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quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

O que é feito das crianças que nascem sem lugar no mundo?”


1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
   Esta reflexão apresenta algumas considerações sobre o documentário:

 “Procura-se Janaína”. A psicanalista e cineasta Miriam Chnaiderman[1],
desenvolveu o documentário tendo por base as seguintes questões: “Por que alguns pais abandonam seus filhos? E o que é feito das crianças que nascem sem lugar no mundo?”
Para início de discussão, é preciso explanar um pouco da história de Janaína, tendo como referência o documentário e um levantamento bibliográfico.

 1.2 História de Janaína
 Abandonada aos cinco meses de idade, Janaína viveu na Febem nos anos 80. Até onde há registros de sua vida, ela nunca chegou a ser adotada.
Assim, questionamentos como esses: “Qual terá sido o destino de uma criança negra, pobre, órfã, e, além de tudo, autista?”, despertou Chnaiderman, para elaborar o projeto do documentário,premiado em concurso do programa Itaú Cultural.
 É interessante perceber que a história de Janaína, é a história da Febem, do Estatuto da Criança e do Adolescente, no ano 1990, quando Janaína tinha 10 anos de idade.
 
2 O TRATAMENTO DE JANAÍNA

 Para a realização do documentário, a pesquisadora, vasculhou os arquivos depositados no Núcleo de Documentação do Adolescente (Febem) e os de outras instituições onde Janaína esteve.
Nessa busca, a equipe é informada que Janaína respondia bem aos tratamentos, mas eles eram interrompidos. As instituições onde ela era atendida foram acabando, algumas falindo. Ou seja, Janaína foi passando por vários abandonos.
Um dos argumentos da diretora; “Procura-se Janaína”, com certeza, mesmo se jamais tivesse encontrado Janaína, o documentário teria sua existência justificada. Ou seja, ele marcou sua trajetória, ela foi abandonada pela família, mas foi lembrada por alguém, de forma significativa. Então, Janaína passou a existir para os envolvidos com o projeto.
Chnaiderman diz: “fazer Janaína existir já é, em si mesmo, um ato político”.  O documentário mostra que há crianças sem lugar no mundo. São crianças entregues as instituições e que não se desenvolvem nos padrões esperados: não são portadoras de deficiências, mas também não têm um desenvolvimento dito normal. Assim era Janaína, negra, pobre e institucionalizada.
A diretora da instituição relatou: “Ela se debatia no berço e se machucava, ficava com a mão espalmada, não falava e não se relacionava com outras crianças”.

 2.1 Janaína e suas mudanças institucionais
 O caso de Janaína, no seu percurso, pode-se pensar: como uma criança que não tinha onde ter ancoragem, um porto de chegada, nem de partida, como ela poderia ter qualidade de vida?
Durante cinco meses a equipe buscou Janaína, conseguindo autorização foi à Unidade Sampaio Viana, pesquisando nos arquivos, entrevistando funcionários. E a diretora daquela unidade, que conseguiu que Janaína fosse tratada, foram até o que hoje é a continuação da Clínica Enfance e, finalmente, encontraram Janaína.
Janaína foi encaminhada para um hospital psiquiátrico aos seis anos de idade, em 1986. No documentário no final diz:  “Janaína hoje está sendo treinada para viver em uma residência terapêutica.”
Hoje, vários abrigos lidam com crianças em situação de risco, podemos dizer que com a implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente, a história passou a ser diferente. Ou, pelo menos, pode ser diferente.

3 Considerações finais
             Que o documentário sobre Janaína, causa indignação, não resta dúvida. Contudo, o envolvimento da equipe, a fala de cada participante no desenrolar do filme afeta de forma significativa. Causa interrogações em relação ao tratamento, por que ela foi passando de uma instituição para outra?
Quando a equipe encontra com Janaína, e ela vai ao supermercado, a capacidade de interagir, de relacionar-se.  Além disso, o local que prepararam para ela, a Residência Terapêutica, para que ela continue seu tratamento e com suas progressões.



http://apsicologiaonline.com.br/2013/10/o-que-e-feito-das-criancas-que-nascem-sem-lugar-no-mundo/ 

domingo, 18 de dezembro de 2016

TDAH – Diagnóstico e suas intervenções através da Psicopedagogia e das Terapias Expressivas



“Percebi que o simples ato de riscar um papel tem um sentido e descobri em meus desenhos algumas verdades que o meu pensamento discursivo tinha sido incapaz de captar.  Era como se tecessem em mim, em fios muito finos a própria trama do simbólico.”
 Regina Pereira
 No cenário contemporâneo das psicoterapias, percebe-se novos tipos de sofrimento que demandam diversas formas de intervenção, o que levou alguns autores em criar teorizações que privilegiam o uso de recursos expressivos e técnicas não-verbais na intervenção clínica.
 “torna-se interessante experimentar os benefícios das terapias expressivas, de vivenciar, em terapia, o potencial e a força criativa que levam as pessoas ao autoconhecimento, ao encontro do equilíbrio e a superação de suas dificuldades emocionais”.
 Caro leitor, o presente texto vem discutir sobre  o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), com abordagem diagnóstica a partir da visão psicopedagógica, com as intervenções em arteterapia.
Autores afirmam que o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é, de base, neurológica, caracterizado pela desatenção/falta de concentração, agitação (hiperatividade) e impulsividade. Estas características podem levar o portador a ter dificuldades emocionais, de relacionamento, decorrendo daí baixos níveis de auto-estima, além do mau desempenho escolar, face às reais dificuldades no aprendizado.
Ao psicopedagogo cabe uma intervenção educativa ampla e consistente no processo de desenvolvimento do paciente, em suas diversas dimensões, tais como as afetivas, cognitivas, orgânica e psicossocial.
“A avaliação psicopedagógica tem um papel central no diagnóstico da criança com TDA/H, já que é no colégio que o problema tem maior expressão” (CONDERAMIN e colaboradores, 2006, pg. 60).
A arteterapia é uma abordagem na qual a arte é utilizada como meio de expressão e exteriorização de sentimentos, permitindo sejam confrontadas as angústias e potencializando a criatividade do paciente. Permitindo que o paciente possa redimensionar a importância de sua aprendizagem e de seus valores. Por isso, são utilizadas  nas intervenções psicopedagógicas mediadas por recursos técnicos de arteterapia, no desenvolvimento psíquico e cognitivo de crianças e adolescentes portadores de TDAH e outros.
O TDAH é um transtorno Neurobiológico, em que, o córtex pré-frontal direito (O córtex pre frontal e a tomada de decisões)  é um pouco menor nas pessoas que apresentam este transtorno. Disfunção de execução é o mesmo que inabilidade neural quer para inibir, quer para concluir uma determinada ação ou projeto. Assim, portadores de DDA são incapazes de controlar seus impulsos com relação aos seus comportamentos, sejam os de fazer ou os de não fazer.
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é, em regra, de origem genética e congênita.
Saul Cypel (2007) coloca que o TDAH é compreendido como um transtorno que compromete principalmente o funcionamento do lobo frontal do cérebro, responsável, entre outras atividades, pelas funções executivas e de funções como:
• A atenção;
• A capacidade que o indivíduo possui de auto estimular-se;
• Conseguir planejar-se, traçando objetivos e metas;
• Controle dos impulsos;
• Controle das emoções;
• A memória que depende da atenção;
Contudo, o cérebro da pessoa que possui hiperatividade gera novas estimulações, mantendo sempre a pessoa em estado de alerta.
O TDAH é um transtorno de conduta crônico com um substrato biológico muito importante, mas não devido a uma única causa, com uma forte base genética, e formada por um grupo heterogêneo de crianças. Inclui crianças com inteligência normal ou bem próxima do normal, que apresentam dificuldades significativas para adequar seu comportamento e/ou aprendizagem à norma esperada para sua idade.
Os sintomas principais deste transtorno são uma combinação de desatenção, impulsividade e hiperatividade, que desde muito cedo já estão presentes na vida da criança, mas que se tornam mais evidentes na idade escolar.
Estes sintomas afetam a aprendizagem, a conduta, a auto-estima, as habilidades sociais e o funcionamento familiar. Esse transtorno pode também causar uma alta vulnerabilidade psicológica do paciente e é causado por atrasos no amadurecimento ou disfunções permanentes que alteram o controle cerebral superior do comportamento.
O TDAH não só é conhecido por ser um dos distúrbios neuropsiquiátricos mais comuns na infância e na adolescência (MATTOS, 2001), mas também porque engloba sintomas que são comuns em portadores e não portadores tais como: dificuldade de concentração, falha na finalização de tarefas ou inconsistência na realização de um objetivo definido (BARKLEY, 2002).
Segundo Rohde e Benczick (1999) o TDAH é um problema de saúde mental que tem como características básicas a desatenção, a agitação (hiperatividade) e a impulsividade, podendo levar a dificuldades emocionais, de relacionamento, bem como o baixo desempenho escolar; podendo ser acompanhado de outros problemas de saúde mental.
Hiperatividade significa inquietação motora excessiva e agressiva, não apenas espasmos de nervosismo. (Phelan, 2005)
O diagnóstico do TDAH é clínico, devendo ser feito por médicos especialistas no assunto, com ou sem auxílio de uma equipe interdisciplinar que pode ser composta por: neurologista, neuropsicólogo, psicólogo, psicopedagogo, e/ou fonoaudiólogo. Mas todo diagnóstico deve seguir os seguintes passos:
Entrevistas com os pais (levantamento das queixas e sintomas e relato sobre o comportamento da criança em casa e em atividades sociais);
Entrevistas com professores (relato sobre o comportamento da criança na escola, levantamento das queixas, sintomas, desempenho escolar, relacionamento com adultos e crianças);
Questionários e escalas de sintomas para serem preenchidos por pais e professores;
 Avaliação/observação da criança ou adolescente no consultório;
Avaliação psicológica
Avaliação neuropsicológica;
Avaliação psicopedagógica;
Avaliação fonoaudiológica;
Durante este processo de avaliação com o cliente pode ocorrer algumas intervenções, a partir do momento que já exista um vínculo entre terapeuta (psicólogo/arteterapeuta) e cliente.
Estas intervenções podem ser feitas através de jogos lúdicos ou através de atividades ligadas à arteterapia, sendo estas atividades: desenho livre, jogo do rabisco, pintura (guache), contar história e outros.. etc.
O Objetivo é determinar com maior precisão possível, a freqüência do problema, as situações que o desencadeiam (Situações-gatilho), os contextos em que estas ocorrem com mais regularidade e a s conseqüências das condutas observadas”. (Ferreira, 2008)
O objetivo da avaliação diagnóstica do TDAH não é de qualquer forma rotular crianças, mas sim avaliar e determinar a extensão na qual os problemas de atenção e hiperatividade estão interferindo nas habilidades acadêmicas, afetivas e sociais da criança e na criança e no desenvolvimento de um plano de intervenção apropriado. (Benczyk, 2006)

Atuação Psicopedagógica e as contribuições da Arteterapia
O psicopedagogo em sua atuação institucional ou clínica pode exercer um trabalho de reflexão e orientação familiar, possibilitando elaboração acerca do direcionamento das condutas que favorecem a adequação e integração do indivíduo com TDAH, trazendo perspectivas sob diretrizes de vida e evolução.
A criança ou adolescente portador de TDAH precisa ser estimulada de maneira correta em tempo integral, para que mantenha sua atenção no que está fazendo ou estudando. Neste processo, o psicopedagogo tem papel importante, cabendo-lhe intervir no método cognitivo, junto à construção do saber, e fazer com que o paciente sinta-se capaz de ter um bom desenvolvimento intelectual, profissional e pessoal.
Quando a criança ou adolescente estiver no processo de avaliação diagnóstica ou mesmo já fazendo o tratamento interventivo:
O profissional pode focalizar dificuldades específicas da criança, em termos de habilidades sociais, criando um espaço e situações para desenvolvê-las, por meio da interação com a criança por intermédio de qualquer atividade lúdica. (Benczik, 2000, pg. 92)
Com isso a criança ou adolescente poderá desenvolver habilidades como:
– Saber ouvir
– Iniciar uma conversa
– Olhar nos olhos para falar
– Fazer perguntas e dar respostas apropriadas
– Oferecer ajuda para alguém
– Brincar cooperando com o grupo
– Sugerir outras brincadeiras, usando sua criatividade
– Agradecer, falando obrigado
– Saber pedir por favor
– Manter-se sentada ou quieta por um período
– Saber esperar sua vez para falar ou jogar
– Ser amigável e gentil
– Mostrar interesse em algum assunto
– Respeitar o outro como um ser diferente que possui sentimentos e diferentes opiniões
– Dar atenção as outras pessoas
– Saber perder, entendendo que não se pode sempre ganhar
A arteterapia também é uma grande contribuição terapêutica durante o processo de diagnóstico ou mesmo de intervenção com um portador de TDAH. Isto, porque tal técnica traz ainda mais conhecimento no “lidar com o aprender”, pelas mediações artísticas. Além disso, a criança ou adolescente pode entrar em contato com suas emoções mais profundas, sem precisar se expor, ou seja, falar quando não tem vontade.
Utilizando a arteterapia, a criança ou adolescente poderá compartilhar suas experiências através da expressão da arte, facilitando a exteriorização de seus sentimentos íntimos, demonstrando melhor seu jeito de pensar, de agir e sentir.
A arteterapia tem também como objetivo promover a autodescoberta do sujeito pelo lúdico, pelas cores, representações, imaginações e fantasias, etc.
Deve lhe ser solicitado que descreva sua representação artística, encorajando-lhe a ir mais longe, mantendo o diálogo entre a “Arte” e o “eu”, expressando sua arte e a si mesma.
A arteterapia e a psicopedagogia, o paciente irá adquirir um melhor auto-conhecimento, desenvolvendo a auto-estima e maior consciência de suas dificuldades, melhorias e ações.
Durante o processo avaliativo que, como já colocado, pode ser também interventivo, o profissional (psicopedagogo/arteterapeuta) deve antes de mais nada listar alguns indicadores que devem ser observados, tais como:
– A imaturidade com relação ao desenvolvimento da atenção, (que pode ser associado a uma atividade com arteterapia;)
– O Déficit de atenção do paciente (que pode ser associado a uma atividade de arteterapia para diagnósticos ( desenhos, contos de fada, outros;)
Intervenções relacionadas à psicopedagogia e à arteterapia que podem ser utilizadas noo processo, como:
• Jogo com regras: Através dos jogos, a criança deverá submeter-se às regras e normas, onde poderá desenvolver suas habilidades, seu raciocínio, auto-imagem, tolerar frustrações, saber ganhar ou perder, saber esperar sua vez, planejar uma situação, aprender a ouvir, etc.
• Brincadeiras de representação (psicodrama): Através dos diálogos e da troca de papéis, a criança pode desenvolver algumas habilidades, e o psicólogo servirá como espelho, onde a criança poderá ver com mais clareza ser jeito de ser.
• Atividade corporal cinestésica: O relaxamento associado ao controle da respiração, ouvir silenciosamente uma música relaxante ou mesmo a massagem corporal são medidas úteis para reduzir a tensão dos músculos do corpo e trazer a atenção da criança para si mesma, fixando-se em si mesma e promovendo maior centralização.
Os jogos e atividades que podem ser trabalhadas com uma criança ou adolescente que estejam num processo avaliativo/diagnóstico, ou mesmo que já tenham sido diagnosticadas com TDAH (Fagali, 2010).
– Jogos que alternam expansão de percepção e liberação do movimento com foco em figuras, seus detalhes e na concentração de ações.
– Atividades de construção criativa em que se usa a força com as mãos, liberando energia represada, exemplo de trabalho de construção com madeira, pregos e martelos. Alterna-se com atividades sutis, enfatizando a suavidade e delicadeza dos movimentos. Os instrumentos podem ser as próprias mãos, pincéis de várias texturas, giz de cera colorido (pintura e expansão da aquarela, guache e giz de cera, no movimento alternado de contensão e expansão).
– imagem corporal: o trabalho com o corpo, Tensão alternada com relaxamento, diretamente associada ao movimentos corporais.
– O trabalho respiratório: Inspirar até o abdominal, bem lentamente, como se enchesse uma bexiga, expirar como se soprasse pela boca tirando tudo que precisa sair desde o abdômen. (inspiração e expiração com vários ritmos e duração, em função das facilidades progressivas do aprendiz).
Associar a histórias e imagens, criando algo a partir disto.
– Tocar com tambores liberando a energia e conversando com eles: forte, leve, no centro e nas bordas do tambor, acelerado e lentamente, alterações de ritmos. Conversas com o tambor do companheiro ou terapeuta, mantendo palavras, cantos, ou acompanhando pelo som de uma música rítmica.
Jogos:
– Jogos de figura e fundo
– Jogos com movimentos que requeiram atenção e rapidez diante de um sinal.
Na área clínica, o trabalho do psicopedagogo pode ser preventivo, visando também evitar o fracasso, seja este escolar, profissional ou pessoal, além de encaminhar à propositura de novas possibilidades de ações, que farão com que ocorra uma melhora na prática pedagógica, contribuindo para sua própria evolução.
Os contos de fadas também podem ser utilizados, tanto na fase do diagnóstico, quanto durante a intervenção psicopedagógica.
Os jogos que possuem regras permitem que a criança, além de ter seu desenvolvimento social quanto a limites, possa participar, saber ganhar, perder, melhorar seu desenvolvimento cognitivo, e possibilita a oportunidade para a criança saber onde está, o motivo e o tipo de erro que cometeu, tendo chance de refazer, naquele momento, da maneira correta. (Edyleine Bellini Peroni Benczik, 2000)
Uma criança ou adolescente pode estar inquieta ou distraída por muitos motivos, e não necessariamente devido a um transtorno. A inquietação pode ser indicativo de uma inteligência ativa, questionadora, que deve ser adequadamente estimulada nos meios familiar e escolar.
A importância da Psicopedagogia nos estudos do TDAH e das implicações sintomáticas no processo de aprendizagem, para evitar avaliações ingênuas e precipitadas.
Aos portadores de TDAH, ainda que sob tratamento medicamentoso, se realmente necessário, é exigido o acompanhamento psicoterapêutico, devendo a escola estar presente com cumplicidade, de forma integral, durante todo o processo. Ressalte-se que, a princípio, é à escola, a partir das dificuldades observadas, a competência para o primeiro encaminhamento ao diagnóstico/avaliação psicopedagógica, que poderá diferenciar fatores do aluno que o conduzam a outros encaminhamentos, mais específicos.
o profissional da Psicopedagogia, tanto quanto os demais que lidam com o portador de TDAH, são fundamentais para a recomposição do paciente, em especial dos aspectos emocional, cognitivo, e acadêmico.
Ao fazer o acompanhamento psicopedagógico, a criança e/ou adolescente terá apoio terapêutico durante seu trabalho escolar, pois vai atuar sobre a dificuldade escolar apresentada, suprindo sua defasagem, ajudando na assimilação e acomodação dos conceitos apresentados nas salas de aulas, nas diferentes disciplinas e possibilitando ao aluno condições para que novas aprendizagens ocorram. (Edyleine Bellini Peroni Benczik, 2000)
Com uma criança portadora de TDAH, o psicopedagogo deve trabalhar suas dificuldades (falta de atenção/concentração, impulsividade, hiperatividade) e suas questões emocionais (baixa auto-estima, baixa tolerância à frustração, ansiedade, entre outros), através dos jogos, trabalhos de leitura e escrita, trabalhos manuais e expressões de arteterapia e atividades lúdicas, sem deixar abandonar aquele em relação às posturas e hábitos associados à atenção, organização da rotina, execução e persistências nas tarefas, além de outros fatores já destacados nos itens anteriores.
Os cuidados para não generalizar e para evitar os abusos medicamentosos, não devem excluir ou ignorar a necessidade do tratamento ponderado e dos cuidados psicopedagógicos, indicadores do problema e que sugerem um tratamento balanceado e cuidadoso.
Abrir espaço para o diagnóstico e intervenções, tendo em vista as questões do ser humano e suas singularidades, sem perder de vista as perspectivas futuras.

Referências
FAGALI, E. & equipe Contribuições da Arteterapia para a Psicopedagogia. São Paulo, Editora Independente Integração. 2009.
FERREIRA, C. TDAH na infância: Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade, Orientações e técnicas facilitadoras. Belo Horizonte: Uni Duni Editora, 2008.
SILVA, A. B. B. Mentes Inquietas: TDAH: Desatenção, hiperatividade e Impulsividade. 2° edição. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2009.


http://apsicologiaonline.com.br/2014/03/tdah-diagnostico-e-suas-intervencoes-atraves-da-psicopedagogia-e-das-terapias-expressivas/

Ansiedade, TDAH e Pensamento Imaginativo


Vamos refletir sobre essas questões:
” muitos neurologistas, psiquiatras, psicólogos e psicopedagogos, ao  observar crianças e adolescentes agitados, inquietos, com dificuldade de  concentração e rebeldes a normas sociais, chegam a diagnósticos errados, atribuindo tais comportamentos ao transtorno de déficit de atenção ou hiperatividade, quando a grande maioria desses pacientes é vítima da Síndrome do Pensamento Acelerado.”  (Augusto Cury)

Autores afirmam que na hiperatividade, há um fundo genético; frequentemente, um dos pais é hiperativo.  Além disso, a agitação e a
inquietação de uma pessoa hiperativa manifestam-se já na primeira infância, enquanto no SPA  – Síndrome do Pensamento Acelerado a inquietação é construída pouco a pouco, ao longo dos anos. Entre as causas da SPA estão o excesso de estimulação, de brinquedos, de
atividades, de informação.  Augusto Cury que desenvolveu essa técnica, fala que  o tratamento também é diferente em alguns aspectos.

Na SPA não há alteração metabólica. A falha é funcional e social, está ligada ao processo de formação da personalidade e ao funcionamento da mente e, portanto, deve ser corrigida com técnicas.  Desacelerar a criança com SPA é fundamental. Encorajá-la, por exemplo,
a desenvolver atividades mais lentas e lúdicas, como ouvir músicas tranquilas (música clássica), tocar instrumentos, pintar, praticar esportes, fazer teatro, pode ser muito útil. Crianças e adolescentes hiperativos também podem e devem aprender essas práticas.
Cury afirma: “Mas o que mais me preocupa na SPA, bem como na hiperatividade, é a retração de duas funções vitais para o sucesso social, profissional e afetivo: pensar antes de agir e colocar-se no lugar do outro (empatia). Desenvolvê-las é fundamental e deveria ser
a meta de todas as escolas em todas as nações.” Os hiperativos desejam agir e fazem tudo de uma vez, parecem querer abraçar o mundo e acabam cansados.

Na família, Pais só conseguem perceber a crise familiar depois que suas  relações com os filhos estão esfaceladas, sem respeito, afeto e amor.
É real uma das maiores necessidades do ser humano: se escutar.
“A ansiedade vital torna-se uma ansiedade doentia quando contrai o prazer de
viver, a criatividade, a generosidade, a afetividade, a capacidade de pensar antes
de reagir, a habilidade de se reinventar, o raciocínio multifocal, entre outros. Um
dos mecanismos psíquicos que mais transformam essa ansiedade vital numa
ansiedade asfixiante é a hiperconstrução de pensamentos.”

Alguns autores vão dizer que deve-se fazer uma avaliação a mais completa possível para conhecer as necessidades e os problemas do pacientes. Para então ,  identificar os fatores que contribuíram para o desenvolvimento do abuso de drogas, e o mais importante do ponto de vista do tratamento é identificar os fatores que estariam mantendo esse abuso. Só por meio de uma avaliação completa é que se pode determinar o tratamento mais adequado para cada caso.

Todo processo de mudança parece iniciar com um estímulo. No contexto familiar, existe um comportamento para cada indivíduo, cada um com seu jeito de ser.  Podemos afirmar: essas diferenças individuais, por  um lado, podem gerar alguns atritos, por outro lado, tornam o relacionamento familiar um desafio e um aprendizado constante.  Ou seja, temos o nosso jeito de se comportar. O comportamento  é  mais do que imaginamos, esta em nosso cotidiano, fazem parte de todos os momentos de nossa vida. Quando nos comportamos, mudamos objetos e influenciamos as pessoas no meio em que vivemos, mas também somos influenciados pelo comportamento de outras pessoas. “Comportamentos são ações, verbalizações, reações, sentimentos, emoções, pensamentos, crenças, ou seja, toda atividade de um individuo com relação ao seu ambiente.” (CANAAN, 2002).

Essa introdução é para fazer o relato  do caso de Augusto, um processo realizado em um ano, em uma Prisão, em todos os sentidos, físico, psicológico  e espiritual. Desejou  ajuda, mesmo tendo as criticas dos  colegas. O contexto que Augusto vivia era péssimo para ele, ninguém  acreditava em sua recuperação e muito menos na sua reinserção social e familiar. Apresentava  um comportamento impulsivo do tipo  de não levar desaforo para casa.

Em atendimento  ele falava dos seus  desejos, e de suas dores em ter que ficar naquele lugar, lembrava de sua mãe e dizia que era uma  pessoa do bem, e que ela desejava que ele fosse cantor, e ministro da Palavra de Deus. Outro estímulo que reforçou o seu desejo de mudança foram seus filhos, ele tinha um menina e um menino.  E assim aconteceu, começou a ler a Palavra de Deus e a cantar musicas dentro de sua cela. Seu comportamento mudou, já não tinha mais boletins de ocorrência. Ele me dizia que era inocente, e que estava pagando por um crime que não cometeu. Enfim, após algum tempo Augusto ganhou um presente  e ele disse: “foi  Deus”, ele teve remissão de pena, por vários motivos.
Para a sociedade, profissionais e outros  era impossível ele ficar fora da cadeia um dia, até o dia que tive notícias de  Augusto já faziam 9 anos que está em reinserção social e familiar.



http://apsicologiaonline.com.br/2014/05/ansiedade-tdah-e-pensamento-imaginativo/

domingo, 2 de outubro de 2016

TDAH, Raiva e Risperidona




Sobre a risperidona, um pai comenta:

"tenho um filho tdah e quando descobri simplesmente mudamos de pensamento, passamos de tentar corrigir ele para nos desafiar em descobrir o que podemos fazer de melhor para ele, principalmente para que ele cresça bem nessa sociedade cheia de regras e preconceitos ... hj damos uma dose mínima de risperidon 0.3ml, sei que vc é contra e minha família tb é, mas vejo ele com muito mais rendimento após esse tratamento indicado pela neurologista dele, bem é isso só para você entender um pouco mais o filhote que hj tem 5 anos. Obrigado desde já."



O que respondi:

E como vai indo o teu querido menino?

Li há pouco e vou me reportar primeiro ao teu amor de pai que se importa e que quer a melhora do filhotinho! Parabéns ao casal!



Segundo, a questao da risperidona. Ele continua tomando? Sim, não questiono os efeitos notáveis que a risperidona promove na questão do controle da hiperatividade. Só que os relatos são de que, após um tempo, volta tudo ao que era antes e, aí, precisam reforçar as doses ou tomar mais outro psicofármaco. O que cria uma roda viva!



O que preocupa por demais é a questão do tempo de ingestão. O crescimentos dos mamilos, daqui um tempo; a alteração da libido, o sobrepeso. Há artigos de jovens que declaram "estar pensando como garotas" e está comprovado que é efeito colateral de anos de risperidona... há outros psicofármacos que também dão este efeito.

A prolactina em excesso está em 90% dos casos analisados. (Sobre Priapismo e Ginecomastia, deixo os links ao final)

O principal é tentar descobrir o que motiva a raiva infantil. Por vezes uma má qualidade no sono é o cerne de toda a questão. Outras vezes, o tipo de alimentação (ou as duas coisas juntas). Alimentos industrializados costumam ter muitos conservantes, corantes, espessantes, etc e tudo isto altera . Há vezes em que o bullying, a humilhação na escolinha, a sensação de rejeição, de exclusão, são a razão do comportamento agressivo. Uma criança "se defende" como pode ao ser criticada constantemente (o que pode estar acontecendo na escola).++




Com relação à medicação, o que sugiro:

- procurar um terapeuta floral ou ir direto em uma farmácia de manipulaçao homeopática e adquirir o Rescue Remedy Kids. Este é um poderoso Floral de Bach, que tem auxiliado muitas crianças. Não produz interação com o psicotrópico (para quem toma), o que possibilidade tomar junto e ir diminuindo ou espaçando as doses da risperidona) e, se ele for muito nervoso e inquieto, um composto que podes pedir na farmácia de manipulação homeopática: Impatiens, Larch, White Chestnut e Wild Oat, tudo em um mesmo vidrinho de 30ml, diluído em água destilada (deixa na geladeira e dura 15 dias). Além de tomar as gotinhas 3 x ao dia, podes passar na parte interna dos pulsos, na nuca, atrás dos joelhos dele. Como não tem nenhum efeito colateral, podes administrar sem medo. Totalmente liberado pela ANVISA.

- conversar com o neuro pra que ele assessore esta diminuição gradativa.


http://tdahcriancasquedesafiam.blogspot.com.br/2016/01/tdah-raiva-e-risperidona.html

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Desatentos Sonhadores




O tipo desatento do TDAH, é também conhecido como sonhador (daydreamer).

Enquanto os agitados hiperativos roubam atenção dos pais, professores, médicos e pesquisadores, os sonhadores desatentos, passaram despercebidos por anos, e, ainda hoje, são no geral, os que demoram mais a ser diagnosticados.

Na verdade, os desatentos sonhadores de certa forma, gostam de passar despercebidos, porque assim, podem esconder-se em seu fantástico mundo interior, ou ‘La La Land’, como dizem os americanos.

Os desatentos sonhadores se apresentam geralmente como introvertidos, ansiosos, mimados, descoordenados, distraídos. Na escola o rendimento pode ser mediano, mas, testes de QI são normais. Como tendem a ser quietos e calados, incomodam menos que as crianças disruptivas, assim, vão passando quase invisíveis.

Estas crianças também podem, aparentemente, ser menos ‘bagunceiras e desorganizadas’; por exemplo, se uma criança desatenta sonhadora tem uma mãe disciplinadora que a ‘obriga’ a arrumar o quarto, provavelmente ela vai arrumar o quarto, porque, enquanto o faz, ela pode ficar sozinha em seus devaneios. Ela pode executar qualquer atividade, desde que não exija raciocínio, como deveres escolares, com aparente boa vontade, só que levando muito mais tempo. Assim, ela parecerá uma criança ‘boazinha e cooperativa’, porém lenta. Ela também tenderá preferir brincar sozinha, ou seja, ela fará tudo o que puder para dedicar seu tempo a seus sonhos, seu mundo interior.

Assim como seus pares hiperativos, o sonhador pode desligar-se de seus devaneios e conseguir focar em atividades externas, se estas o estimularem. Para os sonhadores, uma das melhores formas de estimular o interesse em coisas ‘reais’ é a ludicidade.

Mas, é imprescindível que pais e professores se lembrem que, o que estimula essas pessoas é a fantasia, assim, não adianta querer simplesmente traze-las ‘à realidade’. Força-las só irá torna-las mais apáticas e seus cérebro irá buscar formas de escapar.

Uma boa alternativa para ajudar essas pessoas a focar, é um exercício de alternância. Uma vez que elas entendam que precisam se concentrar, nem que seja eventualmente em coisas práticas, pode-se treinar um ‘liga-desliga’, do tipo agora estudo, mais tarde sonho. Obvio que não é fácil, mas, é possível exercitar.

Há que se lembrar também, que cada criança é única, assim, as fantasias e interesses de um, não serão as mesmas que de outro. Também o tipo de fantasia se modifica com a idade, assim uma criança de 7 anos pode viver a fantasia de que é uma fada ou um super-herói e pode voar, por exemplo, e uma de 14 pode imaginar-se como um superagente secreto do CSI ou alguém que tem poderes de falar com alienígenas.

É preciso esclarecer que essas fantasias e devaneios são intensos, são realidades internas, no entanto, não são alucinações; essas pessoas sabem distinguir perfeitamente o mundo externo (real) do mundo interno (irreal para os demais, mas real para ela), inclusive e provavelmente elas quase nunca irão compartilhar seus sonhos com alguém. É o mundo delas, e só delas. É quase como se vivessem simultaneamente em mundos paralelos, só que em um, tudo é brilhante e excitante e exatamente como elas querem, portanto, elas preferem dispender seu tempo naquele que lhe dá mais prazer.

Esses devaneios podem diminuir com o passar dos anos, mas aparentemente nunca se vão por completo, uma vez que existem muitos adultos desatentos que relatam serem assim.

AAAANa adolescência e idade adulta, quando podem compreender as exigências sociais, elas podem entrar em conflito, e aí, dependendo dos fatores ambientais, familiares e sociais, elas podem: desenvolver estratégias para ‘conciliar os dois mundos’, por exemplo, me concentro no trabalho quando estou lá, mas no carro e no chuveiro, vivo no meu mundo; ou, elas podem encontrar profissões e atividades muito estimulantes compatíveis com seus sonhos, por exemplo se tornar escritor; ou elas podem paralisar e se tornar adultos com muito potencial que acabam nunca se desenvolvendo.

Essas pessoas geralmente gostam de contar estórias e tendem a colocar mais cor, brilho, intensidade, emoções e sentimentos quando contam suas estórias. Quando narram algum fato, também tendem a ‘colorir’ e são capazes de contar detalhes, detalhes esses que normalmente causam sensações e emoções. Tendem a exagerar e até inventar detalhes para deixar o fato narrado mais emocionante.

Dois personagens de ficção que podem ilustrar bem os sonhadores desatentos são, Amelie Poulain, do filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” e Ed Bloom do filme “Peixe grande e suas histórias maravilhosas”.



http://abdatdah.net.br/br/artigos/textos/item/1175-desatentos-sonhadores.html

TDAH E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM











O TDAH é um dos transtornos neuropsiquiátricos mais conhecidos na infância. Devido à baixa concentração de dopamina e/ou noradrenalina em regiões sinápticas do lobo frontal, leva o indivíduo a uma tríade sintomatológica de falta de atenção, hiperatividade e impulsividade, ocasionando sérias dificuldades para o processo de aprendizagem.

Falta de atenção, para o caso da criança portadora de TDAH significa excesso de mobilidade na atenção, ou seja, hipermobilidade, que é quando o indivíduo não consegue manter, por algum tempo, sua atenção em um mesmo objeto, em um mesmo foco. É a atenção espontânea que predomina.

Hiperatividade significa um aumento da atividade motora, deixando a mesma quase constantemente em movimento.

As definições da palavra impulsividade – força que impele estímulo, abalo, ímpeto, impulsão – ajudam a compreender a maneira pela qual o indivíduo portador do TDAH reage diante do mundo. Pequenas coisas podem despertar-lhes grandes emoções e a força dessas emoções gera o combustível de suas ações.

Estudos cada vez mais aprofundados e específicos sobre o TDAH desvendam novas técnicas de enfrentamento para esta problemática, novos recursos psicoterapêuticos e medicamentosos, com a finalidade de que haja uma diminuição da interferência que os sintomas do TDAH causam na vida da pessoa, fazendo com que esta consiga aumentar a concentração e controlar a hiperatividade e a impulsividade.

Recursos estes se tornam especialmente necessários para as crianças do período pré-escolar e ensino fundamental, onde a desatenção e a impulsividade comprometem além do processo de aprendizagem, os relacionamentos e a autoestima.

A falta de informação, conhecimento e compreensão que envolve o processo escolar são grandes obstáculos que a criança enfrenta neste período juntamente com as características do transtorno, fazendo com que professores colegas e pais considerem o comportamento desta criança como sendo rebelde e desinteressado, tendo para com ela um tratamento preconceituoso.

Alguns aspectos são importantes que sejam avaliados a fim de que não sejam cometidos enganos no diagnóstico de TDAH, sendo eles:

- Avaliar a frequência e a intensidade que estes sintomas aparecem, a duração dos mesmos e a interferência que eles causam na vida, ou seja, se acarreta ou não prejuízo no funcionamento da pessoa.

- Avaliar se os sintomas existem desde a infância ou início da adolescência.

- Avaliar se os sintomas não estão sendo provocados por nenhum outro transtorno conhecido.  

Somente após esta cuidadosa análise, é que se pode caracterizar o transtorno, afinal, toda pessoa pode apresentar um ou mais comportamentos similares aos sintomas do TDAH em algum momento da vida, sem necessariamente apresentar um diagnóstico patológico.

Para os indivíduos em que predomina a hiperatividade, uma característica importante que vale ser ressaltada é que estes, inconscientemente, buscam conflitos como uma maneira de ativar seu próprio córtex pré-frontal. Não planejam fazer isso, negam que fazem, e ainda assim fazem. Isso ajuda a aumentar a atividade de seus lobos frontais e a se sentirem mais estimuladas. Embora não seja um fenômeno consciente, parece que ficam viciadas em confusão. A hiperatividade se manifesta com movimentos frequentes, a criança bate com os pés, mexe as mãos, não pára quieta, corre o tempo todo.

Nos portadores de TDAH predominantemente desatentos, parece que quanto mais a pessoa tenta se concentrar, pior para ela. A atividade no córtex pré-frontal se desliga ao invés de ligar. Quando um pai, um professor, um chefe, põe pressão na pessoa que tem déficit de atenção, ela se torna menos eficiente, fazendo com que o supervisor interprete isso como decréscimo no seu desempenho ou má conduta proposital. O que acontece é que todos nós funcionamos melhor com elogios, mais intenso então, é quem possui essa patologia. É adequado trabalhar com essas pessoas com estímulo e ambientes que sejam altamente interessantes e tranquilos, para que se tornem mais produtivas. O mais incrível é que essas pessoas frequentemente conseguem prestar atenção em coisas bonitas, novas, interessantes ou assustadoras, que oferecem estimulação e ativam o córtex pré-frontal, conseguindo se focalizar e concentrar.  A desatenção pode acontecer em situações escolares, profissionais ou sociais. Frequentemente dá-se a impressão de que a mente está em outro lugar ou que não escutou o que foi dito. Há uma dificuldade em completar tarefas, compreender instruções, organizar atividades. Seus objetos são desorganizados e com frequência são perdidos, desleixados, danificados. Os portadores de TDAH distraem-se com qualquer ruído, esquecem coisas das atividades diárias, esquecem compromissos marcados, não prestam atenção no que os outros dizem.

Nos portadores de TDAH predominantemente impulsivos, a mente funciona como um receptor de alta sensibilidade, que, ao captar um pequeno sinal, reage automaticamente sem avaliar as características do objeto gerador do sinal captado. A impulsividade se manifesta como impaciência, responder precipitadamente antes do término das perguntas, dificuldade de aguardar a sua vez para falar, interromper ou intrometer nos assuntos alheios, causando muitas dificuldades nos contextos sociais, escolares ou profissionais.

A dificuldade escolar é uma queixa frequente de pais e professores de crianças com TDAH. É por este motivo que os pais normalmente recorrem com veemência a neuropediatras, psicólogos e psicopedagogos.  De acordo com dados estatísticos, a dificuldade escolar está entre as sete queixas mais frequentes. Para o SAEB, (Sistema Nacional da Educação Básica), o desempenho escolar depende de diferentes fatores: características da escola (físicas, pedagógicas, qualificação do professor), da família (nível de escolaridade dos pais, presença dos pais, interação dos pais com escola e deveres) e do próprio indivíduo (saúde mental, visual, auditiva, nutricional, etc). Somado a esses e outros fatores, tem-se discutido muito o problema das crianças portadoras de TDAH, considerando que sua atividade motora e mental é inadequada, excessiva e muitas vezes denominada erroneamente, como agitação ou inquietação por vontade própria.  Os pais que ainda não perceberam ou não aceitaram que o filho possui o transtorno de hiperatividade e/ou déficit de atenção, ao ingressar o filho na escola, sentirão a necessidade de se interar dessa problemática, mais precisamente na fase de alfabetização e daí para frente. Ou porque a conduta “arteira” não é bem vinda, ou porque as notas não vão muito bem.

A prevalência do déficit de atenção e hiperatividade está entre 3% e 5% em crianças em idade escolar e costuma ser mais comum em meninos do que em meninas. É considerada uma das patologias psiquiátricas mais freqüentes nesse grupo etário, devendo ser assistida por profissionais experientes nas áreas de neuropediatria, psiquiatria ou interdisciplinares.

As crianças com TDAH apresentam maior dificuldade para aprendizagem e problemas de desempenho em testes e funcionamento cognitivo em relação aos seus colegas, principalmente por dificuldades nas suas habilidades organizacionais, capacidades de linguagem expressiva e/ou controle motor fino ou grosso. O funcionamento intelectual dessas crianças não difere das outras, o transtorno parece não afetar as capacidades cognitivas gerais, o TDAH não está relacionado à falta de capacidade, mas a um déficit de desempenho. A maioria das crianças portadora desse transtorno tem desempenho escolar abaixo do esperado devido à realização incoerente de tarefas, desatenção e problemas de procedimentos em sala de aula, fazendo que constantemente percam mérito por participação e comportamento.

Muitas crianças e adultos com TDAH e mais especificamente o DDA têm letra feia e consideram o ato de escrever difícil e estressante, preferem digitar, por não ser um movimento harmônico contínuo, e sim uma atividade motora de começa e pára. Também se queixam da dificuldade de tirar os pensamentos da cabeça e colocá-los no papel, “os dedos não sabem dizer o que o cérebro está pensando”...

É preciso que os professores conheçam um pouco sobre o TDAH, para não criarem barreiras em relação ao aluno e tentarem dar uma maior atenção a quem possui o transtorno. Estudar em turmas pequenas, sentar próximo ao quadro e ao professsor, sala com poucos detalhes que possam dispersar a atenção, permissão especial para ter mais tempo de fazer as tarefas sem punições, são algumas dicas que podem ajudar muito essa criança.

A criança com TDAH deve aprender aos poucos, e aplicar em seu dia-a-dia mais eficácia, ou seja, não apenas focar um processo ligado à tarefa, mas chegar a um resultado satisfatório, do que eficiência (aplicar muita energia, tempo, dedicação e empenho para a realização de uma determinada tarefa). Desta forma, o desgaste emocional será menor e os resultados, mais satisfatórios. Essa criança provavelmente realizará tarefas que proporcionam desafios e emoções, mesmo que seja exaustiva, em condições muito melhores do que tarefas que lhe exijam concentração e tempo.

A prescrição de medicamentos psicotrópicos é o tratamento mais comum para o TDAH. Numerosos estudos têm demonstrado, de modo coerente, a rápida melhora do funcionamento comportamental, acadêmico e social da maioria das crianças tratadas com substâncias estimulantes. São chamados assim em virtude de sua capacidade comprovada de aumentar a excitação ou “alerta” do sistema nervoso central.

Estas medicações melhoram extraordinariamente a capacidade motora da pessoa de colocar seus pensamentos no papel, aprimoram a atenção e a impulsividade, aumentam a motivação e a concentração, com a vantagem de não provocar dependência nos usuários.  Esses medicamentos não curam o TDAH, mas ajudam a normalizar os neurotransmissores durante o seu uso. Dessa forma, diminui as consequências negativas emocionais, acadêmicas e sociais.

Associado aos estimulantes, as psicoterapias exercem efeitos eficazes no tratamento do TDAH, principalmente nas crianças, pois a modificação comportamental é necessária para o bom desempenho escolar e minimiza os conflitos nos relacionamentos. Outras intervenções como terapia comportamental familiar, participação dos pais em grupos de apoio e treinamento aos professores são coadjuvantes ao tratamento para que a criança não se sinta discriminada perante os outros e para que todos aprendam a contornar melhor as adversidades advindas do transtorno.      


Denise Ferreira Ghigiarelli – CRP 06/107690
Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental-HCFM-USP

Fonte:Texto e Imagem
http://www.tdah.org.br/br/artigos/textos/item/1065-tdah-e-o-processo-de-aprendizagem.html

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Educando uma Criança com TDAH




A maioria das crianças se entusiasmam pela escola. Mas para a minha filha de oito anos, a escola representa sérios desafios. As probabilidades são colocadas pesadamente contra ela. Eu posso ver e sentir sua apreensão enquanto ela verifica seu material uma última vez. Ela sobe ao meu colo precisando de um apoio extra. Ao me abraçar, acaricio seu cabelo recém-lavado, e suavemente falo uma vez mais o quanto eu a amo Que ela vai conseguir e que será bem sucedida. Em sua forma única e original.

Em sua testa há um rótulo invisível onde se lê: “TDAH" Esta palavra entrou na minha vida e se tornou parte do meu vocabulário há nove meses, em um consultório médico. Olhando para trás, percebo que com a idade de dois anos tornou-se evidente que ela era mais ativa e mais difícil de controlar do que a média das crianças. No entanto, não me ocorreu naquele momento que algo estava realmente errado. Achava que estava lidando com um tipo de personalidade.

Lembro-me que eu estava ocupada com ela a partir do momento em que ela acordava até a hora em que ia dormir e fechava os olhos. A fim de lidar com a sua hiperatividade e sua capacidade de destruir a casa (literalmente), eu praticamente me mudei para o parque, que felizmente, ficava ao virar a esquina do meu apartamento. Acho que eu poderia ter vencido o Guinness em "a mãe que fica mais tempo no parque"! Eu sentei lá por praticamente sete anos! Com chuva ou sol, lá estávamos nós.

No inverno, eu aquecia nós duas com camadas de roupas. Na chuva, usávamos botas de borracha e capas de chuva plásticas. No verão, passávamos protetor solar! Eu estava bem equipada. Eu embrulhava o jantar para dois e levava ao parque. A mesa do parque não tinha uma toalha que ela poderia tirar fora! O parque não possuia paredes para escalar, armários para desmontar, ou camas para saltar. Tinha gangorras, escorregadores, barras e balanços além de muita grama para correr. Exatamente o que ela precisava! E foi assim que consegui administrar. Sou uma pessoa do tipo orientada a soluções; então para mim esta foi a solução.

Infelizmente, isto não solucionou os problemas acadêmicos e questões sociais e emocionais de minha filha que vieram à tona, ao longo do tempo. Nossas finanças também sofreram, como os meus planos para "voltar ao trabalho depois que o bebê se torna-se grande o suficiente" nunca se concretizaram. Ela era sinônimo de trabalho em tempo integral. O que nos restou foi ter que administrar o modesto salário do meu marido.

Um dia, no meio de seu ano letivo da primeira série, recebi um telefonema de sua escola informando-me que uma reunião havia sido programada e eu deveria estar lá. No fundo, eu sabia que a hora de enfrentar os obstáculos havia chegado. Então lá estava eu em uma cadeira dobrável de metal (meu marido sentiu-se incapaz de deixar o trabalho para comparecer), olhando através de uma mesa para o diretor da escola, seu assistente e professores! Embora tivessem sido muito educados e estivessem realmente preocupados com o bem-estar da minha filha, me senti como uma ovelha enfrentando lobos. Não morderam minha cabeça como eu esperava, mas declararam que minha filha estava ficando para trás em seus estudos, tanto em Inglês quanto Hebraico, e que perturbava muito as aulas. Continuaram dando mais detalhes como o fato de ela levantar-se-se a hora que queria no meio da aula, não obedecia regras nem instruções, respondia questões sem ser chamada… Como se isso não bastasse, me informaram que ela era socialmente um "desastre". Eles me instruiram a levá-la a um psiquiatra, para avaliá-la e receber tratamento necessário.

Não perdi tempo em resolver este assunto o quenato antes. Fiz muitos telefonemas e uma extensa pesquisa tentando encontrar o psiquiatra mais competente. Quando minha filha foi finalmente diagnosticada, senti uma mistura de emoções. Fiquei aliviada ao saber que uma situação até então incompreensível, ao menos estava agora fazendo algum sentido. Também senti que um problema que possui uma classificação, também pode ter uma solução. No entanto, ao mesmo tempo, senti-me esmagada e isolada. Eu estava preocupada que o diagnóstico se tornaria um rótulo usado para julgar e condenar minha filha. Eu me questionava como ela conseguiria lidar com a escola e o mundo lá fora.

Não tive qualquer apoio do meu marido, que negava tudo e continuava a insistir que TDAH não é uma desordem real. "O que ela precisa", insistia ele, "é uma mão de ferro!" Ele, como ocorre com muitos pais, tinha dificuldade em admitir o fato de que sua filha não era como todo mundo.

Tendo uma aversão permanente ao uso de qualquer tipo de medicamento, para mim aceitar o fato de que minha filha pudesse precisar de estimulantes, a fim de capacitá-la a funcionar na escola não foi nada fácil. (aliás, tenho certeza que muitos de vocês estão se perguntando por que uma criança hiperativa precisa de estimulantes. Minha filha e suas colegas de TDAH parecem ser orgulhosas proprietárias de cérebros subdesenvolvidos que têm falta de atenção. Ritalina atinge essa parte do cérebro e ajuda a melhorar a concentração e foco.) Após exaustiva pesquisa cedi a cumprir as recomendações médicas e ela começou a tomar uma dose bem baixa. Embora no início ela tenha tido alguns efeitos colaterais, como dificuldade para adormecer e uma diminuição do apetite, com o tempo esses sintomas diminuíram consideravelmente, e devo confessar que a medicação fez uma enorme diferença em nossas vidas.

As coisas pareciam resolvidas e terem entrado em uma rotina. Surpreendentemente, esta semi-pausa me deu tempo de parar e pensar (um luxo que eu não tinha há muito tempo), e percebi que por trás de meu alívio havia um forte sentimento de perda e decepção. Inconscientemente, eu tinha imaginado uma criança que, como eu, seria uma estudante destacada e popular entre as colegas.

Uma onda de raiva e auto piedade tomou conta de mim. Por que justo eu havia sido eleita para enfrentar este problema? Por que minha filha, tão inocente precisa lutar com esta deficiência? Por que meu marido não poderia ser mais solidário? Por que as pessoas de fora não eram mais compassivas e compreensivas com minha filha?

Estas questões permaneciam em minha mente ao longo dos dias. Uma noite, depois de um dia cansativo como sempre, afundei no sofá, recostei minha cabeça e fechei os olhos. Alguns segundos depois (é assim que me pareceu, mas poderia ter sido mais), abri meus olhos, pronta para terminar as tarefas da noite, quando vi minha filha em pé, parada ao meu lado. Estava mais do que um pouco surpresa, pois não conseguia lembrar de tê-la visto assim desta forma, ao meu lado em pé. Ela olhou para mim com um ar sério como um adulto, e perguntou: "Mamãe, você me ama?" Fiquei parada sentindo um aperto forte na garganta. Estendi minha mão e puxei-a para meu colo abraçando-a bem forte: “Claro que sim!” E sussurrei. "Eu te amo muito!"

Depois que ela tinha adormecido e eu estava lavando os pratos na cozinha, pensei sobre o que tinha recém acontecido. Eu estava cuidando das tarefas, de tudo o que precisava ser feito, mas não estava cuidando de mim mesma. Eu não estava estava me alimentando fisicamente, emocionalmente e espiritualmente, e foi isto que resultou em meus ressentimentos. Minha filha percebeu isto. Comecei a prestar atenção aos meus hábitos alimentares, cortando alimentos nocivos, incluindo alimentos ricos em vitaminas e suplementos adicionais a minha dieta. Entrei para um grupo de danças e adicionei uma série de "vitaminas e exercícios espirituais", que gostaria de compartilhar com vocês.

A primeira, é claro, é a vitamina A-Aceitação. Aprendi a aceitar minha vida como ela é.

A segunda é a vitamina E- Evidência. Evidencio que nada na vida acontece por acaso. Tudo é parte de um plano mestre orquestrado por um D’us amoroso, e ambos nossos dons e nossas lutas são feitos sob medida para nos guiar em direção ao crescimento e desenvolvimento espiritual.

A vitamina C é a Coragem. Eu tenho a coragem de seguir em frente apesar das incertezas e medos.

A vitamina D está para Determinação. Estou determinada a superar as minhas fraquezas e focar em D’us ao invés de em mim mesma.

Vitamina F? Você adivinhou- Fé. Reafirmo diariamente que D’us nos acompanha e nos apoia em cada passo do caminho.

Vitamina G é a Gratidão. Quando eu procurar com vontade as coisas pelas quais devo agradecer, ficarei surpresa. Em todas as direções que olho vejo bênçãos. Às vezes observo minha filha comportando-se bem e tornando-se maleável. Eu comecei a dizer "obrigado" a D’us pelo milagre da vida. Comecei a sorrir.

Vitamina H –Humor. Estou começando a reagir com alegria ao invés de frustração. Estou começando a me iluminar. Há tanta coisa para se rir.

E por último, mas não menos importante, é a vitamina P – Prece, que tanto quanto eu saiba, é muito mais eficaz do que Prozac. Ao recitar o Salmo 121, "Levanto meus olhos para o céu, de onde virá a minha ajuda?" Minhas perguntas se dissolvem. "O meu socorro virá do Altíssimo! Aquele que criou o céu ea terra. "

Sentamos juntas na varanda da frente e examinamos o conteúdo de sua mochila, para termos certeza de que nada está faltando. O ônibus escolar amarelo chega e abre a porta. Minha filha corre em sua direção, os cabelos loiros ondulados voando sobre seu rosto em desordem. Ela olha para mim e, nesse segundo, o olhar em seus olhos me diz o que está em seu coração e mente. Ela sabe que de mim sempre receberá amor incondicional. Enquanto ela sobe as escadas do ônibus, sei que ela terá as habilidades necessárias para marchar ao longo do dia. Se houver algo que ela não conseguirá controlar, ela irá informar-me e receber a validação e apoio. Nem sempre posso resgatá-la. Nem sempre poderei resolver seus problemas. Mas posso oferecer um bom ouvido e, quando ela estiver pronta, discutir formas de como ela poderá lidar com a questão. Em situações intensas poderei intervir e lutar por ela. Eu sou sua assistente social, e ela é minha única cliente.

O ônibus escolar parte barulhento pela rua, e minha vizinha do andar de cima desce para me entregar seu bebê de dois meses e uma sacola repleta de suprimentos. Ela está muito feliz em poder sair de casa por algumas horas, e me considera a babá ideal. Minha vizinha se apressa para ir trabalhar na loja de doces de seu tio, onde ela irá decorar cestas e encontrar pessoas. Ela sente-se mais do que feliz em dividir o seu salário comigo, o que lhe rende um dinheirinho e para mim uma renda extra necessária para fechar o mês. Eu mantenho o bebezinho de minha vizinha em meus braços e ele sorri para mim. Depois que eu alimentá-lo e trocá-lo me fará companhia enquanto executo o trabalho doméstico. Seu comportamento plácido nunca deixa de me surpreender. No momento em que minha filha chega da escola, eu vou estar pronta para levá-la ao parque, onde vamos saborear o jantar e fazer algum trabalho de casa.

Minha vida não acabou como retratado ou planejado, e isso está ok para mim. Em vez de uma princesa mimada, estou me tornando uma heroína corajosa. Minha filha olha para mim e seus olhos transmitem confiança e admiração. Nossa jornada está longe de terminar, mas juntas estamos aprendendo a desfrutar do passeio.

http://www.pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/1854988/jewish/Educando-uma-Criana-com-TDAH.html

Janela do Meu Filho






Como pais, nós sabemos mais que os nossos filhos. Somos mais velhos e mais sábios. Temos mais experiência e esta experiência muitas vezes nos torna mais práticos, mais espertos nos caminhos do mundo.
Em nosso desejo de ajudar os nossos filhos, com freqüência nos sentimos inclinados a partilhar este conhecimento com eles, dar-lhes conselho, ou simplesmente dizer a ele o que achamos que pode ser útil.
Mas quando refletimos sobre nossa própria vida podemos achar que ter recebido o conhecimento de uma outra pessoa, ser aconselhado com base na sabedoria dos outros, não ajudou muito. Em vez disso, preferimos descobrir a verdade por nós mesmos. E apreciamos aqueles que ajudaram neste processo de descoberta, em vez de interrompê-lo.
Como pais, desempenhamos muitos papéis e muitas formas de relacionamento são possíveis com nossos filhos. Dentre eles, guia e mentor, amigo, aliado, companheiro e apoio. Devemos dançar delicadamente na corda bamba da sabedoria, autoridade e disciplina, enquanto permanecemos como fontes de amor e aceitação incondicionais.
Vejo estes papéis como complementares, não contraditórios. O fato de sermos próximos aos nossos filhos não enfraquece nossa autoridade; desenvolver a amizade não diminui o respeito; aceitá-los como são não nega a oportunidade de aperfeiçoamento. Ao contrário, é uma questão de tempo, de julgar cada oportunidade para julgar qual aspecto de nosso relacionamento desejamos melhorar num determinado momento.
Em nosso desejo de ensinar e orientar nossos filhos, podemos passar muito depressa por uma etapa essencial: conhecê-los e aceitá-los como são, entender como eles percebem e sentem o mundo que os cerca. Sem este passo, talvez achemos nossos esforços para educar não apenas fúteis, mas também provocar uma rebelião. Conhecer e aceitar nosso filho por aquilo que é, tentando entender como ele vê o mundo, partilhando uma sensação mútua de admiração sobre o mundo, ajudará em nossos esforços na educação e orientação e, ao mesmo tempo, ajudará a nos aproximamos deles.
Em vez de enxergarmos nossos filhos como recipientes vazios esperando para serem cheios, e a nós mesmos como fontes transbordantes de sabedoria ansiosas para enchê-los, vamos imaginar por um momento que possuem seu próprio nível de conhecimento e experiência. E embora não sejamos recipientes vazios, sejamos pelo menos vazios de preconceitos sobre quem são eles e o que eles sabem, e abordar nossos filhos com genuína curiosidade e senso de admiração.
Nem sempre os filhos fazem sentido, porém geralmente há algum sentido naquilo que à primeira vista pode parecer sem sentido. Se você como pai acredita nisso, então sua conversa com seus filhos ajudará a revelar o sentido deles, o significado e a lógica que se escondem por trás das suas palavras. Quando você age assim, passa a fazer parte de uma deliciosa aventura na descoberta daquilo que seu filho pensa sobre o mundo. E se você puder fazer isso sem tentar corrigir o pensamento dele, começará a ver o mundo como ele vê, não importando se ele se conforma ao sentido adulto da realidade como você a percebe.
Assim, um ingrediente chave para esta jornada ao ser interior do seu filho é uma curiosidade genuína sobre quem ele é. Esta curiosidade é isenta de um motivo oculto e vem tanto com o carinho pelo seu filho quanto pela afirmação que a realidade para vocês dois é mais uma questão de percepção que uma declaração de fato. Em outras palavras, o mundo é aquilo que fazemos dele. Aquilo que sentimos e pensamos na verdade depende das lentes através das quais nós vemos o mundo.
Você procura, simplesmente, ter um vislumbre do mundo através das lentes do seu filho, Será uma lente única. Cada um de nós, criança e adulto, vê e entende o mundo de maneira única. Isso desenvolverá confiança e proximidade? Examine os seus relacionamentos com as pessoas que o rodeiam. Num ambiente receptivo, com pessoas que estão realmente curiosas sobre nossa maneira de ver o mundo e que nos encorajam a partilhar nossas percepções; quem entre nós não se torna amigável? Com freqüência, ficamos lisonjeados por tanta atenção, gratificados por que nossas opiniões são procuradas e valorizadas.
Os filhos não são diferentes. Eles também florescem à luz da sua genuína curiosidade e interesse, em sua aceitação e apreciação. Eles sentirão não apenas o seu interesse e carinho, como também como você é enriquecido pelo privilégio de partilhar o ponto de vista de outra pessoa, especialmente a opinião de alguém que você ama.
Você será enriquecido? Certamente. Pois um dos maiores prazeres dessas jornada de descoberta é o presente de partilhar o mundo de outra pessoa. É como se você tivesse recebido a capacidade de ver o mundo com olhos novos, descobrir um mundo tão autêntico quanto o seu, porém completamente desconhecido para você.
Você não está descobrindo o mundo de uma criança, está descobrindo o mundo como ele é visto pelo seu filho. E é um mundo tão real quanto o seu ou outro qualquer. É tão novo quanto uma tela de Rembrandt, tão abrangente quanto Einstein, tão incomum quanto um Van Gogh, tão assustador quanto um livro de Edgar Allan Poe. Um mundo que tem sua própria harmonia e lógica, se você conseguir entrar nele com tempo suficiente para ouvi-lo e entendê-lo.
Um pai relata:
Olhando pela janela, meu filho viu uma árvore cujos galhos balançam sem parar.
"Como a árvore mexe os galhos dessa maneira?" pergunta ele.
Sem me levantar da cadeira, nem tirar os olhos do livro, começo a responder: "A árvore não está movendo os galhos. É o vento…" Mas antes de deixar as palavras saírem, caio em mim. Em vez de falar, levanto-me da cadeira e vou até a janela, para perto do meu filho. Olho para a árvore. Dentro do quarto, por trás da janela fechada, não posso sentir nem ouvir o vento. Vejo apenas uma árvore com os galhos balançando e penso comigo mesmo: dentro desse quarto, como posso ter certeza de que os galhos estão se movendo por causa do vento, em vez de por vontade própria? Enquanto estou ali com meu filho observando a árvore, fico hipnotizado pelo movimento dos galhos, pelo tremular das folhas. Minha mente se aquieta e fico menos seguro sobre o que fazia os galhos se moverem. Seria o vento, ou alguma expressão independente da árvore?
"Percebo o que você quer dizer" – eu disse ao meu filho. "O movimento da árvore é muito bonito."
"Você acha que a árvore está dançando?" ele perguntou.
"Por que ela estaria dançando?"
"Talvez esteja contente porque o sol está brilhando" – disse ele.
"Talvez" – respondo.
"Ou porque é primavera" – acrescenta ele – e não faz mais frio."
"Talvez" – digo novamente.
Enquanto estávamos ali observando a árvore, eu também comecei a discernir a dança da árvore, o movimento e o ondular dos seus galhos, notando algumas nuanças que não conseguira ver antes. Parecia haver um certo ritmo no movimento, primeiro forte, depois suave e gentil, então vigoroso novamente, às vezes quase violento.
"As árvores estão vivas?" pergunta meu filho.
"Sim," respondo, "estão vivas."
"Elas sentem as coisas?"
"Não sei" – respondo. "Por que pergunta?"
"Porque esta árvore parece feliz. Uma árvore pode ficar triste ou feliz?"
"O que quer dizer?" pergunto.
"No inverno, as árvores parecem tristes" – disse ele. "Os galhos ficam caídos, e parecem frias e solitárias. Mas agora, com as folhas no lugar, o sol brilhando e os pássaros cantando, ela parece feliz."
"Deixe-me ver" – eu digo.
Olhamos em silêncio. Observo outras árvores e elas, também estão se movendo com o vento, cada qual num ritmo diferente, e pareciam expressar algo singular e único em seu movimento. Nem toda árvore estava dançando.
"Olhe aquele carvalho grande lá longe" – eu digo. "O que acha que ele está sentindo?"
"Ele também está feliz. Mas não está dançando muito. Acho que isso é porque ele é velho, e talvez seus galhos sejam mais duros. Ou talvez não se entusiasme com o sol e a primavera. Já os viu muitas vezes antes e está acostumado."
"Sim" – concordo, sorrindo por dentro.
Dessa vez, eu amei aquela árvore. Ou pelo menos estava sentindo tanto amor, que era impossível excluir a árvore dos meus sentimentos. E comecei a me perguntar se a árvore estava causando aquelas sensações em mim. Ou a árvore seria um simples catalisador, como o vento, que criava uma reação em mim, assim como o vento provocava uma reação na árvore?
"Você acha mesmo que a árvore está dançando?" perguntei ao meu filho.
"Não sei."
"Não sabe?" perguntei, surpreso pela sua súbita incerteza.
"Se ela estivesse dançando, precisaria de música."
"Ah, entendo" – disse eu – "ela precisaria de música."
E então ele disse:
"Mas talvez a música esteja no vento. Talvez o vento toque uma música que só as árvores consigam ouvir."
"Sim, meu filho, talvez o vento toque uma música que só as árvores possam ouvir."
E comecei a sonhar com cientistas com ouvidos e instrumentos para escutar a música do vento.
Meu filho interrompeu meus pensamentos.
"Pai?" disse ele.
"Sim, filho,"
"Não gosto muito da minha professora na escola."
E então conversamos sobre isso durante algum tempo, ali perto da janela. E embora eu não pudesse ter certeza, tive a sensação de que a árvore estava nos observando, e perguntei-me se nós – a árvore, meu filho e eu – partilhávamos a sensação daquele momento.

BY JAY LITVIN

http://www.pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/607447/jewish/Janela-do-Meu-Filho.html

domingo, 22 de maio de 2016

O diagnóstico do TDAH




O diagnóstico do TDAH é feito por profissionais especializados no assunto, através de uma avaliação clínica baseada no histórico de vida da pessoa.
No caso de adultos, muitas vezes é importante a colaboração do cônjuge ou de pessoas próximas.
No diagnóstico de crianças ou adolescentes, é necessário a participação dos pais e/ou professores.
A avaliação é feita desde a infância uma vez que o transtorno é crônico e a pessoa já nasce com ele.
O adulto deve procurar a ajuda de profissionais especializados na área para diagnóstico e tratamento, quando seu jeito de pensar, de sentir, comportar-se, causam-lhe prejuízos na área profissional, social, afetiva e/ou consigo mesmo.
Comportamentos comuns em adultos com TDAH que devem procurar por um diagnóstico:
- Distrair-se com assuntos de menor importância, deixando o principal para a última hora (procrastinação).
- Cometer erros por distração, mesmo conhecendo o assunto.
- Ser muito desorganizado em tarefas ou tempo (geralmente está sempre atrasado).
– Dificuldade em controlar, conter seu comportamento. Costuma falar ou fazer coisas, antes de pensar se são adequadas ou não, podendo gerar conflitos pessoais, sociais ou familiares.
- Começar uma tarefa pensando nas que estão por terminar e nas que estão por fazer. A falta de foco e a impulsividade faz com que se largue o que está fazendo e vá para outra tarefa, deixando-a inacabada.
– Sentir muita dificuldade em ler um livro até o final (apesar de comprar muitos) a não ser que o assunto o interesse muito.
- Oscila muito de humor. Está bem, no momento seguinte está mal, sem um motivo necessário.
- Dificuldade em ouvir. Enquanto o outro fala, já está pensando na resposta. Pode monopolizar as conversas sem perceber que está sendo inadequado.
– Geralmente é muito crítico, quer fazer tudo do seu jeito, no seu tempo.
- Ser muito impaciente e irritadiço.
– Costuma ser muito emotivo e intenso, fazendo verdadeiros dramas com fatos muitas vezes simples.
- Geralmente está sempre estressado e ansioso.
O adulto com TDAH pode ter como conseqüências (comorbidades): depressão, ansiedade generalizada, TOC, bipolaridade, endividamento, transtorno do sono, de apetite, uso de drogas.
Crianças ou adolescentes devem ser encaminhados pelos pais e/ou professores quando há fatores decorrentes do TDAH (DDA) tais como:
- Dificuldade no aprendizado. Há 2 tipos:
Hiperativos/impulsivos: conversam, não param quietos em sua cadeira, derrubam material , saem da classe, atrapalham o professor e seus colegas na sala de aula. Em casa não conseguem sentar e fazer as tarefas até o final. Não conseguem se concentrar no que fazem.
Desatentos: são calmos, aparentemente prestam muita atenção ao professor mas seus pensamentos estão longe,”viajando”. O mesmo acontece quando estão fazendo suas tarefas em casa. Esse grupo é mais difícil de ser diagnosticado na infância.
Tanto o tipo hiperativo/impulsivo como o tipo desatento (ou combinado), costumam cometer erros por distração, mesmo sabendo a matéria questionada.
- Dificuldade no relacionamento interpessoal. Em casa, com professores ou com amigos, querem fazer tudo do seu jeito sem esperar a vez do outro ou sem ouvir as orientações dadas.
- Irritabilidade. Quando os acontecimentos dos fatos não ocorrem como eles querem, tornam-se irritados, fazendo birras ou rebeldias.
- Desorganização. A mochila, a mesa de estudos, o quarto costumam ser caóticos. Esquecem ou perdem materiais escolares, óculos, celulares, etc.
- Vício em vídeo-game. Quando a criança ou adolescente gostam do que fazem ou sentem-se desafiados (características do jogador), entram em hiperconcentração. Muitos nem ouvem caso sejam chamados.
- Procrastinação. Deixam para fazer suas tarefas na última hora, em detrimento da qualidade.
- Alterações no peso: ou são obesos pela compulsão de comer ou estão abaixo do peso pela impaciência de ficarem sentados à mesa o tempo suficiente para fazerem suas refeições.
Crianças ou adolescentes com TDAH podem ter como conseqüências (comorbidades): TOD ( Transtorno Opositivo Desafiador), dislexia, discalculia, dispraxia, depressão, transtornos de comportamento (impulsividade/hiperatividade, impaciência, irritabilidade, tiques).
Apesar do quadro desalentador onde a pessoa muitas vezes é considerada desorganizada, preguiçosa, agitada, maníaca, imprevisível, irresponsável, desnorteada... quanto mais cedo for diagnosticada e tratada mais facilmente aprenderá a conviver com o TDAH (DDA) de maneira mais positiva e menores serão os problemas com a auto-estima e auto-confiança, normalmente tão comprometidas.
Infelizmente, ainda há muitos diagnósticos errados nessa área em função do desconhecimento do transtorno por muitos profissionais da saúde que acabam tratando apenas das conseqüências (comorbidades), desconhecendo a origem dos problemas.
O diagnóstico não se baseia apenas na presença dos sintomas mas em sua intensidade, duração e em quanto interferem na vida cotidiana da pessoa.

http://www.universotdah.com.br/diagnostico.html

Depoimentos reais.


Tenho um filho adolescente, que é portador de Transtorno de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
Ele recentemente passou, junto comigo, por situações degradantes e desagradáveis que poderiam ter sido evitadas, tivessem, seus professores e demais membros educacionais da escola, tido formação para uma educação inclusiva.
Ele estuda em uma escola pública, e apesar da escola ter conhecimento de sua dificuldade, não ofereceu as condições especiais necessárias ao aluno, reprovando-o.
Tendo a escola reprovado meu filho e descumprido frontalmente as orientações pedagógicas e legais, impetrei recurso à Secretaria de Estado da Educação do Estado de São Paulo e tivemos, parcialmente, resgatado o direito do aluno à educação, uma vez que ofereceram o correto entendimento de que a escola incorrera no descumprimento de legislação vigente e em irregularidades.
Apenas parcialmente o direito do meu filho foi atendido e os males à sua auto-estima, os danos morais a ele e à mim impostos etc. não foram e nem serão compensados ou resgatados.
Segundo a Lei nº. 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Base da Educação), a educação com cuidado especial ao aluno com necessidade específica é regra obrigatória, o que se pode aplicar como princípio de inclusão, que precisa sair do papel e ser encampada pela sociedade e fundamentalmente pelas escolas que é o lugar de formação de cidadãos honestos, competentes, críticos, éticos e bem sucedidos.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Como saber se a criança é hiperativa?



A hiperatividade está relacionada aos movimentos



Quem não tem um filho, sobrinho, afilhado ou até mesmo vizinho que não para quieto? A hiperatividade na criança está relacionada à motricidade, aos movimentos. Ou seja, é a criança agitada, que não consegue parar quieta, como diz o ditado, com o bicho carpinteiro. Esses se machucam com mais frequência, sofrem mais acidentes por serem intempestivas, não tem paciência, interrompem e se intrometem nas conversas.

     É a partir do momento em que ela vai à escola que o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade fica mais evidente. A criança não consegue acompanhar a turma, tem dificuldade de prestar atenção no professor, em realizar as tarefas. Muitos não são bem quistos pelos colegas de turma e tem dificuldade de relacionamento.

Fique atento aos sintomas:

– agitação (esfregar mãos ou pés, contorcer-se na cadeira, balançar objetos…);

– distrair-se facilmente com outros estímulos;

– dificuldade em permanecer sentado;

– realizar com frequência atividades perigosas sem pensar nas consequências;

– parece não escutar o que é dito;

– perder materiais necessários para as tarefas ou atividades;

– dificuldade em brincar tranquilo, com uma coisa apenas;

– deixar uma tarefa incompleta para realizar outra;

– problema em manter-se atento às atividades lúdicas;

– não aguenta esperar a sua vez em algum jogo ou tarefa em grupo.



Caso você precise de uma equipe interdisciplinar, entre em contato com o Centro Psicopedagógico Apoio. Nós atuamos com excelência na prevenção das dificuldades de aprendizagem, a partir de um enfoque transdiciplinar. Realizamos atendimento psicológico, psicopedagógico, psicanalítico e fonoaudiológico.

e-mail : contato@centropsicopedagogicoapoio.com.br
Por Anne Mascarenhas

Jornalista

http://www.centropsicopedagogicoapoio.com.br/como-saber-se-a-crianca-e-hiperativa/

domingo, 13 de março de 2016

Preconceito.









QUALQUER UM PODE FALAR QUE NÃO É PRECONCEITUOSO. MAS É O QUE VOCÊ FAZ QUE DIZ QUEM VOCÊ É

O sol brilha no playground infantil enquanto três crianças brincam juntas. Elas dividem com sincera alegria o escorregador, o balanço e a inocência da infância. São felizes porque têm a mesma idade, frequentam a mesma escola e compartilham as mesmas brincadeiras.

Lucas é um garoto esperto e brincalhão. Ana é enérgica e sincera. Gabriel, tímido e observador. Os três brincam juntos todos os dias no recreio do colégio.

Um dia, Lucas chega em casa e seu pai está bravo porque bateram no carro dele: “Só podia ser mulher! Mulher é muito burra. Toda mulher é barbeira, não sabe dirigir!”

Nesse mesmo dia, Ana passeia com sua mãe no shopping e elas veem uma mulher obesa tomando sorvete. “Tá vendo, filha! Não pode comer doce todo dia, senão você ficará uma baleia como aquela moça.”

Na casa de Gabriel, ele ouve atentamente seus pais conversarem. A mãe suspeita que a faxineira vem furtando comida da despensa. “Demita a mulher”, diz o pai de Gabriel. “Não confio em pretos. Vê se agora arruma uma faxineira branca.”

Há uma passagem do livro “O Sol é Para Todos”, de Harper Lee, que ilustra o preconceito seletivo de algumas pessoas. A menina Scout ficou incomodada com algo que nenhum adulto pôde lhe explicar: por que, para a sociedade americana do Sul dos Estados Unidos, na década de 1930, era errado Hitler perseguir os judeus enquanto era normal o racismo contra os negros? “A perseguição acontece em países onde há preconceito”, explicou a professora, na escola, em relação à ditadura que ocorria na Alemanha. Entretanto, essa mesma professora achava um absurdo brancos se casarem com negros.

Lucas é negro. Ana é menina. Gabriel é gordinho.

Quando se encontram novamente no playground, tudo continua igual: o sol brilha no céu, o escorregador e o balanço permanecem no mesmo lugar. Porém, em seus corações de criança, há o peso das palavras carregadas de ódio de seus pais. Lucas, que sempre achou Ana diferente das outras meninas porque ela sobe nas árvores com ele, lembrou-se de quando seu pai lhe disse que toda mulher é burra. Ana, que sempre gostou quando Gabriel traz balas na lancheira, queria dizer-lhe que ele ficará uma baleia se não parar de comer doces. Gabriel, que gosta das brincadeiras malucas que o Lucas inventa, ficou desconfiado porque seu pai falou que não se pode confiar em negros.

Hoje eles brincam ressabiados. Um olha para o outro com sentimentos divididos entre a ternura natural e o preconceito adquirido. O sol, até então sempre cálido e vivo, agora está sobre a sombra da ignorância.

Os sentimentos que cercam essas crianças não vieram delas. São os adultos que deveriam lhes ensinar o que é empatia, respeito ao próximo e tolerância. Entretanto, nossa sociedade ainda está atrasada no que se refere ao amadurecimento e acolhimento das diferenças. Ainda nos deparamos com pessoas que são seletivas em seus preconceitos.

Talvez essa seletividade seja a escuridão de quem não reconhece que somos seres humanos apesar de nossas diferenças e não entende que, mesmo diferentes, somos todos iguais.

Para o sol brilhar para todos, é preciso ter coragem de admitir que o preconceito que eu sofri não justifica o meu próprio preconceito. Como escreveu Harper Lee, “coragem é fazer uma coisa mesmo estando derrotado antes de começar, e mesmo assim ir até o fim, apesar de tudo”.



http://www.revistabula.com/6142-qualquer-um-pode-falar-que-nao-e-preconceituoso-mas-e-o-que-voce-faz-que-diz-quem-voce-e/

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

TDAH: Mitos e suas consequências.






O Conhecimento acerca do TDAH tem sido cercado de idéias falsas, desprovidas de embasamento científico.

A Ciência, na sua busca pelo conhecimento da natureza, faz exigência de alguns critérios e usa de rigor para assegurar que um determinado acontecimento é uma verdade científica.

Importante lembrar que, diante de um fato isolado observado, não devemos apressadamente inferir que o fato antecedente gerou o fato posterior até que várias repetições do fenômeno em circunstâncias idênticas tenham se repetido, e que se possa estabelecer um vínculo lógico entre os acontecimentos em jogo. Outra exigência da Ciência é que, sempre que possível, o fenômeno possa ser repetido empíricamente.

Vamos examinar em seguida algumas falsas crenças que as pessoas têm mantido em relação ao TDAH.

Mito 1

“O TDAH é um distúrbio fantasma, não existe. Na verdade criaram uma boa desculpa para pais e professores justificarem suas dificuldades de educar e de colocar limites a certas crianças mais difíceis que as outras.”

Resposta: O transtorno tem sido descrito tanto na cultura ocidental quanto na oriental. Os estudos com gêmeos e com crianças adotadas mostram que o papel predominante é do fator hereditário, cabendo ao ambiente uma participação menos expressiva na gênese do problema.

Veja a carta assinada por 80 profissionais experientes sustentando que o TDAH é um transtorno legítimo.

Mito 2

“As crianças com TDAH não são diferentes das demais. Nenhuma criança consegue ficar quieta ou prestar atenção por muito tempo seguido.”

Resposta: É verdade que as capacidades de controle da atividade motora, dos impulsos e da capacidade vão se desenvolvendo no período da infância.

A diferença entre uma criança com TDAH e outra talvez não possa ser bem percebida na hora do recreio da escola, quando é de se esperar que todas as crianças estejam correndo, pulando ou gritando. Porém, ao soar a campainha do fim do recreio, quando todos retornam à sala de aula, aí podemos observar que uma determinada criança sistematicamente não consegue parar, e nas aulas é frequentemente incapaz de sustentar a atenção, desviando a sua atenção para outros estímulos com maior facilidade do que as demais.

A diferença é quantitativa e não qualitativa. Quer dizer, tudo que uma criança com TDAH mostra no seu comportamento as demais também apresentam, só que naquela que tem TDAH isto aparece de uma forma mais intensa, freqeente e trazendo inúmeros prejuízos em todas as esferas de sua vida, escolar, familar e social.

Mito 3

“O TDAH é um transtorno muito mais freqüente no sexo masculino.”

Resposta: Durante muitos anos o componente da hiperatividade foi considerado o fato mais importante nesse transtorno e, como os meninos costumam apresentar mais hiperatividade que as meninas, acreditou-se que esse problema seria bem mais comum no sexo masculino.

Em 1980 (DSM-III) a denominação utilizada passou a ser Distúrbio do Déficit de Atenção. Com essa mudança as dificuldades de atenção destronaram a hiperatividade. O que ficou evidente é que nas meninas o tipo clínico que cursa sem hiperatividade (Tipo Predominantemente Desatento) é mais comum. Por essa razão, por ser menos ruidoso, esse tipo pode passar mais tempo sem ser identificado, ou ser facilmente confundido com outras condições, como depressão, deficiência intelectual leve, problemas psicológicos, etc.

Mito 4

“Os sintomas de TDAH geralmente desaparecem espontaneamente no final da adolescência.”

Resposta: Era exatamente isso que se pensava enquanto o fator hiperatividade era o mais importante no quadro clínico, pois existe uma tendência da hiperatividade declinar com o passar dos anos, ao passo que os sintomas de desatenção tendem a persistir.

Na verdade nem sempre a hiperatividade desaparece, ela apenas evolui de acordo com a idade. Por exemplo, uma criança hiperativa pula sem parar, trepa nos armários da casa, corre de um lado para outro. Quando essa mesma pessoa chega à idade adulta não é de se esperar que ela continue com o mesmo comportamento, mas podemos ver que ela está sempre andando de um lado para outro, faz tudo como se estivesse com muita pressa, não consegue deixar as mãos paradas, assume inúmeras tarefas simultaneamente, sem conseguir finalizar a maioria delas, tem dificuldade de planejamento, seguir metas e de se organizar de uma maneira geral.

Mito 5

“Se uma criança com TDAH consegue fazer com muita atenção uma atividade do seu interesse (videogame, por exemplo) e não consegue fazer os deveres escolares, a razão para isso parece ser uma falta de vontade ou motivação.”

Resposta: Na verdade o termo “déficit de atenção” não descreve fielmente o que ocorre e provavelmente será substituído no futuro, pois o que ocorre com essas pessoas é uma inconstância ou má-regulação da atenção. Existe um prejuízo na capacidade de a pessoa dirigir sua própria atenção, ou seja, uma dificuldade na atenção voluntária.

Muitas dizem que tentam se esforçam para ler, estudar, mas não conseguem. É claro que depois de algum tempo essas pessoas vão de antemão evitar ou desistir antes mesmo de iniciarem essas tarefas tão penosas para elas.

Na verdade a criança com TDAH costuma, em alguns casos, concentrar-se com maior facilidade em atividades mais dinâmicas, mais motivantes, lúdicas e pouco repetitivas. A isso costuma-se chamar de Hiperfoco.

Mito 6

“Os medicamentos usados no tratamento do TDAH provocam efeitos colaterais sérios e podem causar dependência.”

Resposta: A maioria dos especialistas com experiência no acompanhamento de pessoas com o transtorno, afirmam que os medicamentos utilizados para o tratamento do TDAH são eficazes e seguros. É evidente que qualquer medicamento pode produzir efeitos adversos, e os medicamentos para o TDAH não fogem a essa regra. Devem ser administrados por profissional com experiência no seu manejo.

Mito 7

“O uso de medicação para tratar o TDAH pode predispor a criança se tornar um dependente de outras drogas no futuro.”

Resposta: Estudos já foram realizados acompanhando as crianças que tinham feito uso de medicamentos para TDAH, e comparando esse primeiro grupo com outro grupo de crianças que, por qualquer razão, não tinham feito tratamento para TDAH. O resultado é que a ocorrência de abuso de drogas na juventude revelou-se maior ou idêntico no grupo não tratado para TDAH, o que mostra que o tratamento medicamentoso, na verdade, não é capaz de induzir ao abuso de drogas.

Mito 8

“Apresentar TDAH na infância traz poucas conseqüências para a vida da pessoa e por isso não se justifica um tratamento nessa idade.”

Resposta: Alguns casos de TDAH menos intensos, quando acompanhados de alto nível intelectual e ambiente familiar bem estruturado (fatores de resiliência ou proteção), podem passar pela vida sem que o transtorno cause grandes prejuízos na sua qualidade de vida.

Todavia, na maior parte dos casos, o TDAH compromete seguramente a qualidade de vida da pessoa, e sem dúvida, isto significa que ela seria capaz de desenvolver melhor o seu potencial se tivesse em tratamento para TDAH.

Prejuízos na auto estima, rendimento escolar e profissional abaixo da real capacidade, conflitos com colegas e cônjuges, maior comorbidade com outras doenças, como depressão, ansiedade, dentre outras, maior tendência maior a ter múltiplos casamentos, gestações indesejadas, abuso de álcool e drogas, são algumas das possíveis conseqüências que a falta do tratamento do TDAH traz para a vida das pessoas.

Sam Goldstein, experiente psicólogo norte-americano, afirma que “o risco de não tratar é certamente maior que o risco do tratamento”.

Mito 9

“TDAH e Hiperatividade são sinônimos. Todas as crianças com TDAH são hiperativas.”

Resposta: Os sintomas de Hiperatividade só estão presentes no tipo combinado e predominantemente hiperativo. No tipo predominantemente desatento não está presente o sintoma de hiperatividade.

Mito 10

“Uma vez diagnosticada como TDAH, a criança tem uma boa desculpa para seu rendimento escolar prejudicado.”

Resposta: Nem sempre o diagnóstico de TDAH responde por todas as questões referentes ao rendimento escolar prejudicado. Transtornos de aprendizagem como dislexia, discalculia, disortografia, má qualidade de ensino, didática equivocada, métodos de ensino obsoletos e falta de recursos pedagógicos podem explicar alguns casos que não necessariamente estão associados ao TDAH.

O TDAH é um transtorno da atenção. Uma vez que a atenção e concentração são condições necessárias para todo e qualquer processo de aprendizagem, o TDAH interfere no desempenho acadêmico e escolar global.

Mito 11

“Um tratamento à base apenas de medicamentos pode resolver satisfatoriamente quase todos os casos de TDAH.”

Resposta: O tratamento do TDAH está baseado em um tripé de ações: Psicoeducação (informação sobre o transtorno), Psicoterapia (nos casos em que há prejuízo psicológico) e Medicação.

Em todos os casos, a psicoeducação é elemento fundamental e prioritário para o tratamento do TDAH.

Fonte: Artigos do Dr. Sergio Bourbon (adaptado)






http://www.tdah.org.br/br/artigos/textos/item/303-mitos-sobre-o-tdah-e-suas-consequencias.html