitamente essa necessidade, tal direito vem sendo ceifado em inúmeros casos aqui em Curitiba e em tantas outras localidades. Lendo o cenário apresentado em nossa cidade, nossa situação é deplorável e degradante.


Inicialmente, em muitos casos, mesmo com recomendação médica expressa apontando que a criança precisa de um tutor que a atenda singularmente, o que tem sido disponibilizado um acompanhante especializado compartilhado com várias crianças. Basicamente, alguém para ajudá-las em necessidades básicas e em uma ou outra intervenção. Tal prática é completamente atentatória, pois se desvirtua das necessidades reais de nossas crianças. Observe-se que, antes mesmo da lei que imperava o direito de autistas terem tutores especializados em caso de necessidade, havia (e há) em nosso ordenamento o “princípio do melhor interesse da criança”, que ingressa a legislação pátria por ratificação de tratado internacional e com força de norma constitucional.


Não se descarta que, em certos casos, efetivamente haja compartilhamento de tutor especializado,contudo, o problema é quando isso é feito em casos e de forma em que a criança fica desassistida. O colégio passa a ser um depósito, visto que a criança está ali, mas sem condições de aprendizado e socialização.


Só que esse não é, de longe, o único problema. Em Curitiba, tem-se oferecido estagiários para cumprir a função de tutor especializado. Veja que aqui sequer se trata de opinião, mas de um claro descumprimento da legislação! Prevê o parágrafo único do art. 3ª da Lei 12764/2012, in verbis: Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2º, terá direito a acompanhante especializado.


A ausência de tutor escolar especializado ainda encontra óbice no art. 2º da Lei 7853/1989, o qual dispõe: Art. 2º Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. I – na área da educação:(a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade educativa que abranja a educação precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação e reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências de diplomação próprios;


Assim, é direito da criança autista ter acompanhante especializado, visando sua inclusão em instituição de ensino regular. Observe-se que a referida norma foi clara em definir que o “acompanhante” deve ser “especializado”, demonstrando, assim, a preocupação do legislador com a efetividade do referido acompanhamento escolar, visando um resultado positivo na busca da educação inclusiva.


A Lei 11.788/2008 define estágio da seguinte forma: Art. 1º Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos.


Ora, se o estágio é ato educativo, sua função é evidentemente empregada por pessoa que se encontra em processo de aprendizagem. Por sua vez, ato de estar em processo de aprendizagem para o exercício de um oficio – evidentemente – contrasta com a característica de ser especialista na referida área. Em consulta ao dicionário, assim se define o termo “especialista”: “Que se dedica exclusivamente ao estudo ou à prática de uma ciência, uma arte, uma profissão. Quem se especializou num determinado âmbito do conhecimento ou em alguma coisa em específico Profissional treinado para uma atividade específica”


É evidente, pois, que, ao oferecer estagiário para ocupar a função de acompanhante escolar especializado, visa o Estado perverter a ordem legal, barateando os custos sob pena de padecer a efetividade de inclusão de crianças com transtornos de desenvolvimento. Trata-se do “jeitinho” brasileiro. Um estagiário é melhor que nada?! Sem dúvida! Mas não é o que as crianças realmente precisam! E eu dou todo louvor ao estágio, é um momento importantíssimo e de muita dedicação. Eu já fui estagiária um dia e sei quanta garra se tem quando se está aprendendo uma profissão.


Já vi algumas pessoas fundamentarem que seria bom porque os estagiários estão com “mente aberta”. Todavia, não há qualquer pesquisa científica que aponte que isso seria positivo. Por outro lado, há sim pesquisas científicas que apontam a necessidade de que profissionais que trabalham com crianças com autismo tenham alta qualificação. Nesse sentido, é evidente que o termo “especializado” remete, de fato, à necessidade dessas crianças terem alguém com qualificação adequada para trabalhar com eles.


E o que assusta é que existem decisões judiciais que não têm considerado urgente que seja fornecido esse tutor (não concessão de tutela antecipada), admitindo que sejam estagiários até o final de um processo judicial, quando então sim será discutido se será ou não um tutor “especializado” (e estou falando de casos com laudos médicos explicando a necessidade, com doutrina jurídica). Com todo o respeito, mas a lei parece bem clara ao definir que o tutor deve ser ESPECIALIZADO e no sentido que a definição legal de estagiário não se enquadra nessa categoria.


Ainda há casos de escolas que apontam que não têm disponibilidade de material humano para ficar com a criança em período integral, e que ela terá que fazer meio período. Escolas Públicas! Em alguns casos o desespero vem das próprias escolas que apontam que o estágio é muito dificultoso, pois, quando o estagiário está de fato aprendendo, tem que se desvincular da instituição, na medida em que o contrato de estágio pode durar apenas dois anos.


Agora, fugindo um pouco da questão legal e passando para uma análise mais pessoal… Claro que “cada caso é um caso” e pode ser que, em algumas situações, diante de algumas crianças, um estagiário dê conta de fazer o papel de tutor/acompanhante escolar. Mas, com certeza, essa não é a realidade de todas as crianças. Não é a minha realidade e não é a realidade de tantos outros casos, e definitivamente isso pode ser comprovado, inclusive, por laudos de médicos e terapêuticos que diversas mães possuem, mas que estão sendo simplesmente ignorados, em uma marginalização velada de nossas crianças.


Não podemos “tapar o sol com a peneira”, e temos que encarar que estamos em um momento nacional com diversas dificuldades para gerenciamento do dinheiro público. Mas é nauseante ouvir no noticiário, dia após dia, valores escandalosos desviados para os bolsos de tantos engravatados, enquanto nossas crianças não conseguem ser sequer incluídas no ensino público. O pífio gerenciamento das contas públicas, a corrupção, a falta de estudo sobre melhoramentos do ensino infantil e fundamental. Um cenário de decadência e abandono, para seres tão pequeninos que mal começaram suas vidas.


E, para quem pensa que o setor privado é a saída, sinto em informar, mas as dificuldades apresentam-se. Percorri diversos colégios de Curitiba e o que vi me deixou completamente indignada. São diversos os descumprimentos legais, que enojam e consagram o enterro sem cortejo da educação inclusiva. Os desafios começam no básico: conseguir uma vaga.


Este ano, minha pequena vai para o primeiro ano do ensino fundamental, e a troca de colégio era essencial, visto que, no local em que está, só há educação infantil. A primeira dificuldade que encontrei foi em conseguir um colégio que ACEITE minha filha. E veja que eu não estou falando de VAGA, estou falando de ACEITAR MATRICULÁ-LA.


Prevê o artigo 8º da lei nº 7.853/1989: “Art. 8º – Constitui crime punível com reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa: I – recusar, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, por motivos derivados da deficiência que porta”. Maravilha de lei, mas que não tem a mínima efetividade. Por quê? Vou explicar um pouco como ocorre.


Você liga ou vai até um colégio e diz que quer matricular seu filho, e pergunta se existe vaga, ao que respondem que “sim”! Daí você diz que seu filho é autista e, magicamente, em questão de minutos, todas as vagas são preenchidas. Então você pede para um amigo ou amiga sua ir ao mesmo colégio perguntar se há vagas e… num odioso passe de mágica, a vaga aparece. Eu vivi isso e muitas mães viveram. “Então denuncie!”, é o que todas nós ouvimos. Como? Que prova eu tenho? Morro de vontade de dar aqui os devidos nomes aos “bois” e dizer local e dia que isso aconteceu comigo e com outras mães. Mas, novamente, que provas temos? Gravar ligações e contatos? Quer dizer que agora tenho que andar com um gravador e uma escuta para procurar um colégio para minha filha (e torcer que isso seja considerado como prova lícita)? Desculpe, isso é degradante demais.


Eu também posso pedir um documento da escola dizendo que há vaga antes de dizer que minha filha é autista, mas os colégios nunca dão esse documento (na lógica, “se ela pediu é porque alguma coisa tem”). E vamos supor que eu consiga comprovar. Eu posso conseguir na justiça que o colégio que quero seja “obrigado” a aceitar minha filha (além de denunciar criminalmente). Mas quem colocaria o filho para passar cinco horas de seu dia dentro de uma instituição que sequer queria aceitá-lo lá dentro? E como vai ser essa relação entre a família e o colégio, sendo que a própria matrícula foi fruto de um processo judicial?! É evidente que não basta simplesmente haver uma lei que protege nossas crianças. De que adianta uma lei que não tem eficácia?!


E então você consegue uma vaga! Vão aceitar seu filho! Puxa vida, dá vontade de beijar o(a) condenador(a) na boca quando diz “Claro, podemos matricular”. Mas aí você vai falar sobre acompanhante especializado, mostra o laudo, fala que é imprescindível, e uma nova e hedionda briga com o colégio começa. Mesmo comprovada a necessidade, há muita briga. Certos colégios dizem que não podem oferecer tutor. E aí? Vai entrar com uma ação contra o colégio de seu filho? Vai se sentir seguro e tranquilo(a) em deixar seu filho em uma instituição que não respeita os direitos das crianças com autismo? Decisão difícil e, particularmente, eu não sei o que dizer.


Quando um pai ou mãe me procura como advogada, e passo as informações jurídicas, ao final, geralmente me perguntam: “e o que você faria?”. E, honestamente, eu não sei qual o melhor caminho a se tomar. Eu realmente acho que deveríamos processar esses colégios em prol até de uma militância que atenda às crianças autistas que estão por vir. Mas deixar um filho em um colégio que eu estou processando para que o respeite me parece uma loucura, porque a interação saudável entre colégio e família é essencial e, de fato, há um mal estar gerado. Ademais, como ignorar que um colégio não se dispõe a cumprir a lei?


E, vamos ser honestos, é claro que a lei que dispõe que a criança tem direito ao acompanhante especializado acaba sendo mais onerosa para colégios pequenos. Mas, como pensar em montar um colégio sem pensar em quanto custará a inclusão? Porque é dedutível que haverá crianças de inclusão. É uma matemática simples: atualmente, consta que uma a cada sessenta e oito crianças é autista, assim, deve-se pensar, a grosso modo, que ao menos uma a cada sessenta e oito crianças do colégio supostamente pode precisar de um acompanhante especializado. Seguir a mesma lógica para demais casos de inclusão (down, paralisia cerebral, deficientes físicos), preparar uma estrutura (física e pedagógica) de acesso e inserir isso nos gastos previsíveis do colégio, fazendo um valor de mensalidade pensada para isso… é o mínimo. Não há mistério! Não consigo entender como os colégios pensam apenas na sociedade como se fossem todos dentro do padrão neurotípico.


“Pipocam” anúncios de todo tipo: de mensalidades que incluem “ballet”, “judô”, “natação”… e isso tudo além da educação física (que é evidentemente fundamental), mas não é abrangida nessas mensalidades a inclusão? Estamos ensinando crianças a dançar, lutar e nadar, mas não as estamos ensinando a lidar com o diferente. E “lidar com o diferente” é essencial para cada bailarino, judoca ou nadador. Lidar com o diferente vem antes do “plié”, do “ippon”, do “nado borboleta”. Lidar com o diferente é a base da formação de um ser humano de caráter sólido, capaz de trabalhar em equipe e encontrar, na dificuldade do outro, o aprendizado de saber expor e superar suas próprias dificuldades. Nenhuma aula extraclasse faz sentido se a base da educação, que perpassa a inclusão, está incompleta.


Ainda, nós, mães e pais de autistas, somos obrigados constantemente a ler e ouvir comentários absurdos ,como: “Ah… mas isso vai fazer com que a mensalidade do meu filho que não é autista seja mais cara”. Sobre essa mentalidade, apenas uma informação: Desde a declaração de Salamanca de 1994, da qual o Brasil é signatário, está decidido que a responsabilidade de arcar com todas as questões relativas à deficiência é de todos, exceto daquele que tem a deficiência. Então, a questão aqui não é o que se acha ou se deixa de achar, mas sim uma questão legalmente amparada. O custo de inclusão, diluído nas mensalidades dos demais alunos de um colégio, realmente não seria um grande acréscimo, e privilegiaria um ensino que prepara os alunos para viver em sociedade, na medida em que a vida real não é feita apenas de pessoas típicas. A diferença engrandece e ensina.


Alguns colégios dizem que matriculam se o pai ou mãe declarar que “não quer” acompanhante especializado. Outros, ainda, dizem que matriculam se os pais pagarem 50% do valor do acompanhante especializado. E, sem conseguir fazer provas, com medo de criar uma relação ruim com o colégio, muitas vezes aceitamos essas posições. Como julgar? Quando a lei existe mas não se exercita no mundo dos fatos, a sensação de desamparo faz com que compactuemos com o indesejável. Faz com que sejamos forçados a engolir, da maneira mais odiosa, o cerceamento dos direitos de nossos próprios filhos.


Há casos, ainda, que os próprios pais se disponibilizam a custear um tutor por vontade própria, o que considero completamente lícito, se assim for a vontade. É claro que isso tem inúmeras vantagens, pois a seleção de profissional será feita de forma muito mais apurada e detalhada. Mas, às vezes, o colégio coloca que não pode aceitar alguém que não seja contratado pela instituição. Entendo que o colégio possa realmente fazer essa recusa. Veja, acho lícito aceitar que os pais contratem o acompanhante e arquem com isso sozinhos se assim o desejarem, mas também acho que o colégio pode se reservar ao direito de fazer essa proposta. O problema é o que vem depois: muitos pais fazem essa proposta e a veem recusada, só que o colégio diz que não vai oferecer tutor. Ou seja, recusa-se o acompanhante especializado oferecido pelos pais e, em troca, não oferece outro acompanhante especializado.


Ainda, há casos que recusam o tutor especializado dos pais e oferecem um estagiário. Mais uma vez, repito: acho louvável ser estagiário (inclusive, acredito que a função de estagiário deveria ser mais valorizada). Mas ser estagiário é algo incompatível com ser especializado. O estagiário, por natureza, está aprendendo para que se torne especializado, mas, enquanto isso, ainda não o é! E não é achismo. Basta ver a lei, como analisamos anteriormente. Além disso, lembremos que o contrato de estágio tem duração limitada a dois anos, por lei. Logo, quando um estagiário está aprendendo melhor e já adaptado à criança, a mudança necessariamente irá ocorrer. Nessa decisão, a pessoa mais prejudicada é a criança, que fica sem o acompanhante especializado.


Muitos colégios alegam que não podem aceitar um acompanhante especializado fornecido pelos pais, porque teriam “problemas trabalhistas”. Todavia, isso não é completamente verdade. É possível, sim, que o profissional atue sem causar qualquer problemática futura de cunho trabalhista para o colégio. Basta o setor jurídico do colégio “se mexer um pouquinho” e pedir aos pais a adequação de toda a documentação para esses casos. Enfim, o que notamos é que, mesmo quando os pais querem oferecer o acompanhante especializado, a situação pode se tornar um problema.


Você quer um colégio público? Você quer um colégio particular? Você quer um colégio particular e ainda se disponibiliza a pagar um tutor? Parece que, para todos esses casos, a maioria dos pais irá enfrentar uma exaustiva jornada para conseguir apenas ter o acesso a uma educação inclusiva.


Hoje, fui a um colégio. Não é o primeiro, não é o segundo, não é o terceiro. Perdi as contas de quantos colégios já entrei em contato ou fui visitar. Não aguento mais fazer “tour” pelos colégios. Eu já vi tantas salas de aula, que estou tomando trauma de carteiras escolares. Fui para uma reunião. E não, não matriculei minha filha ainda em nenhum colégio. Fiquei duas horas na reunião, e talvez as pessoas que ali estiveram possam pensar que foi e está sendo normal a situação, mas não está. Eu nunca tive que fazer uma reunião de duas horas antes de matricular minha filha mais nova, que não tem autismo.


Chegando ao colégio, havia quatro pessoas da instituição para a reunião. Eu não sabia se estava em uma reunião ou em uma banca de mestrado. Uma comitiva para falar da minha filha. No início da reunião, me foi dito que queriam “deixar as coisas as claras” para que eu não me “decepcionasse com o colégio e vice-versa”. Do meu ponto de vista, já começamos errado porque…. Simplesmente cumpram a lei! Tratem minha filha com dignidade! Mas, “ok”, talvez eu esteja cansada demais dessas reuniões e já os estivesse vendo com maus olhos.


Perguntas como: “mas ela é agressiva?”. Por que somos obrigados a escutar isso? Por que perguntam isso para a gente e não perguntam para os demais pais? Eu conheço várias crianças neurotípicas que são MUITO agressivas. Algumas com as quais eu não ficaria sozinha em uma sala. E não têm autismo! Por que não perguntam isso para todo mundo? Não é porque ela tem autismo que ela é agressiva! Juro que me dá vontade de responder: “crianças golden retrivier não são agressivas. São de companhia. Já sabe fazer xixi no jornal, então facilita para a professora.”. Porque é assim que eu me sinto. É como se eu tivesse falando de uma raça diferente, tentando matricular “algo” que não é humano. Por favor, estamos falando da minha filha!


E, se você acha a pergunta que citei pertinente, eu recomendaria conhecer melhor sobre autismo. Conheço mais crianças neurotípicas agressivas que autistas agressivos. E olha que eu conheço MUITOS autistas.


A situação inteira é bizarra! Claro que, em se tratando de aluno de inclusão, é pertinente que reuniões ocorram para traçar plano pedagógico, conversar com a família e terapeutas. Mas… antes da matrícula? Isso não acontece com crianças ditas “normais”. Eu tenho uma filha autista e outra que é neurotípica e posso dizer, por experiência: matricular uma criança neurotípica te coloca na posição de estar escolhendo o colégio, matricular uma criança com autismo é como se os colégios estivessem te escolhendo. A diferenciação é humilhante. É perceber o quão cruel pode ser nossa sociedade.


Em um ponto essa reunião me surpreendeu. Eles disseram que não aceitariam acompanhante especializado contratado pelo pais, mas que ofereceriam um acompanhante especializado formado para a criança. No final da reunião, perguntei: Se eu quisesse matricular minha filha agora, eu poderia? A resposta fora que, “na verdade, eles têm que falar com os superiores e darão uma resposta”! É ilegal (cível e criminalmente), é degradante e é ridículo. Ah… O colégio tem cerne religiosa e diz se pautar em valores como “igualdade” e “fraternidade”. Não consigo ver o que essa situação tem a ver com o evangelho. Pelo que eu saiba, a frase de Jesus é “vinde a mim as criancinhas” e não “vinde a mim as criancinhas neurotípicas, mas as com autismo eu aviso depois se elas podem ‘vinde’ ou ‘não vinde’”.


E esse cenário não se repete apenas na minha cidade. Recebo relatos dos mais diversos locais do Brasil. Porto Alegre, por exemplo, é uma localidade sobre a qual escuto muitos relatos. Tivemos um grande passo com a lei que prevê a obrigação de fornecer acompanhante especializado quando comprovada a necessidade, mas ainda há muito para lutar! Precisamos informar a sociedade e nos mobilizar. A educação é direito fundamental! Não existe “educação inclusiva” na medida em que a educação por sua natureza tem que ser inclusiva. Educar é mais que ensino formal. É mais do que saber quem descobriu o Brasil, o que é uma raiz quadrada, o que é uma mitocôndria ou uma ligação covalente. Educação é parte da formação de um cidadão, e impera o reconhecimento e a tolerância as diferenças. As crianças brasileiras apenas saberão lidar com o diferente quando o colégio, local que elas conhecem como centro do conhecimento, passar a aceitar a diferença.


Abro esse espaço para qualquer colégio que tiver “peito” de vir aqui e dizer: “cumpro a lei, tenho tantas vagas, aceito autistas e ofereço tutor especializado para casos de necessidade”. Basta um colégio me provar que faz isso que eu, com prazer, abro espaço para darem nome, endereço e contato. Até lá, resta esse oceano de insegurança, essa procura incessante de tantas famílias pelo acolhimento de tantas crianças, crianças simplesmente autistas. Tudo gira em torno de um esperado RESPEITO. Tudo gira em torno da complicação, hedionda e perversa, de algo tão simples: uma mãe matricular seu filho na escola.

 

Fonte: Gazeta do Povo

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Dislexia na Educação Infantil?



A dislexia é um transtorno específico da aprendizagem e é classificada como dificuldade crônica.

A criança lê, mas não consegue atribuir um significado ao que está lendo. Ela não associa o símbolo gráfico (letra) ao som que este representa. O disléxico possui uma dificuldade maior na área verbal (ex. linguagem escrita e oral) do que na não verbal (ex. linguagem simbólica).


 Sinal de alerta aos pais e professores: Aos oito ou nove anos de idade a criança apresenta alguma perturbação emocional. Têm um comportamento antissocial e até agressivo.


A dislexia é uma das grandes causas de baixo rendimento escolar. Na maioria das crianças disléxicas a caligrafia é bastante comprometida. Copiam com dificuldade e depois não conseguem entender o que está escrito. Eles também confundem a direita com a esquerda.


Aos 4 ou 5 anos de idade já é possível iniciar uma avaliação para saber se a criança tem ou não dislexia.


 

Sandra H. Pio – Psicopedagoga Reg. MEC 7526 – Porto Alegre  

 sandra@sulmail.com




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A Inclusão e o Autismo







 O mais importante na inclusão da criança autista em sala de aula é descobrir um meio que facilite a comunicação.


Cada criança tem suas peculiaridades e o diálogo com a equipe de especialistas que a acompanham é fundamental para se estabelecer um Plano Individual de Ensino que oportunize um tipo de comunicação que atenda a necessidade da criança e propicie a aprendizagem.


É indicada a presença de um mediador em sala de aula. No caso do autismo sabe-se a importância da capacitação dos professores e adaptações no currículo, caso contrário a criança não irá se beneficiar de longos períodos em sala de aula onde os conteúdos apresentados não oportunizam aprendizagem efetiva.


Sandra H. Pio – Psicopedagoga – Reg.MEC 7526

sandra@sulmail.com

Porto Alegre

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, e agora?






Rotulados de preguiçosos, mal-educados, avoados, irresponsáveis ou rebeldes, na realidade há pessoas que podem registrar um funcionamento cerebral diferente, que a faz agir dessa forma. O TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) ou simplesmente TDA é caracterizado por sintomas como a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade. Para entender melhor sobre o assunto e como o professor pode lidar com o transtorno em sala de aula, a Revista Appai Educar conversou com o neurologista infantil Milton Genes e a psicopedagoga Rita Thompson.

De acordo com os especialistas, o TDAH é um transtorno mental crônico, neurobiológico, multifatorial, muito comum na infância e de grande impacto sobre o portador, a família e a sociedade. “É um transtorno de desenvolvimento do autocontrole, que consiste em problemas com os períodos de atenção, com o controle do impulso e com o nível de atividade. Até o momento, a causa não é totalmente conhecida, existindo várias teorias para o seu aparecimento, tais como: predisposição genética, anormalidades nos gânglios da base e comprometimento do lobo frontal, esse último justamente uma região relacionada à inibição de comportamentos inadequados, à capacidade de prestar atenção, ao autocontrole e ao planejamento”, explicam.

Segundo informações das publicações Classificação Internacional das Doenças (1992) e do Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (2013), a prevalência do transtorno acontece em 3 a 7% das crianças em idade escolar, ficando a média no Brasil em torno de 5,8%. O início é precoce, geralmente antes dos cinco anos de idade. Ocorre mais em meninos do que em meninas, sendo o tipo hiperativo mais frequente neles e o desatento, mais comum nelas.

“O TDAH é um transtorno mental crônico, neurobiológico, multifatorial, muito comum na infância e de grande impacto sobre o portador, a família e a sociedade.”

Os especialistas explicam que, em função do elevado nível de comorbidades, o TDAH torna-se um diagnóstico de difícil conclusão e presente em quadros nos quais outras patologias estão instaladas. Comorbidade é definida como a presença de dois diferentes diagnósticos ao mesmo tempo. Dois terços das crianças portadoras de TDAH apresentam comorbidades como:



Em adultos, o transtorno afeta a vida pessoal e profissional?
De acordo com os especialistas, o TDAH não é restrito à infância. Pelo menos 50% das crianças com TDAH continuam a apresentar o quadro quando adultas, constituindo o transtorno neuropsiquiátrico não diagnosticado mais presente. Os sintomas de TDAH se modificam com a maturidade. Relatos de adultos com TDAH apontam dificuldades nos sintomas de mudanças frequentes das atividades, irritabilidade, impaciência e agitação, além de problemas no local de trabalho, no funcionamento social, nos relacionamentos e casamentos. É comum que mudem frequentemente de emprego e apresentem desempenho ruim. Além disso, tendem a ficar impacientes, considerar as tarefas repetitivas e entediantes com o passar do tempo e a demonstrar inquietude e tédio.

As consequências individuais (incluindo a baixa autoestima), familiares e sociais geram sempre algum grau de incapacidade e sofrimento, associado a prejuízo significativo do desempenho pessoal e profissional. Dentre os vários domínios afetados, o que demonstrou maior comprometimento foi o da educação. É comum que adultos com TDAH tenham menos anos de estudo do que indivíduos que não apresentam o transtorno. Apenas 75% completam o Ensino Médio e poucos terminam a faculdade. Pesquisas mostram que existe maior possibilidade de acidentes com portadores durante o ato de dirigir ou operar veículos motores, e também apontam para problemas de gerenciamento dos recursos financeiros, como deixar de pagar contas ou honrar compromissos, dificuldades em guardar dinheiro, comprar por impulso etc.



https://www.appai.org.br/transtorno-do-deficit-de-atencao-e-hiperatividade-e-agora/

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Dez Profissões Horríveis se Você Tiver TDAH

Atenção a detalhes. Multitarefas. Monotonia. Se você vir essas palavras na descrição de alguma profissão, corra na direção oposta. As carreiras que fazem brilhar os adultos com TDAH são dinâmicas, empreendedoras e criativas. Em outras palavras, o oposto desta lista!   - pelos editores de ADDitude

O Pior, Sempre.

Adultos com TDAH se sobressaem em muitas coisas. Tarefas tediosas, repetitivas, não estão entre essas coisas. Quando pedimos aos leitores para compartilhar os atributos mais prejudiciais para adultos com TDAH, eis o que eles disseram:

• (39%) Por favor, não me dê um trabalho repetitivo e sem sentido!
• (18%) Um que me faça obedecer prazos rígidos e programação consistente
• (14%) Um escritório ou um trabalho que me mantenha isolado é o pior
• (12%) Se tiver muitos envios de email e muita papelada, fico estressado
• (11%) Há números envolvidos? Estou fora se tiver matemática!
• (5%) Qualquer carreira que exija muita leitura, escrita ou jeito para discursos

1- Advogado ou Escrivão Judiciário

Os dramas da televisão podem levá-lo a pensar diferente, mas o dia de um advogado é gasto largamente na análise de minúcias e numa torrente sem fim de documentos. Seja redigindo testamentos e contratos ou preparando evidências para um julgamento, o trabalho de um advogado (ou um escrivão judiciário) requer atenção mantida a detalhes e longas horas de trabalho sem interrupção. Adultos com TDAH podem se descobrir facilmente distraídos ou inquietos, cometendo erros por descuido quando sua atenção a detalhes falhar - um grande problema quando se tratar de estabelecer acordos.

2- Secretaria Executiva

A melhor secretária executiva antecipa-se às necessidades do seu chefe, antes que ele diga alguma coisa. Ela agenda viagens e organiza itinerários que correm suaves como  manteiga. Ela ajeita compromissos e logística de modo a garantir que nenhum minuto seja perdido. E ela raramente tem o crédito que merece. É um trabalho difícil e algumas vezes sem recompensa, que requer incrível organização e habilidades de gerenciamento do tempo - não é uma boa escolha para um adulto com TDAH, que sofre de desorganização crônica e tem dificuldade de terminar os projetos.

3- Promotor de Eventos

De organização de casamentos a direção de conferências, os promotores de eventos sabem como contratar um grande bufê e oradores com meses de antecedência e surpreender seus convidados com as lembrancinhas perfeitas. Eles organizam a logística com detalhes até de minutos, mantêm todos no horário e estão sempre pensando cinco movimentos à frente - sorrindo o tempo todo. Embora a organização de eventos possa ser uma grande demonstração de criatividade, é um trabalho muito arriscado para qualquer um que tenha a tendência de estar atrasado, sofra de cegueira em relação ao tempo e procrastine até o último minuto.

4- Contador

Muitos adultos com TDAH prefeririam espetar um lápis no olho a trabalhar para terminar a sua declaração de imposto de renda a tempo. Números críticos! Preencher certo os formulários! Seguir as instruções minuciosas para colocar a informação correta nos lugares certos! E isso é o que os contadores fazem todos os dias, tudo enquanto mantêm na mente os códigos dos impostos e taxas de abatimentos e as legislações estaduais. Contadoria é uma profissão importante e estimada. Só é um inferno para muitas pessoas com TDAH e/ou Dificuldades de Aprendizagem, que tornam a matemática um desafio.

5-  Bibliotecário

Bibliotecários são mestres em organização silenciosa e autodirigida. eles conservam cada volume de uma coleção em seu lugar exato, sem dizer uma palavra - e frequentemente sem muita supervisão para mantê-los atentos. É um trabalho importante - e terrivelmente inadequado para os TDAHs faladores e sociais, que gostam de muita estimulação. Além disso, de 20 a 60% das pessoas com TDAH têm uma ou mais Dificuldades de Aprendizagem ou problemas de linguagem, os quais podem fazer a alfabetização e a leitura intensiva uma grande dificuldade.

6- Serviço de Atendimento a Clientes

Responder a chamadas telefônicas o dia todo é muito tedioso. Acrescente a isso o desafio de manter sua paciência sob ataque, mesmo quando o cliente definitivamente não tem razão, e você terá uma combinação perigosa para adultos com TDAH. A impulsividade da condição significa que, frequentemente, perdemos a paciência quando sentimos que alguém nos está tratando mal e, quando lidamos com queixas o dia todo, isso pode acontecer muito.

7- Motorista de Caminhão

Viagens longas e solitárias, principalmente à noite, podem ser monótonas e até mesmo perigosas para adultos com TDAH. As pessoas com TDAH são mais propensas a se distraírem na direção, a abusar da velocidade e a não ver os sinais e as indicações. Embora possamos nos manter em segurança na estrada seguindo certas precauções, tais como limitar a música e os telefonemas  no trânsito, é melhor não tentar uma carreira como motorista.

8- Gerente Operacional

É uma carreira dinâmica, com bons salários. Mas não é uma profissão adequada para a maioria dos adultos com TDAH. Um gerente operacional típico supervisiona o dia-a-dia de uma empresa, contratando funcionários, negociando contratos, resolvendo problemas de orçamento, entendendo as operações gerais de comércio e guiando os grupos de trabalho em meio aos projetos. Isso requer uma grande dose de eficiência em multitarefas e calma consistente nas situações estressantes. Esse papel pode atormentar adultos com TDAH, para os quais planejar com antecipação e julgar prioridades díspares são como a kryptonita (do Super Homem).

9- Operário de Linha de Montagem

Pense num trabalho repetitivo. E num trabalho que precisa de atenção constante a detalhes, o dia todo. É a pior combinação possível para adultos com TDAH, os quais sofrem de tédio e de problemas com a atenção focalizada quando não estimulados mentalmente ou fisicamente. Em vez disso, procure um trabalho no qual você lide com muitas coisas diferentes o dia todo, para manter sua mente calma e sua atenção aguçada.

10- Terapeuta ou Conselheiro

As pessoas com TDAH podem ter muita empatia. Gostamos de ajudar as pessoas e entendemos o valor de relacionamentos positivos. Então, por que, geralmente, não somos bons terapeutas ou conselheiros? Os neurotransmissores produtores da sensação de prazer (dopamina é um deles) estão em falta no nosso cérebro. Como resultado, estamos em procura permanente de surtos de energia neurológica. Comer carboidratos, por exemplo, desencadeia uma liberação de dopamina no cérebro. O mesmo faz o "drama". Isso explica porque adultos com TDAH algumas vezes parecem criar os problemas de relacionamento sem necessidade alguma - aprontando brigas e discussões só para estimular seu cérebro. Isso é ruim para os relacionamentos, que se sustentam com boa e saudável comunicação e com a habilidade de se colocar no lugar de seus amigos, o que muitos adultos com TDAH têm dificuldade de fazer.

Descubra a carreira certa para você

Trabalhar no que você gosta, mesmo que não seja tradicionalmente uma característica do TDAH, pode ajudar a superar suas áreas problemáticas do seu transtorno. O primeiro passo para encontrar uma carreira adequada para você será descobrir qual é a sua paixão, e assumi-la. Então, procure profissões que possam atrair e manter sua atenção. Encontre um lugar onde possa organizar pausas para dar uma chance de descanso ao seu cérebro, e procure responsabilidades que sejam compatíveis com suas habilidades. Há muitos profissionais famosos e bem sucedidos, com TDAH. Com as escolhas corretas, você também poderá ser um deles.


[Na opinião do Dr. Russel Barkley, seu sucesso dependerá de suas habilidades ou talentos e não do fato de o TDAH lhe dar alguma vantagem. Ao contrário, Dr. Barkley afirma que o TDAH não é um dom, mas uma sina.]


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