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domingo, 13 de dezembro de 2009

O preço do esquecimento

- Logo que terminei a faculdade de direito fui fazer a prova da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para obter o registro profissional. Fui muito bem na primeira fase das provas e fiquei em segundo lugar, com chances de ficar em primeiro no cômputo geral. Só que eu simplesmente me esqueci da segunda fase da prova e não fui fazer o exame. Não preciso dizer que isso atrasou toda a minha vida, já que tive que fazer a prova no ano seguinte - relembra outro advogado, Jeremias Chaves, que teve o diagnóstico realizado há 4 anos e hoje já consegue conviver melhor com o problema.

-Nunca consegui me lembrar de nada e já perdi compromissos importantes por causa do TDAH. Na época eu não sabia que tinha a doença. Familiares e amigos viviam dizendo que eu era uma desorganizada e que não conseguia ordenar minhas coisas. Tanto falaram que eu "tinha que ter uma agenda e escrever todos os meus compromissos para não esquecer" que acabei jogando a toalha e comprei uma - conta a administradora Raquel Siqueira, para logo em seguida finalizar, entre irônica e resignada - Mas aí eu me esquecia de olhar na agenda os meus compromissos.

Segundo Paulo Mattos, médico psiquiatra e também um dos fundadores da ABDA, o esquecimento com freqüência é a principal queixa de pacientes adultos com TDAH:

- Apesar da desatenção ser o núcleo do transtorno (e inclusive dando nome a enfermidade), ela com freqüência não é a queixa principal, que tende a ser o esquecimento de inúmeras coisas na vida cotidiana. A memória depende do perfeito funcionamento da atenção para que os processos de aquisição, armazenamento e recuperação de material possa ocorrer. Surpreendentemente, alguns adultos com TDAH têm memória excelente, apesar de apresentarem todos os demais sintomas do transtorno, como desatenção, desorganização, impulsividade, intolerância a contextos monótonos e repetitivos e falta de planejamento - esclarece Paulo Mattos.


Impulsividade é um sintoma freqüente

Quando desconhecido e não controlado, o TDAH pode ser um inimigo perigoso. Um dos sintomas mais freqüentes da doença, sobretudo nos homens, é a impulsividade, que nem sempre é bem vista nos sóbrios e controlados escritórios onde vigoram as impiedosas regras estabelecidas pelos gerentes de recursos humanos. Um ato impensado pode representar a diferença entre ganhar a tão sonhada promoção ou ir para a temida zona de fritura - aquela em que a pessoa se sente um pária dentro da empresa e vê suas atribuições e responsabilidades diminuindo gradativamente, até que recebe o bilhete azul ou toma ela mesma a iniciativa de pedir demissão.

O executivo Cláudio Linhares, que a vida inteira foi conhecido entre os amigos e familiares como uma pessoa de pavio-curto, conta que já passou por uma situação bastante embaraçosa no início da carreira, ainda antes de saber que era portador do TDAH. Recém saído da universidade e pouco afeito aos salamaleques da diplomacia dos grandes escritórios, ele estava passando por um programa de avaliação periódica, no qual o funcionário era sabatinado a cada quanto por seus superiores e recebia o resultado do seu desempenho no período, que poderia vir acompanhado tanto de uma promoção quanto de uma dura reprimenda. Ciente de que havia realizado um bom trabalho, para ele a promoção que receberia não era mais do que merecida. E não fez a menor questão de disfarçar isso:

- Os meus três chefes que estavam responsáveis pela minha avaliação me chamaram para uma reunião, me comunicaram que estavam muito felizes com o meu trabalho e que decidiram me promover. Me promoveriam a um nível acima na hierarquia da empresa. Naturalmente esperavam que eu demonstrasse estar muito contente com o "presente" que estavam me dando.

Pois a reação de Cláudio nada teve da previsível gratidão esperada pelos três inquisidores que estavam à sua frente. Exibindo um ar de arrogante indiferença, ele comentou que achava a promoção que lhe foi proposta não somente merecida, como também insuficiente.

- Sem pensar muito, aliás, sem nem pensar nada, eu disse que achava que meu desempenho havia sido superior a gratificação que eles estavam me dando, e que deveriam me promover dois níveis de uma única vez, ao invés de um. O constrangimento foi geral. E então eles me explicaram, tentando manter um tom cordial apesar de estarem visivelmente contrariados, que isso não poderia ser feito, pois deveria ser seguida a ordem hierárquica do escritório.


Arrependimento

Pacientes, ainda que nada satisfeitos, os chefes falaram que, se fossem excessivamente generosos com um único funcionário, isso poderia criar um clima desagradável com os outros companheiros de trabalho e as reclamações e ciumeiras seriam inevitáveis. Não satisfeito em ter criado toda essa saia-justa, Cláudio ainda arrematou em grande estilo:

- Eu disse que isso não era problema meu e que não seria justo que eu fosse penalizado por questões burocráticas se o meu desempenho me qualificava para o posto - o que só serviu para que os superiores passassem, de constrangidos e perplexos, a irritados com o que foi interpretado como uma grande demonstração de ingratidão.

- A situação foi toda muito desagradável. Agora eu sei que se tivesse me controlado poderia ter obtido um resultado muito melhor nesse episódio da promoção. Me arrependo da minha atitude, mas ainda hoje penso que não estava errado na minha reclamação, apenas aquela não era a maneira mais indicada para me expressar - completa Cláudio, dizendo que atualmente já consegue domar sua impulsividade no ambiente de trabalho. Ele afirma que o tratamento médico e os medicamentos foram fundamentais para que conseguisse controlar a enfermidade e evitar novos problemas no escritório.


http://www.tdah.org.br/

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