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sábado, 2 de janeiro de 2021

TEMPO DE EXPOSIÇÃO A TELAS ANTES DE DORMIR E O EFEITO NO SONO DE CRIANÇAS




Muito se houve falar, sobretudo quando o tema é higiene do sono, que a exposição às telas como televisão e celular próximo ao horário de dormir tem um efeito negativo na qualidade do sono, o que pode ser um motivo de preocupação para pais de crianças e adolescentes.


Um estudo financiado pelo instituto Eunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health and Human Development (NICHD) encontrou que o uso de mídias eletrônicas a noite estava associado a redução do sono em crianças, mais acentuadamente naquelas que pontuavam menos em uma medida de auto-controle – a capacidade de filtrar impulsos inapropriados, focar a atenção e completar tarefas difíceis.


Embora seja possível ajudar crianças a desenvolver auto-controle, os pesquisadores dizem que seria mais produtivo ajudá-las a desenvolver um hábito saudável de uso de telas e de rotina de sono antes da adolescência, quando os pais passam a ter menos influência nos hábitos de sono de seus filhos.


O estudo foi conduzido por Kathryn Lemery-Chalfant, Ph.D., da Arizona State University, e colegas e foi publicado na Psychological Science.


Estudos anteriores haviam associado o uso de mídias eletrônicas próximo do horário de dormir com diferenças na qualidade, quantidade e tempo de sono em crianças e adolescentes. O presente estudo se propôs então a avaliar se essa associação variaria de acordo com as características das crianças. Eles buscaram determinar se diferenças na capacidade de auto-controle seriam capazes de influenciar o sono após o uso de mídias.


Os pesquisadores acompanharam o padrão de sono de 547 crianças, com idades entre 7 e 9 anos, por uma semana. Os pais mantinham diários dos horários que seus filhos iam dormir e acordavam e dos horários em que eles usavam mídias. O uso de mídias consistia em usar um computador desktop ou laptop, ver televisão, jogar videogames ou usar um telefone celular ou tablet para jogos ou internet.  Para avaliar objetivamente o sono, as crianças usavam actígrafos – dispositivos semelhantes a um relógio de pulso que analisava os seus movimentos e a luz ambiente. Ao registrarem  inatividade, os pesquisadores estimavam quanto tempo as crianças dormiram.


Os pais responderam ao questionário “Temperament in Middle Childhood Questionnaire”, desenhado para pontuar os traços de personalidade dos seus filhos, incluindo o auto-controle. As medidas de auto-controle incluíam o grau de capacidade que as crianças tinham para se obrigar a fazer os temas de casa, mesmo quando elas tinham vontade de brincar; se elas se distraiam facilmente ao ouvir uma história e se elas tinham facilidade em esperar para abrir um presente.


Em média, as crianças dormiam 8 horar por noite e usavam mídia antes de dormir em 5 das 7 noites. Aquelas que usavam mídia antes de dormir, dormiam em média 23 minutos a menos por noite e iam dormir 34 minutos mais tarde que aquelas que não usavam. Contudo, ao comparar usos equivalentes de mídia antes de dormir, crianças que tinham um alto grau de auto-controle dormiam 8 horas e aquelas com baixo grau de auto-controle dormiam 40 minutos a menos.


Portanto, de acordo com os resultados, a capacidade de auto-controle seria capaz de atenuar o efeito do uso de mídias a noite sobre o sono. Os pesquisadores teorizaram que crianças com baixo nível de auto-controle podem ter dificuldade de se acalmar após usarem mídias e podem ter dificuldade de adormecer. Apesar de que o auto-controle possa ser melhorado, eles adicionam, isso é um traço de personalidade e é difícil de mudar.


“Ao invés dos pais pensarem em como eles podem ajudar seu filho a melhor regular seu comportamento, eles podem tentar focar em desenvolver um cronograma mais consistente do sono e do uso de mídias”, disse a autora Leah Doane, Ph.D., da Arizona State University.


Artigo adaptado e traduzido de: https://www.nichd.nih.gov/newsroom/news/062620-screen-time

http://focustdah.com.br/2020/11/20/tempo-de-exposicao-a-telas-antes-de-dormir-e-o-efeito-no-sono-de-criancas/

O AÇÚCAR TORNA AS CRIANÇAS HIPERATIVAS?

 


Você certamente já deve ter visto representado em algum filme crianças ficando enlouquecidas após ingerirem grandes quantidades de doces. Contudo, a ideia de que o açúcar cause hiperatividade em crianças não parece ser verdadeira, com evidências científicas apontando contra essa hipótese.


Em 1995, foi publicada uma meta-analise no JAMA que agrupou os resultados de 23 estudos científicos. Os resultados encontrados apontaram que o açúcar não afetava o comportamento ou a performance cognitiva de crianças. Nesse trabalho, foram incluídos apenas estudos controlados com placebo e cegos, o que significa que as crianças, os pais e os professores envolvidos na análise não sabiam quem tinha recebido açúcar ou placebo.


Entretanto, os autores na época ressaltaram que não era possível eliminar um “pequeno efeito” e que eram necessários mais estudos.


Existe a possibilidade que certas crianças possam responder de forma diferente ao açúcar. Apesar disso, os estudos de maneira geral apontam que certamente não há um efeito tão grande quanto o dramatizado nos filmes ou relatado pelos pais.


Em 2017, outro estudo publicado no International Journal of Food Sciences and Nutrition investigou o impacto do consume de açúcar no sono e no comportamento de 287 crianças com idades entre 8-12 anos.


Os pesquisadores coletaram informações através de questionários de frequência alimentar, de sono, de comportamento e de dados demográficos. Surpreendentemente, 81% das crianças consumiam mais do que a dose diária recomendada de açúcar.


Ainda assim, os pesquisadores concluíram que “O consumo total de açúcar não estava relacionado a problemas de sono e comportamento, nem afetava a relação entre essas variáveis”.


Parece claro, portanto, que se o açúcar impacta na hiperatividade, o efeito não é acentuado nem está presente na maioria das crianças


Apesar disso, alguns pais podem ainda acreditar que seus filhos fiquem hiperativos após consumir açúcar, o que pode se dever, em parte, as expectativas dos próprios pais.


Para verificar esse efeito, um estudo publicado em 1994 no Journal of Abnormal Child Psychology avaliou 35 meninos com idades entre 5-7 cujas mães os descreviam como “sensíveis ao açúcar”.


As crianças foram divididas em dois grupos. Todas receberam placebo. Para metade das mães foi dito que seus filhos tinham recebido placebo e as outras foram ditas que seus filhos tinham recebido uma alta dose de açúcar.


Os pesquisadores filmaram as mães e os filhos enquanto eles interagiam e eram questionados quanto a interação. Os autores encontraram os seguintes achados:


As mães que acreditavam que seus filhos tinham recebido açúcar pontuaram seus filhos como significativamente mais hiperativos. Observações comportamentais revelaram que essas mães exerciam mais controle ao manter mais proximidade física bem como ao mostrar mais tendência a criticar, observar e a conversar com seus filhos do que as mães do grupo controle.


Vale lembrar também que a mídia tem um papel importante na perpetuação do mito, ao retratar em filmes e desenhos um boost de energia após o consumo de açúcar.


Além disso, muitas vezes o cenário em que as crianças consomem muito açúcar é um cenário de festas de aniversário, em que as crianças estão se divertindo e estão propensas a ficarem mais excitáveis a despeito do consumo de açúcar. De forma similar, se um doce é dado como um “presente especial”, o simples fato de receber uma recompensa pode fazer com que as crianças fiquem mais excitadas.


Mas então de onde veio essa ideia?


Em 1947, Dr. Theron G. Randolph, publicou um artigo discutindo o papel de alergias alimentares na fatiga, irritabilidade e problemas comportamentais em crianças. Além de outros fatores, ele descreveu a sensibilidade aos açucares do milho, ou ao xarope de milho, como a causa da “síndrome de fatiga´tensional” em crianças, sintomas que incluem cansaço e irritabilidade.


Nos anos 1970, o açúcar foi culpabilizado por causar hipoglicemia funcional ou reativa- em outras palavras, uma queda na glicemia (nível de açúcar no sangue) após uma refeição- o que pode causar sintomas como ansiedade, confusão e irritabilidade.


Essas foram as duas teorias proeminentes que cunharam a crença de que o açúcar impactava negativamente o comportamento de crianças. Contudo, nenhuma dessas teorias é atualmente respaldada pela literatura.


Entre os anos 1970 e 1980, muitos estudos pareciam apontar que crianças mais hiperativas consumiam mais açúcar. Entretanto, por serem estudos transversais (avaliaram as crianças em apenas um momento no tempo), é impossível dizer se o açúcar causa hiperatividade ou se a hiperatividade levava a um maior consumo de açúcar.


Desde os anos 90, os estudos que analisaram a hiperatividade e o consumo de açúcar apontaram para uma ausência de relação, sendo considerado por muitos um assunto resolvido. Porém existe uma área que ainda continua em estudo:


O grupo específico de crianças com Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).


Atualmente, alguns estudos buscam avaliar se uma dieta com alta quantidade açúcar pode aumentar o risco de desenvolvimento de TDAH enquanto outros buscam avaliar se o açúcar poderia exacerbar os sintomas de TDAH em crianças diagnosticadas.


Nesse sentido, em 2011  um estudo que acompanhou 107 crianças da quinta série não encontrou associação entre o volume total de consumo de açúcar em lanches com o desenvolvimento de  TDAH.


Já em 2019, uma  meta-analise publicada no Journal of Affective Disorders encontrou uma “evidência de associação entre os padrões alimentares e o TDAH”. Os autores desse estudo concluíram que “uma dieta com alto grau de açúcar refinado e gordura saturada pode aumentar o risco” de TDAH e que uma dieta com alto grau de frutas e vegetais seria protetiva.


Contudo, eles reconhecem que a evidência é fraca. Por exemplo, dos 14 estudos que encontraram uma relação entre dieta e TDAH, 10 usaram um desenho transversal ou de caso e controle, ambos os quais são estudos observacionais com limitada capacidade de postular conclusões.


Os autores da meta-analise também ressaltam um ponto importante: existe evidência que pessoas com TDAH têm mais tendência a engajar em comportamentos de compulsão alimentar. Isso significa que o consumo de alimentos com alto teor de açúcar -que ativam as redes de recompensa do cérebro- podem ser resultado do TDAH.


Para sumarizar, ao que parece, o açúcar não causa hiperatividade na vasta maioria das crianças. Estudos no futuro até podem encontrar um efeito pequeno, porém as evidências atuais sugerem que essa associação é um mito. Mas lembre-se: isso não significa que uma dieta com excessiva quantidade de açúcar seja benéfica, dado que ela pode implicar em outros problemas de saúde, como diabetes e sobrepeso.


Artigo adaptado e traduzido de: https://www.medicalnewstoday.com/articles/medical-myths-does-sugar-make-children-hyperactive#Sugar-and-hyperactivity-in-children




http://focustdah.com.br/2020/11/29/o-acucar-torna-as-criancas-hiperativas/