O autismo, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), é caracterizado por dificuldades na comunicação, interação social e comportamento repetitivo, e pode causar desafios em diversas áreas da vida, como na escola, no trabalho e em casa.
Dificuldades na comunicação:
70% dos autistas apresentam outros distúrbios associados ao TEA
Em outros textos, já discutimos que há dois fatores que precisam estar obrigatoriamente presente para confirmar que uma pessoa tem autismo. Os chamados “critérios diagnósticos” são a presença de prejuízos na comunicação e na interação social, e a existência de comportamentos repetitivos e restritivos. Cada pessoa com TEA vai manifestar estes dois elementos em diferentes níveis de intensidade, o que vai definir onde ela está no espectro autista. Mas o autismo não é um distúrbio que ocorre de forma isolada, e é aí que entram as comorbidades.
Comorbidade é um termo médico que descreve outras condições que podem se manifestar junto ao transtorno do espectro autista. Elas estão presentes em cerca de 70% dos indivíduos com TEA, sendo que 48% deles podem ter mais de uma comorbidade. Estas condições associadas podem ser psiquiátricas, como TDAH, ou médicas, como distúrbios do sono. Abaixo, detalhamos algumas das comorbidades mais comuns entre as pessoas com autismo:
Cerca de 40% das pessoas com TEA apresentam Inteligência abaixo da média
Deficiência Intelectual | Popularmente chamada de “inteligência abaixo da média”, é um transtorno do desenvolvimento que provoca déficits nas capacidades mentais genéricas e prejuízos na função adaptativa diária. Antigamente, acreditava-se que todo autista tinha deficiência intelectual, e foram as pesquisas de Michael Rutter que mudaram esta visão. As causas podem ser múltiplas e o diagnóstico é confirmado por uma avaliação feita por especialistas junto com testes para medir as funções adaptativas e intelectuais.
Déficits na linguagem | Todos os autistas têm algum nível de limitação na comunicação, como não compreender expressões faciais. Mas um grupo significativo de pessoas com TEA apresentam um quadro mais grave: mais da metade dos autistas desenvolve algum problema com a fala e 25% são não-verbais. Ou seja, é muito comum que uma pessoa com TEA tenha limitações na fala por causa de dificuldades em compreender ou desenvolver vocabulário e estrutura gramatical. Esses déficits linguísticos ficam evidentes na comunicação falada, escrita ou mesmo na linguagem de sinais. Em geral, as primeiras palavras e expressões da criança autista surgem com atraso, o tamanho do vocabulário é menor e menos variado do que o esperado. As frases são mais curtas e menos complexas, com erros gramaticais, em especial as que descrevem o passado. Essa dificuldade na fala acaba interferindo de forma significativa no sucesso acadêmico, no desempenho profissional, na comunicação eficaz e na socialização.